Sem remédios! Hábitos saudáveis fortalecem o cérebro depois dos 60

Wait 5 sec.

Os hábitos diários podem ser decisivos para ter um cérebro saudável na terceira idade. Um estudo norte-americano mostrou que mudanças no estilo de vida podem evitar o declínio cognitivo em adultos com mais de 60 anos sem a necessidade do uso de medicamentos.Os benefícios são vistos mesmo em pessoas com alto risco de desenvolver Alzheimer, segundo estudo publicado na segunda-feira (28/7), no The Journal of The American Medical Association (JAMA). Os resultados foram apresentados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC, na sigla em inglês), no Canadá.“Identificar novas intervenções para retardar e prevenir o declínio cognitivo associado à demência é fundamental. Intervenções não farmacológicas que visam fatores de risco modificáveis são abordagens promissoras, de custo relativamente baixo, acessíveis e seguras”, escreveram os autores no artigo. Leia também Saúde Perda auditiva pode aumentar risco de declínio cognitivo, diz estudo Saúde Quando o declínio cognitivo começa? Estudo revela idade-chave Saúde Saiba quantas palavras cruzadas fazer para evitar declínio cognitivo Claudia Meireles Ciência revela um alimento que pode prevenir o declínio cognitivo O que é demência?Demência é um conjunto de sinais e sintomas, incluindo esquecimentos frequentes, repetição de perguntas, perda de compromissos ou dificuldade em lembrar nomes.Atualmente, o SUS oferece diagnóstico e tratamento multidisciplinar para pessoas com demência, incluindo Alzheimer, em centros de referência e unidades básicas de saúde.O diagnóstico precoce permite ações terapêuticas que podem retardar sintomas, aliviar a carga familiar e melhorar a qualidade de vida.Dados do Ministério da Saúde mostram que até 45% dos casos de demência podem ser prevenidos ou retardados. Mudanças em três pilaresO estudo contou com mais de 2,1 mil voluntários, com idades entre 60 e 79 anos, espalhados por cinco centros acadêmicos nos Estados Unidos. Para estarem elegíveis e participar da pesquisa, os indivíduos precisavam apresentar fatores de risco para declínio cognitivo, como estilo de vida sedentário, alimentação pobre em nutrientes, problemas cardíacos e metabólicos e histórico familiar de perda de memória.Durante dois anos, os participantes foram incentivados a adotar hábitos saudáveis em três frentes principais: rotina alimentar saudável, exercícios físicos regulares e treinamentos cognitivos diários.Os voluntários adotaram uma alimentação combinada com duas dietas famosas: a MIND e a DASH. A primeira é voltada para a saúde cerebral, priorizando vegetais, frutas vermelhas, grãos integrais, azeite de oliva, peixes e nozes, além de limitar o consumo de carnes vermelhas e processadas, queijos e doces. Já a DASH é um plano alimentar focado em reduzir a pressão arterial e promover a saúde em geral.8 imagensFechar modal.1 de 8Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomasPM Images/ Getty Images2 de 8Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista Andrew Brookes/ Getty Images3 de 8Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoceWestend61/ Getty Images4 de 8Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do anourbazon/ Getty Images5 de 8Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doençaOsakaWayne Studios/ Getty Images6 de 8Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comunsKobus Louw/ Getty Images7 de 8Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doençaRossella De Berti/ Getty Images8 de 8O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vidaTowfiqu Barbhuiya / EyeEm/ Getty ImagesDurante os dois anos, os voluntários também foram incentivados a realizar exercícios aeróbicos, treinos de resistência muscular e alongamentos. Os participantes também utilizaram o programa BrainHQ, que propõe desafios mentais diários para estimular memória, atenção, linguagem e raciocínio, além de outras atividades intelectuais e sociais.Os participantes foram divididos em dois grupos. Um deles passou por 38 encontros presenciais com especialistas e o outro foi autodirigido, participando apenas de seis reuniões presenciais, com maior liberdade para adaptar as recomendações.Resultados significativos sem medicamentosAo final da pesquisa, 89% dos participantes completaram o programa. Os pesquisadores observaram um aumento estatisticamente significativo nas pontuações cognitivas globais compostas – índice que avalia múltiplas funções cerebrais, como memória, atenção, linguagem e função executiva.Os benefícios foram mais evidentes no grupo que passou pelas 38 consultas presenciais. Outro ponto chamou atenção dos pesquisadores: os ganhos na saúde cerebral foram alcançados sem nenhum auxílio farmacológico.“A próxima geração de tratamentos para doenças como o Alzheimer provavelmente integrará estratégias medicamentosas e não medicamentosas”, considera a autora do estudo, Heather Snyder, pesquisadora da Alzheimer’s Association, em comunicado à imprensa.Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!