O governo americano tem ampliado a ofensiva aos países da América Latina, numa tentativa de frear a aproximação da região com a China.O secretário de Estado americano, Marco Rubio, criticou nesta terça-feira (29) o processo judicial contra o ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe — de direita — condenado por suborno e fraude.Rubio acusou magistrados que chamou de “radicais” de usar o Judiciário como uma arma política, afirmando que a decisão abre um precedente preocupante.Crítica parecida à feita por Donald Trump ao Supremo brasileiro, responsável por julgar a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.Já o presidente colombiano, Gustavo Petro, acusou o secretário de Estado americano de se intrometer na soberania do país.Rubio também fez críticas ao vizinho da Colômbia, a Venezuela.Numa publicação oficial da chancelaria americana, disse que Nicolás Maduro não é o presidente legítimo do país e acusou o socialista de ser integrante de um cartel que atua na exportação de cocaína aos Estados Unidos e à Europa.A agência americana de repressão a drogas ofereceu US$ 25 milhões a quem contribuir com informações que levem à prisão de Maduro.A tensão entre os líderes da América Latina e a Casa Branca tem como pano de fundo o avanço da presença chinesa na região. Sob Donald Trump, Washington tem pressionado os parceiros regionais a abandonar projetos estratégicos com Pequim. Inclusive com ameaças militares, como no caso do canal do Panamá.A postura intimidatória capitaneada por Marco Rubio contrasta com a visão defendida pelo próprio secretário de Estado enquanto ele ocupava o senado americano.Em 2022, Rubio apresentou uma lei para combater a influência chinesa fortalecendo os laços comerciais com as nações vizinhas. O texto também previa iniciativas de cooperação militar e contra o narcotráfico.Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a doutrina trumpista e afirmou que a postura americana afasta ainda mais os aliados de Washington.“Eu fui designado pelo presidente Lula, durante os dois anos do governo Biden, durante os dois últimos anos, para estreitar as relações com os EUA. Eu tive inúmeras conversas com a secretária (do Tesouro Janet) Yellen, buscando parcerias com os EUA, sob alegação de que eles estavam perdendo terreno na América do Sul”, disse Haddad.