Verão aquece mercado de trabalho: contratações temporárias crescem face ao ano passado

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O verão de 2025 traz consigo uma nova vaga de oportunidades no mercado de trabalho em Portugal. De acordo com os dados da Randstad, está previsto um aumento na contratação de profissionais temporários face ao verão de 2024, num sinal claro de recuperação do setor do turismo e de maior confiança por parte das empresas. Só na atividade da Randstad, observa-se um aumento na procura de profissionais para o verão de 2025 em comparação com o ano anterior, prevendo-se o recrutamento de mais de mil trabalhadores face ao ano passado.A puxar pelo incremento do trabalho sazonal está a crescente procura turística e a realização de grandes eventos e festivais em várias regiões do país, que impulsionam a necessidade de reforços temporários na hotelaria e na restauração, mas também em áreas como a logística, os transportes e a segurança. Adicionalmente, a maior confiança dos empresários, sustentada por um início de ano economicamente estável, tem-se traduzido num reforço do investimento na contratação, antecipando o aumento do consumo típico do período estival.O reforço do trabalho sazonal neste verão acompanha a dinâmica positiva do mercado de trabalho em Portugal: de acordo com o INE, no primeiro trimestre deste ano registaram-se 5,18 milhões de pessoas empregadas, o valor mais elevado de que há registo.«As contratações sazonais continuam a ser essenciais para dar resposta ao pico da procura em setores como a hotelaria, restauração, lazer e agricultura. Este ano, notamos um otimismo renovado por parte das empresas, com mais ofertas e maior antecipação no processo de recrutamento», sublinha Aníbal Martins, Talent Center Director, da área Operational Talent Solutions da Randstad Portugal. Algarve, Lisboa e Porto lideram procura de profissionais As regiões mais dinâmicas em termos de oportunidades são o Algarve, a Área Metropolitana de Lisboa e o Porto, com especial destaque para zonas costeiras e cidades com forte atratividade turística. Nestes territórios, os setores de hotelaria e restauração podem duplicar ou até triplicar o número de trabalhadores temporários contratados.O Algarve destaca-se como a principal zona de recrutamento sazonal, com os setores da hotelaria e da restauração a duplicarem — e, por vezes, até triplicarem — o número de trabalhadores contratados nesta altura do ano, segundo dados da Randstad relativos aos últimos três anos.Entre as principais funções mais procuradas destacam-se: empregados de mesa e bar, ajudantes de cozinha, rececionistas de hotel, camareiros(as), nadadores-salvadores, animadores turísticos, trabalhadores de apoio aeroportuário, apanhadores de fruta, promotores de vendas, operadores de loja em zonas turísticas. Jovens e estudantes são o perfil dominante dos candidatos O perfil dominante dos candidatos a estas funções temporárias continua a ser marcado por jovens e estudantes, que veem no verão uma oportunidade de ganhar rendimento e adquirir experiência profissional. Há também uma percentagem significativa de profissionais com experiência no setor que regressam todos os anos a estas funções sazonais.As empresas procuram candidatos com flexibilidade de horários, boa capacidade de comunicação e interação com o público, e que estejam disponíveis para trabalhar aos fins de semana e feriados — requisitos fundamentais para responder à elevada procura nos meses de verão, sobretudo em zonas turísticas.De acordo com dados da Segurança Social analisados pela Randstad, o verão representa um pico nos salários declarados. Embora muitas das funções partam do salário mínimo nacional (870 euros em 2025), há uma valorização clara dos profissionais com mais experiência ou em funções especializadas, o que se reflete no aumento das remunerações médias durante os meses de junho e julho. Escassez de qualificações e crise na habitação deixam vagas por preencher O recrutamento sazonal continua a enfrentar desafios estruturais. A Randstad destaca a escassez de candidatos qualificados, sobretudo em áreas como cozinha, receção ou serviço de mesa especializada, como uma das principais dificuldades.As condições associadas ao trabalho temporário — contratos de curta duração, horários exigentes e remunerações próximas do salário mínimo — tornam estas funções menos atrativas, especialmente para os mais jovens. A crise na habitação, particularmente em zonas de forte pressão turística como o Algarve, agrava o cenário, dificultando o acolhimento de trabalhadores deslocados.Estes fatores combinados explicam porque muitas vagas sazonais continuam por preencher, mesmo num contexto de maior confiança empresarial e procura crescente.«O desafio da contratação sazonal é também uma oportunidade de refletir sobre como podemos tornar o trabalho temporário mais atrativo. É fundamental investir em condições de trabalho dignas, formação contínua e soluções de alojamento, sobretudo nas regiões mais pressionadas», reforça Aníbal Martins.Apesar de o verão de 2025 parecer indicar um aumento das contratações sazonais face ao ano anterior, a taxa de emprego temporário tem registado uma trajetória descendente em Portugal, segundo os dados oficiais do INE. No primeiro trimestre de 2025, fixou-se nos 15,2%, o que representa uma diminuição de 0,6 pontos percentuais face ao trimestre anterior. Este recuo dá continuidade a uma tendência de queda que já se prolonga por seis trimestres consecutivos.Vários fatores podem estar a contribuir para esta tendência. Por um lado, a crescente digitalização e automação de várias funções, especialmente nas áreas mais operacionais, diminui a necessidade de recurso a trabalho temporário. Por outro, têm-se verificado alterações nos padrões do turismo e nas dinâmicas sazonais, com uma distribuição mais uniforme dos fluxos turísticos ao longo do ano.Mais informações aqui.O conteúdo Verão aquece mercado de trabalho: contratações temporárias crescem face ao ano passado aparece primeiro em Revista Líder.