Duas chuvas de meteoros prometem iluminar o céu noturno nesta semana. Na noite entre terça (29) e quarta-feira (30) ocorre a máxima da Alfa Capricornídeas (ativa entre 3 de julho e 15 de agosto) e, na madrugada seguinte, é a Delta Aquáridas do Sul (ativa entre 12 de julho de 23 de agosto) que atinge o pico.A Alfa Capricornídeas não é uma chuva de meteoros muito intensa e raramente produz mais de cinco meteoros por hora. No entanto, ela é notável pelos meteoros explosivos e algumas bolas de fogo.Os alfa capricornídeos, como são chamados os meteoros dessa chuva, são formados pelo impacto na atmosfera da Terra dos detritos deixados pelo Cometa 169P/NEAT, um cometa de curto período, baixa atividade e que provavelmente seria um pedaço de outro maior fragmentado cerca de 2.900 anos atrás.A chuva Alfa Capricornídeas costuma gerar meteoros explosivos. Imagem: Wally PacholkaJá a Delta Aquarídas do Sul é uma chuva mediana, observável nas regiões tropicais do Hemisfério Sul, que pode gerar até 16 meteoros durante a máxima, mas com boa taxa para as noites anterior e posterior ao pico. Os meteoros dessa chuva são geralmente fracos e não formam trilhas persistentes nem bolas de fogo.Chamados de delta aquarídeos do sul, esses meteoros provavelmente são formados por detritos do cometa 96P/Machholz, um cometa de curto período do tipo sungrazer (que passa “raspando” o Sol). O objeto se aproxima da nossa estrela a cada seis anos, a apenas 18,6 milhões de km de distância.O Cometa 96P/Machholz é provavelmente o “pai” da chuva de meteoros Delta Aquáridas do Sul. Crédito: STEREO-A/NASAO que são meteorosDe acordo com Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital, um meteoro, popularmente conhecido como ‘estrela cadente’, nada mais é do que um fenômeno luminoso que ocorre quando um pequeno fragmento de rocha espacial atravessa a atmosfera da Terra em altíssima velocidade. “Quando isso ocorre, esse fragmento comprime e aquece muito rapidamente o gás atmosférico à sua frente, formando uma bolha de plasma (gás aquecido e ionizado) que brilha como uma lâmpada por um tempo muito curto, de uma fração de segundo a alguns poucos segundos”, explica o especialista.Meteoros são fenômenos comuns e podem ser vistos com frequência em todas as noites. Em certas épocas do ano, no entanto, a Terra atravessa uma área do céu que possui uma quantidade maior de detritos deixados por cometas ou asteroides. Quando isso acontece, vários desses fragmentos atingem a atmosfera do planeta ao mesmo tempo, formando as chuvas de meteoros.Todos os meteoros de uma mesma chuva atravessam a atmosfera paralelamente uns aos outros. Isso porque seguem aproximadamente a mesma órbita do cometa ou asteroide que deu origem a eles. “Entretanto, devido ao efeito de perspectiva, para um observador na Terra, esses meteoros parecem se originar de um mesmo ponto no céu, chamado radiante”, explica Zurita.A posição do radiante no céu é o que dá nome a cada chuva de meteoros. A Alfa Capricornídeos, por exemplo, é chamada assim porque seu radiante fica próximo à estrela mais brilhante (Alfa) da Constelação de Capricórnio. Já o radiante da Delta Aquáridas do Sul fica próximo à estrela Delta Aquarii, a quarta mais brilhante da Constelação do Aquário.Chuva de meteoros Alfa Capricornídeos registrada em 2020. Crédito: Thiago Boesing/BRAMONLeia mais:Confira todas a chuvas de meteoros de 2025Astronauta registra meteoro explodindo sobre a Terra em uma bola de fogo verde brilhanteO que a cor dos meteoros diz sobre eles?Como observar as chuvas de meteorosO Brasil será privilegiado na observação desses dois eventos. A posição no céu dos radiantes de ambas as chuvas favorece a observação nas regiões tropicais do Hemisfério Sul, e a taxa de meteoros por hora não deve variar muito entre as regiões do país.A Alfa Capricornídeas deve produzir cerca de cinco meteoros por hora, enquanto a Delta Aquáridas do Sul apresenta 16 meteoros por hora, considerando condições ideais de observação: noite sem nuvens, em um local afastado das luzes das grandes cidades. Segundo Zurita, essas luzes são prejudiciais porque ofuscam as estrelas e os meteoros mais tênues. “Então, se você está em um centro urbano, procure desligar o máximo de luzes ao redor antes de iniciar as observações”.Não é necessário o uso de telescópios nem de qualquer outro instrumento óptico para observar chuvas de meteoros. Basta procurar um local adequado e olhar para o céu na hora certa. De acordo com o Observatório Nacional (ON), o melhor horário para testemunhar qualquer uma dessas duas chuvas de meteoros será entre meia-noite e o amanhecer.Chuva de meteoros Delta Aquáridas do Sul registrada em Santa Catarina em 31 de julho de 2023. Crédito: Jocimar JustinoNeste ano, as condições de observação serão privilegiadas pela Lua, que está na fase nova, tornando o céu mais escuro.Além de proporcionar espetáculos visuais impressionantes, chuvas de meteoro são importantes para estimar a quantidade e período de maior incidência de detritos provenientes de correntes de meteoroides que a Terra atravessa periodicamente.Missões espaciais e centros de controle de satélites podem aprimorar estratégias de proteção para espaçonaves e equipamentos em órbita próxima à Terra e à Lua.As chuvas de meteoros também ajudam a compreender a formação do Sistema Solar, conforme explica o astrônomo Marcelo Cicco, do ON, “pois ao investigar as propriedades dos detritos, é possível entender mais sobre os cometas e até mesmo fragmentos lunares e marcianos, resultantes de impactos antigos, assim como objetos próximos à órbita terrestre com atividade”.O post Duas chuvas de meteoro podem ser observadas esta semana apareceu primeiro em Olhar Digital.