Kid preto reclama de calote após pagar coxinha: “Tem gente me devendo”

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O coronel do Exército Márcio Nunes de Resende Júnior afirmou, na tarde desta segunda-feira (28/7), que a reunião dos kids pretos — onde teve coxinha, Coca-Cola e guaraná — supostamente organizada para tratar de uma “carta ao comandante”, ainda lhe gera prejuízos: alguns integrantes do encontro, segundo ele, devem dinheiro até hoje ao militar.Márcio foi interrogado no Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal da suposta trama golpista na qual é réu. O encontro, de 28 de novembro de 2022, é citado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como tentativa de elaborar uma carta com o objetivo de pressionar militares do Alto Comando do Exército a aderirem a um golpe de Estado.O coronel afirmou que, na noite anterior à reunião, esteve em uma confraternização com militares da sua turma, em um salão localizada no prédio do pai, na Asa Norte, em Brasília. Após comentários de militares que participaram do encontro do dia 27, os kids pretos — que não estiveram presentes — sugeriram uma nova reunião, dessa vez com militares das Forças Especiais, para promover uma confraternização mais ampla, ao qual ele também fazia parte.“Liguei pra ele, ele desceu, fez a reserva [estava desocupado], e reservamos para durar até 21h, que é permitido no horário noturno. Ficou naquele estilo: cada um leva alguma coisa, sem muita organização. Eu mesmo não chamei ninguém, porque fiquei mais envolvido nisso ‘aí’ [de reservar o salão], porque era dia de expediente também”, disse o coronel.Márcio contou que fez algumas compras para a confraternização — apontada pela Polícia Federal (PF) e PGR como momento-chave para tratar da carta, principalmente endereçada ao então comandante do Exército, Freire Gomes.“Eu fiz algumas encomendas de salgado, bebida, tinha alguma coisa que tinha sobrado também e deixei à disposição. Foi um evento bem informal, sem preparo, sem organização. Muita gente chegou sem nada, porque foi tão desorganizado… Cada um leva o seu aí (sic), tem gente que tá me devendo até hoje ‘aí. Paguei o salão de festas, e alguns trouxeram algumas coisas. Foi uma coisa bem nossa, bem informal”, explicou o coronel, negando que se tratasse de um golpe.5 imagensFechar modal.1 de 5Pedido feito por "kid preto" para reunião em 28 de novembro, em BrasíliaReprodução2 de 5Nota apresentada da compra de coxinhas e refrigerantesReprodução3 de 5Salão de festasEduardo Barretto/Metrópoles4 de 5Salão de festasEduardo Barretto/Metrópoles5 de 5Eduardo Barretto/MetrópolesInvestigaçõesSegundo informações da Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, participou do encontro com outros militares do Exército. A suspeita levantada foi de que o encontro serviu para o grupo elaborar uma carta pressionando o comandante do Exército por um golpe de Estado após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição.A “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro” foi enviada para o celular de Cid pelo coronel Bernardo Romão, outro integrante no encontro, na noite de 28 de novembro de 2022.“Covardia, injustiça e fraqueza são os atributos mais abominados para um soldado. Nossa nação, aquela que entrega os maiores índices de confiança às Forças Armadas, sabe que seus militares não a abandonarão”, dizia o texto, segundo a PF.CartaA acusação aponta que, em 28 de novembro de 2022, após a vitória de Lula na eleição presidencial, os réus se reuniram para discutir a elaboração de uma carta de teor golpista a ser enviada aos comandantes das Forças Armadas.Além disso, afirma a PGR, o grupo planejava ações para provocar um fato de forte impacto e mobilização social, o que permitiria a Bolsonaro e seus aliados avançarem no plano golpista. Veja quem são os réus do núcleo 3:Bernardo Romão Correa Netto – coronel do Exército;Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira — general da reserva do Exército;Fabrício Moreira de Bastos — coronel do Exército;Hélio Ferreira Lima — tenente-coronel do Exército;Márcio Nunes de Resende Júnior — coronel do Exército;Rafael Martins de Oliveira — tenente-coronel do Exército;Rodrigo Bezerra de Azevedo — tenente-coronel do Exército;Ronald Ferreira de Araújo Júnior — tenente-coronel do Exército;Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros — tenente-coronel; eWladimir Matos Soares — policial federal.InterrogatórioDiferentemente dos réus do núcleo 1, os do núcleo 3 prestarão interrogatório de forma virtual. O primeiro a ser ouvido será Bernardo Romão Correa Netto. Em seguida, os demais serão interrogados conforme a ordem alfabética.Todos os acusados deverão estar presentes na sessão virtual para responder às perguntas. Os advogados poderão acompanhar os interrogatórios ao lado de seus clientes.