Celso Amorim afirma que Brasil está dobrando a aposta no Brics em meio a ameaça de Trump

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Em meio à escalada de tensões com os Estados Unidos, o governo brasileiro deve reforçar sua estratégia de aproximação com o Brics — bloco que reúne economias emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros.A sinalização tem sido notada nas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde a ameaça tarifária e foi reforçada por Celso Amorim, principal assessor de política externa do presidente, em entrevista ao jornal britânico Financial Times.Durante a cúpula dos Brics, que ocorreu no Brasil, Donald Trump havia ameaçado aplicar tarifas de 10% sobre países “alinhados com as políticas antiamericanas do grupo”.Poucos dias depois, o presidente americano elevou a aposta e anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, além de cobrar o fim do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro — réu por tentativa de golpe de Estado.Segundo Amorim, longe de afastar o Brasil, a ofensiva americana tem produzido o efeito contrário. “Esses ataques estão reforçando nossas relações com o Brics, porque queremos relações diversificadas e não depender de um único país”, afirmou ao Financial Times.VEJA TAMBÉM: O que esperar dos resultados do 2º tri de 2025? Confira o guia completo do BTG sobre a temporada de balanços de 2025Comércio e diplomaciaO assessor ressaltou que o Brasil continuará buscando ampliar parcerias também com a Europa, a América do Sul e a Ásia.Amorim aproveitou para cobrar da União Europeia (UE) a ratificação do acordo comercial com o Mercosul, parado há anos, e disse que países como o Canadá têm demonstrado interesse em avançar em negociações comerciais.Embora a China seja hoje o maior parceiro comercial do Brasil — com US$ 94 bilhões em importações, principalmente de grãos e minérios em 2024 —, Amorim negou que o objetivo seja favorecer Pequim no cenário de tarifas mais altas impostas pelos EUA.O assessor também destacou que o Brasil quer um Brics forte e capaz de defender uma ordem global multilateral, em contraste com a postura unilateral dos EUA.Amorim também acusou Trump de tentar interferir diretamente nos assuntos internos do Brasil em benefício de Bolsonaro, afirmando que “Nem a União Soviética faria algo assim e nem nos tempos coloniais houve algo parecido”.