Como investir com a taxa Selic a 15% ao ano?

Wait 5 sec.

Taxa Selic. Foto: iStockCom a taxa Selic mantida em 15%, o mais alto patamar em duas décadas, muitos investidores se perguntam: como adaptar suas estratégias de investimento neste cenário? Especialistas sugerem que, apesar da elevação dos juros, existem diversas oportunidades, tanto na renda fixa quanto na renda variável.A renda fixa pós-fixada, que se beneficia diretamente da alta da Selic, é uma opção interessante, mas quais outros ativos de renda fixa devem entrar no radar dos investidores em um ambiente de juros elevados? Além disso, a bolsa de valores continua a ser uma opção atrativa mesmo com a Selic a 15%? Abaixo, especialistas compartilham suas percepções sobre o assunto.Eduardo Araújo, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, aponta que “a melhor opção de investimento acaba sendo os pós-fixados” neste momento. Ele destaca que esses ativos oferecem “vantagens muito particulares” em um cenário de alta volatilidade, já que “a volatilidade é muito baixa“. Para aqueles dispostos a assumir um pouco mais de risco, ele sugere considerar “opções pré-fixadas, que agora têm rentabilidades inferiores à taxa de juros”.Referindo-se ao perfil do investidor, ele afirma que “no curto prazo, o ideal é optar por pós-fixados; para o médio prazo, pré-fixados; e, para o longo prazo, inflação mais”.Não é só renda fixa: a bolsa de valores possui muitos ativos descontados e com alta rentabilidadePor outro lado, mesmo com a Selic em alta, a bolsa de valores continua apresentando oportunidades. Segundo Araújo, “a bolsa ainda sim mantém a atratividade”, principalmente devido a “ativos de risco muito baratos”. Ele observa que muitas empresas estão reportando “recordes de arrecadação”, o que não se reflete automaticamente nos preços das ações no mercado. Para investidores com visão de longo prazo, há potencial de valorização quando o cenário econômico se ajusta.Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital, concorda que a bolsa deve ser vista como uma forma de diversificação. Ela comenta que “momentos de juros elevados causam distorções nos preços dos ativos, criando oportunidades para o investidor de longo prazo”. Bergamo ainda destaca que, em ambientes de juros altos, empresas pagadoras de dividendos se tornam atrativas, uma vez que “muitos papéis passam a entregar retornos recorrentes e previsíveis”. Ela sugere que “ETFs de dividendos ou de setores mais defensivos, como energia e saneamento, são bem atrativos” e menciona a importância da diversificação internacional por meio de “BDRs e ETFs globais“.Os fiagros pagam dividendos robustos com a Selic em altaOs fundos do tipo Fiagro podem se beneficiar com o aumento da taxa Selic em patamares de dois dígitos. Essa elevação das taxas de juros pode resultar em dividendos mais robustos para os investidores.A explicação para isso reside no fato de que muitos Fiagros detêm ativos de crédito do agronegócio, como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). Muitos desses ativos são atrelados ao CDI. Por isso, com a alta na Selic, os juros desses investimentos também crescem, traduzindo-se em maior rentabilidade para os investidores. Fundos como AAZQ11, OIAG11 e SNAG11 pagam rendimentos isentos de imposto de renda, bem acima do CDI. De igual modo, os fundos imobiliários de papel, que investem em CRIs, podem oferecer ganhos interessantes, principalmente aqueles com ativos indexados ao CDI. Fundos de crédito privado e de debêntures se beneficiam do sucesso da renda fixaAndressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital, também vê viabilidade em investir em renda fixa privada, como debêntures, CRIs, CRAs e fundos de renda fixa com ativos privados, que oferecem prêmios acima do CDI e ainda contam com isenção de imposto.Os fundos de crédito privado alocam recursos em títulos de dívida emitidos por instituições financeiras, empresas e securitizadoras.Muitos investem justamente em debêntures incentivadas, CRIs, CRAs e outros ativos. Esses papéis podem ser indexados ao CDI ou à inflação, com uma rentabilidade extra atrelada ao risco de crédito de cada operação.Alguns fundos se destacam no quesito rentabilidade para seu investidor. “Como uma boa parte dos títulos é indexada ao CDI, e estamos vivendo um cenário de juros reais ex-post elevados, o retorno nominal dos títulos de crédito privado fica mais atrativo”, destaca a AZ Quest em relatório.A gestora também conta com mais de cinco fundos de crédito privado no portfólio, como é o caso do AZ Quest Supra FIC FIM, com retorno de 14,61%.Na bolsa de valores, os FI-Infra também são opções para investir com foco em renda mensal isenta de imposto de renda. Na visão da Drys Capital, quando os títulos públicos estão com taxas elevadas como as atuais, acima de IPCA + 7%, o retorno das debêntures indexadas ao IPCA.O importante é avaliar sempre o perfil de risco, prazo de vencimento e a qualidade do emissor, finaliza Bergamo.