Uma operação do Ministério Público do Ceará (MPCE) realizada nesta terça-feira (29/7) prendeu 14 policiais militares suspeitos de integrar uma organização criminosa voltada à prática de corrupção, extorsão e facilitação do tráfico de drogas em bairros da Grande Messejana, em Fortaleza (CE).O Metrópoles tentou contato com a defesa dos militares e não conseguiu até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto.Nomeada de “Operação Kleptonomos”, a ação foi conduzida pelo Grupo de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e teve como objetivo cumprir mandados, sendo 16 de prisão preventiva e 17 de busca e apreensão nas cidades cearenses de Fortaleza, Itaitinga, Maracanaú e Russas, além de Maceió, em Alagoas.Entenda a investigaçãoDe acordo com o MPCE, a investigação teve início no fim de 2022, a partir de denúncias anônimas enviadas ao Gaeco.As informações iniciais apontavam para um esquema criminoso envolvendo policiais militares nos bairros Paupina e Coaçu, especificamente na comunidade Pôr do Sol e no condomínio Residencial dos Escritores.Segundo os relatos, os militares recebiam propina de traficantes para evitar ações policiais nessas áreas, permitindo a atuação livre do tráfico de drogas na região.A Justiça autorizou, ainda, a quebra de sigilo de dados contidos em celulares e outros dispositivos dos investigados, além da suspensão do exercício da função pública por parte dos policiais envolvidos.Com base nas provas coletadas, o MPCE denunciou os alvos pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva com causa de aumento, extorsão qualificada e facilitação do tráfico de drogas.“Consórcio do crime”“Era um verdadeiro consórcio do crime de policiais que atuavam na região da Grande Messejana com traficantes de uma determinada organização criminosa praticando crimes de corrupção, extorsão, facilitação do comércio de drogas, inclusive, comunicando quando haveria ação de repressão da polícia naquela localidade, para permitir que os traficantes continuassem o comércio livremente”, afirmou o promotor Adriano Saraiva, coordenador do Gaeco.Ainda segundo o promotor, os militares suspeitos atuavam durante o horário de serviço. “Eles atuavam com todo aparato da polícia. Estavam no exercício das funções, utilizando as viaturas, utilizando pesquisas nos sistemas policiais. Com essas informações, eles passavam isso para os traficantes e aí ocorria todo tipo de crime”, completou.O termo “Kleptonomos” vem do grego clássico e significa “aquele que rouba a lei”. A expressão representa a ideia de servidores que usurpam a autoridade legal para impor regras próprias, em afronta ao sistema de justiça.