Agora “ex-vencedor relativo”, o que esperar para o Ibovespa a partir de agosto?

Wait 5 sec.

O primeiro mês da segunda metade do ano jogou um “balde de água fria” nas expectativas dos investidores, após um primeiro semestre de incertezas, mas de ganhos superiores a 15% para o Ibovespa. Em julho, o benchmark da Bolsa teve baixa de 4,17%, em seu pior mês do ano e representando uma reversão da tendência positiva pela qual vínhamos passando. “A perspectiva outrora predominante de que o Brasil poderia se sair como um vencedor relativo diante da política de tarifas comerciais anunciada em abril pelos Estados Unidos – já que havíamos ficado com a taxa ‘piso’, de 10% – parece ter caído por terra quando o presidente norte-americano impôs, mais recentemente, tarifa adicional de 40% sobre os produtos importados do Brasil, totalizando uma sobretaxa de 50% a partir de agosto”, destaca o Itaú BBA em relatório. Assim, os ativos brasileiros devolveram parte da valorização acumulada nos meses anteriores, diante da perspectiva de que tamanha desvantagem comercial resultaria em enfraquecimento econômico. Depois de quase 20 dias de desânimo, no fim de julho, o governo dos EUA oficializou a tarifa de 50%, mas colocou quase 700 mercadorias em uma lista de exceção, gerando alívio por aqui. “Considerando os acordos assinados até este momento pelos EUA com outros países, as tarifas de importação têm ficado na casa de 15% a 20%, significativamente abaixo do nível de 50% definido para o Brasil, o que nos colocaria de fato em uma situação de desvantagem caso não houvesse a ampla lista de produtos em caráter de exceção”, aponta o banco. Na lista constam mercadorias relevantes para as exportações brasileiras, como suco de laranja, derivados de petróleo e celulose, minério de ferro, ferro-gusa, metais preciosos, madeira, castanhas, alguns fertilizantes, produtos energéticos (gás natural e carvão) e peças de aeronaves civis. De acordo com o decreto, as novas tarifas de importação entram em vigor a partir de 6 de agosto. Produtos como café, cacau, carne e frutas, mercadorias relevantes para as exportações brasileiras, ficaram de fora da lista de exceção e devem ser taxados com as novas alíquotas, caso novos acordos não sejam estabelecidos até lá. “Daqui para frente, embora boa parte do receio envolvendo as relações comerciais entre Brasil e EUA tenha sido amenizada, acreditamos que o assunto seguirá trazendo volatilidade, sobrepondo-se às temáticas domésticas. Será de suma importância manter-se atento aos próximos passos desta novela”, aponta o banco. Leia tambémIbovespa ainda em julho? Sinal tem problema técnico na B3 e cotações não atualizamProblema também atinge outros índices da Bolsa brasileira; B3 informa que trabalha para normalizar o ocorrido o quanto antesDólar vira para queda forte após payroll decepcionar nos EUA, após subir com tarifasA economia dos EUA abriu 73 mil vagas de emprego fora do setor agrícola no mês passadoEm relatório chamado Raio XP de agosto, a equipe de estratégia da XP Investimentos ressalta que as tarifas de 50% impostas pelo governo americano ao Brasil levaram a saídas expressivas de capital estrangeiro durante o mês (-R$ 12,5 bilhões), sendo a principal razão por trás da queda de 8,0% no EWZ (ETF de Brasil), enquanto o real também se desvalorizou 3%. O anúncio das tarifas desencadeou uma rotação na Bolsa, dos setores cíclicos domésticos para os setores de commodities, à medida que os investidores buscavam proteção contra taxas de juros mais altas e um real mais fraco. “No entanto, o anúncio de várias isenções em 30 de julho pode amenizar parcialmente o impacto. Embora o impacto direto das tarifas seja limitado, ainda existem efeitos mais amplos que podem vir por meio de fluxos de investidores e o canal político. Como resultado, nosso índice de sentimento caiu de ligeiramente otimista para neutro atualmente, aproximando-se do nível pessimista”, aponta a XP. Leia tambémCSN deve contratar em breve assessores para venda de ativos de logística“A maior prioridade nossa é a questão da desalavancagem, que vai ser feita de forma inteligente e racional, mas no menor tempo possível”, disse Benjamin SteinbruchMais dividendos da Vale (VALE3)? É possível, mas decisão será no 2º semestre, diz CFOO diretor financeiro da companhia afirmou que a possibilidade de mais pagamentos ou recompra existirá se preços do minério de ferro permanecerem como estão Neste cenário, a XP continua com a projeção de Ibovespa a 150 mil pontos para o fim de 2025, levando em conta o novo regime macro com o fim do ciclo de contração monetária e uma inflação desacelerando e a proximidade das eleições de 2026, que tende a trazer maior volatilidade e interesse em ações. Os estrategistas continuam a favorecer nomes de alta qualidade com um balanço sólido, visto que as incertezas macroeconômicas permanecem elevadas. Em suas carteiras, a XP fez as seguintes mudanças: 1) Top Ações: adicionou GGBR4, removendo STOC34; 2) Dividendos: sem alterações; 3) Small Caps: adicionou BEEF3, removeu PAGS34, aumentou DIRR3 e reduziu CURY3; 4) ESG: sem alterações.Mercado ainda barato?A visão é de que o mercado brasileiro segue barato, apesar da recente onda de queda por conta da imposição de tarifas de 50% pelos EUA, ressalta o BTG Pactual após pesquisa com gestores. No contexto de relações turbulentas entre o Brasil e os EUA e incertezas quanto ao desfecho, um número crescente de gestores agora espera um mercado estável na faixa de 130-140 mil.Além disso, aponta a pesquisa, eles parecem estar reduzindo o beta (que mede a volatilidade de um ativo frente a um índice de mercado) em seus portfólios.O setor de serviços básicos continua sendo a posição comprada mais popular, recebendo 30% dos votos neste mês. O setor imobiliário ficou em segundo lugar, com 19% (devido à habitação de baixa renda, em nossa opinião), seguido pelo setor financeiro, com 16%. “Observamos muito pouco interesse no varejo”, apontou. Em commodities, a percepção é que a maioria dos investidores está buscando se proteger da alta recente da China/minério de ferro/Vale — uma visão que o BTG compartilha, considerando o caráter especulativo do movimento e a falta de continuidade em políticas concretas. “Parece que os investidores estão buscando ‘vender a recente alta’ em materiais básicos (Vale), que alcançou 40% do total de votos (contra 29% anteriormente)”, aponta a equipe de estratégia. Leia tambémEm comunicação confusa, Trump separa países em 4 grupos de tarifas; entendaPresidente americano assinou nova ordem executiva elevando taxas para diversos países, e confirmando taxas para outros grupos; confira as alíquotas de cada umAs posições compradas favoritas são: Sabesp (SBSP3), Itaú (ITUB4) e Equatorial (EQTL3), enquanto as “short” (vendidas) são Vale, Ambev (ABEV3) e Banco do Brasil (BBAS3). Já as teses mais arriscadas e fora do consenso são: Tenda (TEND3), Auren (AURE3) e Cosan (CSAN3).“O mercado parece vulnerável aos desdobramentos das tarifas no curto prazo e altamente suscetível aos fluxos estrangeiros, que têm ditado os movimentos dos preços ultimamente (os estrangeiros venderam quase R$ 10 bilhões em ações este mês!).As expectativas para o real apontam para uma volatilidade limitada, com a maioria (52%) prevendo que a taxa de câmbio permanecerá na faixa de R$ 5,50 a R$ 5,70 até o final de 2025.The post Agora “ex-vencedor relativo”, o que esperar para o Ibovespa a partir de agosto? appeared first on InfoMoney.