A discussão sobre qual sistema operacional é melhor — iOS ou Android — é antiga e está longe de chegar ao fim. Enquanto fãs da Apple exaltam a integração do ecossistema, usuários do sistema do Google destacam a liberdade e a variedade de recursos. Para quem já está habituado a um dos softwares, a ideia de troca pode parecer trabalhosa ou arriscada; ainda assim, há pessoas que decidem "mudar de lado". É o caso do bancário Rafael D’Elly, de 35 anos, que “abandonou” os smartphones da Apple após dez anos de fidelidade à marca. Desmotivado com a falta de inovação dos novos iPhones, ele decidiu dar uma chance ao Galaxy Z Flip, da Samsung. ➡️ Canal do TechTudo no WhatsApp: acompanhe as principais notícias, tutoriais e reviews📲 5 celulares Android tão poderosos que deixam o iPhone 'no chinelo'Três anos depois, ele segue fiel ao Android — e sem arrependimentos ou pretensões de voltar para o iOS. Em entrevista ao TechTudo, o ex-usuário da Apple relata como foi a transição entre os sistemas, o que mais gostou na mudança, os desafios enfrentados no início e se algum recurso da Maçã ainda faz falta. Confira a seguir. Pensando em mudar de sistema operacional? Veja a opinião de um usuário que “abandonou” o iPhone após anos de uso Reprodução/Rafael D'Elly📝 Uso iOS e quero testar os novos Android. Qual aparelho comprar? Tire dúvidas no Fórum do TechTudoO que motivou a troca do iPhone para o Android O primeiro contato de Rafael D’Elly com a Apple foi por meio do iPhone 4. Desde então, ele atualizava o aparelho a cada dois ou três anos, sempre optando por modelos da marca. “O último foi o iPhone 12, que usei por aproximadamente dois anos. Depois, comprei um Galaxy Z Flip 3, da Samsung. Fiz a troca porque a bateria do iPhone já estava viciada e estufada”, relata. Segundo ele, o problema era tão grave que o celular precisava ser carregado até três vezes por dia, o que impactava negativamente sua rotina.A experiência não foi isolada. Rafael afirma que teve o mesmo problema com o iPad, cujo componente também apresentou estufamento. Quando buscou um orçamento para a troca da bateria do iPhone, recebeu a estimativa de R$ 800 e concluiu que o investimento não valia a pena. A decisão de migrar de sistema veio após algumas pesquisas, que o levaram ao Galaxy Z Flip. O design dobrável chamou sua atenção, e ele comprou o smartphone em 2022 por R$ 3.699.Na visão de Rafael, a Apple perdeu o fôlego inovador. “Do iPhone 11 para cá, minha sensação é de que está tudo igual. A novidade de ter um celular que abre e fecha foi um grande diferencial para a minha escolha. Não fiquei com apego ao deixar a Apple, só quis testar um design novo. Nem cheguei a ler as especificações técnicas”, admite.Galaxy Z Flip 3, dobrável de RafaelReprodução/Rafael D'EllyAs dificuldades com o novo sistemaComo todo processo de adaptação, a mudança de sistema operacional trouxe estranhamentos iniciais — muitos deles relacionados à interface. “O teclado era diferente. Digo em relação ao tamanho das teclas e à disposição geral”, lembra. No entanto, a frustração durou pouco: ao explorar as opções de personalização do Android, Rafael percebeu que era possível ajustar praticamente tudo, desde o tamanho do teclado até sua posição na tela.Outro ponto que causou desconforto no início foi a barra de navegação. Ele estranhou os “botõezinhos” virtuais do Android, mas descobriu que podia personalizá-los ou até substituí-los por gestos. “Vi que dava para deixar tudo do meu jeito. O iPhone não tem essas possibilidades, é tudo bem engessado”, observa.Rafael achava seu iPhone 12 "engessado", ou seja, sem possibilidades de personalizaçãoUnsplashBackup e transferência de arquivosApesar das diferenças entre os sistemas, a transferência de dados não foi um problema. Rafael utilizou o aplicativo “Mudar para o Android”, desenvolvido pelo Google, que migra automaticamente fotos, vídeos, contatos, calendário e outros dados pela rede Wi-Fi — sem necessidade de cabos. Veja como usar o app neste tutorial completo. O uso do Google One também facilitou o processo. Com ele, é possível criar uma cópia de segurança dos seus arquivos, que ficam salvos na nuvem. Depois, basta fazer login no novo aparelho para acessar os conteúdos salvos. Manter o backup ativado foi o que livrou Rafael de dores de cabeça no processo de migração. "Sempre usei o Google One, mesmo no iPhone. Ele já sincronizava tudo automaticamente. Quando liguei o Android pela primeira vez, ele puxou tudo sozinho: aplicativos, contatos, fotos. Não tive que fazer nada", conta. iPhone 15 Pro Max e Galaxy S24 Ultra lado a ladoIsadora Lima/TechTudoO que mais agradou na mudançaAo ser questionado sobre os benefícios da troca, Rafael não hesita: “O que mais gostei, pra ser bem sincero, é que o modelo dobra. O fator que me incentivou a mudar de marca continua sendo o mais legal pra mim". A câmera também foi uma surpresa positiva. Para o bancário, a câmera frontal do iPhone 12 deixava a desejar. Com o Galaxy Z Flip, por outro lado, ele consegue usar a câmera principal mesmo com o celular dobrado. "Acho isso [tirar selfies com a câmera traseira] muito legal; a qualidade é bem melhor. Além disso, as fotos ficam com uma cor bem mais bonita, não sei se é uma questão de gosto”, comenta.Outro destaque foi o suporte à Inteligência Artificial (IA). Rafael não usa com frequência os filtros ou retoques automáticos nas fotos, mas vê valor nas possibilidades. Já o assistente Gemini, do Google, virou um aliado no dia a dia. “Sinto que ele está bem à frente das ferramentas de IA da Apple”, diz.A praticidade dos cabos USB-C também fez diferença. “Consigo usar o mesmo carregador no celular e no notebook. Não preciso ficar andando com vários carregadores por aí. Antes, precisava de um cabo diferente só para o iPhone”, lembra. Vale mencionar que essa limitação foi superada a partir do iPhone 15, que finalmente adotou a entrada USB-C.Rafael ainda citou as vantagens do Samsung DeX, uma função que transforma o celular em uma espécie de computador. “Acho muito legal a possibilidade de transmitir a tela do meu celular para um monitor, sem precisar baixar nada. É só conectar um mouse e um teclado e eu consigo navegar pelo dispositivo como se estivesse em um PC. No iPhone, isso não era possível”, afirma. Recurso Samsung DeX, que permite expandir a tela do smartphone para TV, também foi destacado por RafaelDivulgação/SamsungO que mais fez faltaApesar da satisfação com o novo sistema, Rafael aponta dois aspectos que fizeram falta: o FaceTime e a integração do ecossistema Apple. “Senti falta do FaceTime, mais por conforto. Antes, se alguém me ligava, todos os meus dispositivos tocavam: iPhone, iPad, MacBook. Quando troquei, isso se perdeu”, lamenta. A transição só se completou quando ele também substituiu os demais dispositivos da Apple por equivalentes da Samsung. “Hoje, eles se conversam da mesma forma que os aparelhos da Apple faziam”, conta. Rafael viu diferenças na câmera do Z Flip 3 em relação ao iPhone 12Thássius Veloso/TechTudoOutro ponto negativo está relacionado à otimização do sistema para certos aplicativos, como o Instagram. Para Rafael, a rede social de Mark Zuckerberg é um exemplo de app que roda melhor no iOS. “No iPhone, dá pra usar a câmera do próprio Instagram. No Android, prefiro tirar a foto com a câmera nativa e depois postar. Não é prático, mas também não me incomoda tanto, já que não posto com frequência", explica. Valeu a pena? Na avaliação de Rafael, a troca valeu a pena. Ele acredita que o preço dos iPhones subiu sem que houvesse inovações equivalentes. “Hoje eu não voltaria para a Apple. Ainda tenho a sensação de que os celulares são todos iguais, mesmo anos depois", afirma. Para ele, comparações entre iPhone e Android precisam ser justas. “Quando as pessoas dizem que o iPhone é melhor, estão comparando um celular de R$ 15 mil com um Android de R$ 2 mil. É claro que vai haver diferença. Mas se você comparar um Galaxy S25 com um iPhone 16, verá que estão no mesmo nível.”O bancário acredita que a escolha entre iOS e Android está mais ligada ao perfil de uso e ao ecossistema de dispositivos já adotado pelo usuário do que à qualidade dos sistemas em si. Para ele, tanto iOS quanto Android oferecem experiências robustas — desde que comparados dentro da mesma categoria de aparelho. “Como optei por um modelo premium da linha Z, a transição foi tranquila. Talvez, se tivesse escolhido um Android de entrada, a experiência fosse bem diferente”, avalia.📽️ iPhone vs. Android: qual vale mais a pena? Veja mitos e verdadesiPhone vs. Android: qual vale mais a pena? Veja mitos e verdades