Windows 10 faz 10 anos: marcos, falhas e sucessos do sistema

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Em 29 de julho de 2015, a Microsoft lançou oficialmente o Windows 10, marcando o fim de uma era de grandes lançamentos espaçados e o início do modelo de atualizações contínuas conhecido como Windows as a Service. O sistema surgiu como uma correção de rota após as críticas ao Windows 8, combinando os blocos dinâmicos com o clássico menu Iniciar e priorizando a experiência de uso com teclado e mouse.Apresentado como a “última versão do Windows” por um funcionário da Microsoft na época, o Windows 10 ainda continua amplamente utilizado dez anos depois. Mesmo com a chegada do Windows 11, a empresa manteve o modelo de atualizações regulares, e agora está em campanha para incentivar a migração antes do fim do suporte ao Windows 10, previsto para outubro.Microsoft tinha planos muito ambiciosos para o Windows 10. Alguns deles se concretizaram, outros nem tanto (Imagem: Lazaros Papandreou / iStock)Primeiros anos do Windows 10: promessas, gratuidade e pressãoO lançamento do Windows 10 trouxe diversas inovações. Pela primeira vez, a Microsoft ofereceu a atualização gratuita para usuários do Windows 7 e 8, com um prazo de um ano para aproveitar o benefício. No entanto, na prática, a ativação gratuita continuou disponível até 2023, muito além do prazo anunciado oficialmente.Esse senso de urgência contribuiu para uma rápida adoção inicial, alcançando 100 milhões de dispositivos em apenas dois meses. Parte desse sucesso foi impulsionada pela controversa ferramenta Get Windows 10 (GWX), que aparecia na bandeja do sistema e pressionava usuários a realizarem a atualização — em alguns casos, até sem consentimento claro, gerando críticas e obrigando a Microsoft a recuar.Windows insistiu bastante para seus usuários migrarem para o Windows 10 na época do lançamento do sistema operacional (Imagem: rvlsoft / Shutterstock.com)Privacidade e dados: o debate sobre a telemetriaUm dos pontos mais criticados no Windows 10 foi a coleta intensiva de dados de uso, chamada de telemetria. Muitos recursos não podiam ser desativados, o que gerou preocupações sobre privacidade, especialmente entre usuários que migraram do Windows 7 e 8.Em resposta, a Microsoft lançou a ferramenta Diagnostic Data Viewer, que mostrava quais dados estavam sendo coletados. Além disso, o sistema passou a oferecer níveis de coleta, permitindo que o usuário limitasse a quantidade de informações enviadas — embora nunca fosse possível desativá-la totalmente. Ironicamente, os mesmos mecanismos de telemetria acabaram chegando também ao Windows 7.Atualizações semestrais e problemas no modelo “as a Service”Com o Windows 10, a Microsoft passou a adotar um ritmo inédito de duas grandes atualizações por ano, cada uma trazendo novas funcionalidades e melhorias na plataforma. Essa estratégia teve início já em novembro de 2015, com a versão 1511, que trouxe novidades como o modo escuro — ainda que limitado.No entanto, esse modelo enfrentou obstáculos. A atualização de outubro de 2018 ficou marcada por apagar arquivos de usuários, o que forçou a empresa a retirá-la temporariamente do ar. Após o episódio, a Microsoft reduziu o ritmo de atualizações e passou a lançar apenas uma grande atualização por ano, mantendo um segundo pacote com melhorias adicionais.A ambição do OneCore e o fracasso no mobileO Windows 10 também introduziu o OneCore, um núcleo universal projetado para rodar em diferentes dispositivos — de computadores a HoloLens, Xbox, tablets e até smartphones. Essa base permitiu o desenvolvimento da plataforma UWP (Universal Windows Platform), com aplicativos adaptáveis a diferentes formatos.Apesar da proposta ambiciosa, a iniciativa perdeu força com o fim do Windows 10 Mobile, lançado em 2015. A versão para celulares nunca conseguiu se consolidar, mesmo com recursos à frente de seu tempo, como o Continuum, que permitia transformar o celular em um “PC” ao conectá-lo a um monitor. A morte do sistema móvel, em 2017, impactou diretamente a adoção da UWP.Aventura do Windows no mercado mobile não deu certo (Imagem: AdrianHancu / iStock)Visual moderno com promessas não cumpridasOutro marco foi o anúncio, em 2017, do Fluent Design System, que prometia renovar toda a interface do Windows com elementos tridimensionais, animações e maior fluidez. Na prática, no entanto, o resultado foi discreto, limitado a mudanças em ícones e efeitos visuais pontuais.Mesmo no Windows 11, lançado anos depois, muitos dos conceitos originais do Fluent Design ainda não foram plenamente implementados. A promessa de uma reformulação completa da interface do sistema ficou aquém do esperado pelos usuários.Funções esquecidas: My People e outros projetos abandonadosO Windows 10 também teve recursos que não vingaram. Um exemplo é o My People, que permitia fixar contatos na barra de tarefas e interagir diretamente com eles. A proposta previa integração com aplicativos como Skype e Mail, além de abertura a desenvolvedores terceiros.Sem adoção relevante e com baixa compatibilidade de apps, a função foi desativada e hoje aparece desativada por padrão no sistema. Outros projetos como o navegador Edge baseado em UWP também foram aposentados, substituídos por versões mais estáveis baseadas em Chromium.Leia mais:5 recursos do Windows para desativar e aprimorar o PC5 recursos do PC Windows que você deveria usar mais3 dicas para fechar aplicativos travados ou congelados no PC WindowsUm sistema que moldou o Windows atualAo longo de seus 10 anos, o Windows 10 foi palco de experimentações, avanços e recuos. Foi nele que surgiram ferramentas como o app Seu Telefone, que reforçou a integração com Android, e decisões importantes como a mudança do motor do navegador Edge.Embora tenha sido apresentado como o “último Windows”, o sistema acabou dando lugar ao Windows 11, que mantém algumas das bases lançadas em 2015. Mesmo com erros, o Windows 10 influenciou diretamente o que se entende hoje como a experiência de uso do Windows.O post Windows 10 faz 10 anos: marcos, falhas e sucessos do sistema apareceu primeiro em Olhar Digital.