Copom suspende ciclo de alta e mantém Selic em 15%O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a Selic em 15% ao ano, uma medida amplamente antecipada pelos mercados. O comunicado de hoje reflete uma postura cautelosa, em parte devido à incerteza global, com destaque para as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, destacou que o Banco Central “está atento aos impactos das tarifas comerciais e não hesitará em retomar o ciclo de alta de juros, caso necessário”. Embora a manutenção da Selic tenha sido esperada, ele enfatizou que o BC continuará monitorando os desenvolvimentos econômicos e pode ajustar sua política conforme a inflação e a economia demandem.Segundo Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, a decisão do Copom é “amplamente esperada”. Ele explica que, embora o cenário de tarifas comerciais e a inflação mais controlada sejam fatores relevantes, o Banco Central “optou por manter a comunicação de decisões anteriores, sinalizando que os juros elevados podem se prolongar por um período mais longo.” Cardoso observa ainda que “o cenário continua sendo de grande incerteza, especialmente com as tensões externas, mas a postura do Copom reforça sua intenção de manter os juros estáveis por mais tempo.”Copom e o futuro da política monetáriaCom a inflação ainda acima da meta de 3%, o Copom mantém uma política monetária mais rígida, mas não exclui a possibilidade de redução da Selic caso a economia desacelere ainda mais nos próximos meses. No entanto, com o Brasil enfrentando a segunda maior taxa real de juros do mundo, o impacto sobre o crédito e o consumo continua a ser um desafio para o crescimento econômico.Além disso, o cenário internacional, em especial as tensões com os Estados Unidos, poderá afetar as futuras decisões do BC. A introdução de tarifas comerciais pode pressionar ainda mais a economia, exigindo que o comitê mantenha sua postura vigilante e, possivelmente, reaja a esses desdobramentos com novas medidas.O Copom segue sua política monetária de cautela, mantendo a Selic em 15%, mas com a clara possibilidade de ajustar a taxa para cima ou para baixo conforme as condições econômicas se desenvolvem. Com a inflação ainda acima da meta e um cenário global de incertezas, o Banco Central terá que equilibrar o controle da inflação com o estímulo à recuperação econômica, mantendo o foco em uma política monetária que possa garantir estabilidade no longo prazo.