Declínio populacional de papagaio raro causa extinção de parasitas

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O declínio populacional do kākāpō, papagaio nativo da Nova Zelândia, está associado à redução significativa de seus parasitas naturais. Um estudo recente apontou que a maioria das espécies parasitárias antes presentes nas populações da ave desapareceram ao longo das últimas décadas.Pesquisadores identificaram que mais de 80% das espécies de parasitas encontradas nas fezes do kākāpō antes da década de 1990 não existem mais nas populações atuais. O estudo sugere que elas estão desaparecendo em ritmo ainda mais acelerado do que os próprios hospedeiros. Leia também Ciência Falta de presas contribuiu com a extinção dos tigres-dentes-de-sabre É o bicho! Saiba como legalizar um papagaio ou ave silvestre Distrito Federal Casal de macacos em risco de extinção ganha lar no Zoo de Brasília É o bicho! Oito dicas para ensinar o papagaio a falar Apesar da má reputação, os parasitas exercem funções ecológicas fundamentais. Eles contribuem para a imunidade de animais, controlam infecções mais graves e fazem parte de um equilíbrio invisível nos ecossistemas. O sumiço dessas espécies, portanto, pode gerar efeitos em cadeia.De acordo com os pesquisadores, a ausência desses organismos pode dificultar a recuperação completa de espécies ameaçadas de extinção, como o kākāpō. A perda desses microrganismos compromete defesas naturais importantes para a saúde dos animais.“Precisamos considerar os parasitas ao avaliar impactos da perda de biodiversidade”, afirmou o pesquisador Jamie Wood, da Universidade de Adelaide. Ele avalia que essas formas de vida ainda recebem pouca atenção nas estratégias de conservação.A pesquisa foi conduzida por cientistas do instituto Manaaki Whenua-Landcare Research e das universidades de Adelaide e de Auckland. Publicado na revista Current Biology, na quinta-feira (24/7), o trabalho acadêmico traz evidências de que a biodiversidade dos parasitas está em risco.Embora não consiga voar, a espécie desenvolveu pernas fortes, o que a torna uma excelente andadora e trepadora Por que o kākāpō está ameaçado de extinçãoO kākāpō é um papagaio noturno terrestre, conhecido por não voar e por seu comportamento recluso. Por milhões de anos, ele viveu em um ambiente sem predadores mamíferos, o que o tornou vulnerável com a chegada de humanos e animais invasores.A introdução de espécies como gatos, ratos e doninhas levou à queda drástica na população da ave, que não possui defesas naturais contra esses predadores. Além disso, sua reprodução é lenta e depende de ciclos específicos de floração, o que dificulta ainda mais a recuperação populacional.Hoje, o kākāpō é uma das aves mais ameaçadas de extinção do mundo. Os representantes vivos são monitorados por programas de conservação.Como foi feito o estudo de extinção do papagaio kākāpōOs pesquisadores da Nova Zelândia e Austrália usaram técnicas avançadas de DNA e microscopia para analisar fezes fossilizadas do kākāpō com mais de 1.500 anos. Essa abordagem permitiu comparar amostras antigas com excrementos de indivíduos vivos.Ao todo, foram identificados 16 tipos de parasitas nas fezes antigas. Destes, nove desapareceram antes da década de 1990 — quando a espécie passou a ser controlada — e outros quatro sumiram desde então.O levantamento mostrou que pouquíssimas espécies de parasitas persistiram nas populações contemporâneas da ave, indicando um colapso quase total da diversidade parasitária associada ao animal.Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!