O Comitê de Política Monetária (Copom) deu uma “pitada hawkish” no comunicado da reunião desta quarta-feira (30), quando consolidou o fim do aperto monetário, disse o chefe de política monetária do Santander, Marco Antonio Caruso. Os diretores do Banco Central (BC) mantiveram os juros estáveis em 15%.Caruso afirmou, em entrevista ao Money Times, que, ao mencionar a “continuação na interrupção no ciclo de alta de juros”, o Comitê elevou o tom. Além disso, ele destaca que o trecho que fala sobre a retomada do ciclo de ajuste reforça o viés mais agressivo.“É como se o Copom estivesse com o dedo no gatilho, caso precise subir”, afirmou.GIRO DO MERCADO: Copom decide os rumos da Selic e isso pode mexer com seus investimentos – acompanhe em edição especial do programa de hojeO desempenho da atividade econômica “conforme esperado” e o dinamismo do mercado de trabalho também reforçam essa postura. “O mercado de trabalho segue sendo o contraponto para a desaceleração da atividade”, disse.Ele destaca, no entanto, que há um contraponto dovish no comunicado, ao falar das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Os diretores afirmaram estar acompanhando, com atenção, os anúncios referentes à imposição de taxas comerciais e citaram o cenário externo mais adverso e incerto.Segundo Caruso, o Copom não indica para qual lado essa incerteza pode pender. O economista explica que, apesar dos riscos da medida, existe um cenário de uma perda de demanda para o importador americano e maior oferta no Brasil. Isso derrubaria os preços, resultando em uma desinflação.Cortes na Selic ficam para 2026O Santander projeta que o Copom inicie os cortes de juros em janeiro de 2025, com quatro reduções de 0,50 ponto percentual ao longo do ano.Caruso vê que o espaço para o afrouxamento monetário se dará por uma inflação em desaceleração e uma atividade econômica que perde fôlego de forma gradual.Segundo ele, o pico inflacionário já ficou para trás, e o índice de preços deve recuar nos próximos trimestres. A estimativa do banco é de uma inflação ao redor de 5% em 2025, com desaceleração para cerca de 4,5% em 2026, aproximando-se da meta.No lado da atividade econômica, o Santander projeta uma desaceleração leve no segundo semestre deste ano, com crescimento ligeiramente acima de zero — o que, por ora, não justificaria um corte antecipado da Selic ainda em 2024. “Para que o Copom agisse antes, seria necessário um recuo muito mais abrupto da atividade”, diz.