A Organização das Nações Unidas cobrou do governo brasileiro um posicionamento formal sobre as condições de hospedagem da COP30, marcada para novembro, em Belém do Pará. A pressão veio após uma reunião de emergência realizada nesta semana em Bonn, na Alemanha, onde representantes de países africanos relataram que não conseguirão participar da conferência climática por falta de hospedagem com preço acessível. Segundo relatos, hotéis e casas alugadas estão cobrando valores até cinco vezes acima da diária máxima permitida para delegações da ONU, que é de 149 dólares. Há registros de preços chegando a 700 dólares por noite, valor incompatível com a presença de países em desenvolvimento. A ONU deu ao Brasil o prazo de até 11 de agosto para apresentar um plano de ação que garanta hospedagem acessível e segura a todas as delegações. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty e do Ministério do Turismo, afirma já ter mapeado mais de 30 mil acomodações, superando a exigência mínima de 20 mil. O plano inclui desde hotéis até o uso de navios-cruzeiro atracados em Belém, com capacidade para cerca de seis mil pessoas, além de residências adaptadas e alojamentos escolares. A proposta também prevê que os preços para delegações de países mais vulneráveis fiquem entre 100 e 220 dólares por dia, com apoio logístico. Apesar disso, especialistas alertam que o número total de leitos disponíveis ainda pode ser insuficiente para a demanda esperada, que deve superar 45 mil pessoas, somando delegações, imprensa, sociedade civil e lideranças indígenas. O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, reconheceu publicamente que os preços cobrados na cidade são “constrangedores” e defendeu mais transparência e responsabilidade dos envolvidos na organização local. Segundo ele, a realização do evento na Amazônia é simbólica e deve deixar um legado para a população, e não apenas gerar lucro imediato. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp A polêmica sobre hospedagem expõe uma fragilidade estrutural na realização da conferência em uma capital que ainda enfrenta carências em infraestrutura, mobilidade e rede hoteleira. Embora a escolha de Belém tenha sido estratégica — por seu valor simbólico na luta climática —, há denúncias de especulação imobiliária e aumento abusivo de preços, inclusive por plataformas de aluguel de curta temporada. A situação já preocupa ONGs, coletivos sociais e representantes de países africanos, asiáticos e da América Latina, que podem ter sua participação comprometida por falta de recursos. A COP30 será a maior conferência climática já realizada no Brasil e um marco global nas discussões sobre financiamento climático, justiça ambiental e perdas e danos. A presença dos países mais afetados pela crise climática é fundamental. Sem um plano sólido de logística e acolhimento, o Brasil corre o risco de frustrar as expectativas da comunidade internacional e comprometer o princípio de inclusão que deveria guiar as negociações. A menos de cinco meses do início do evento, a cobrança da ONU é clara: o país precisa agir rápido para garantir que todos tenham lugar à mesa. Leia também Trump quer revogar base legal que limita emissões de gases RJ: pescadores retiram 46 toneladas de lixo das Baías de Guanabara e Sepetiba