Uma comissão de senadores está em missão nos Estados Unidos para conversar com parlamentares americanos e tentar abrir portas para o diálogo entre os poderes Executivos dos dois países. A missão brasileira segue até quarta-feira (30), com reuniões no Congresso dos EUA e com lideranças empresariais e institucionais. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, senador Nelsinho Trad (PSD‑MS), lidera a missão oficial do Senado aos Estados Unidos e falou com exclusividade, de Washington, com o InfoMoney. A delegação brasileira é formada por sete senadores, representantes do Itamaraty, ministros da embaixada e o ex-diretor-geral da OMC, embaixador Roberto Azevêdo.Leia também: Senadores brasileiros têm a primeira reunião de missão por tarifas em WashingtonPara o senador Nelsinho Trad, a missão parlamentar quer mostrar as perdas para a relação comercial aos parlamentares americanos. “A ideia é passar para eles exatamente os prejuízos dessa situação. Que é ruim para o Brasil, mas é muito ruim para os Estados Unidos também”, afirma.Veja a entrevista completa com senador Nelsinho Trad (PSD‑MS) para o InfoMoney.InfoMoney – Qual a agenda que a Comissão pretende cumprir em Washington?Nelsinho Trad – Começamos com uma agenda empresarial, com americanos que tem negócios com o Brasil e brasileiros que tem negócios nos Estados Unidos. Primeiramente, para ganhar subsídios do prejuízo que isso vai acarretar nos dois países. Com esses dados, cada setor vai falar de forma própria. Na terça-feira (29) vamos ter encontros com pelo menos seis parlamentares, tanto democratas quanto republicanos. A ideia é passar para eles exatamente os prejuízos dessa situação: é ruim para o Brasil, mas é muito ruim para os Estados Unidos também. IM – O que o senhor espera destas reuniões com os congressistas americanos ? NT – Primeiro, queremos distensionar a relação entre o nosso país com os Estados Unidos. Abrir um canal de diálogo sereno, sensato, equilibrado e pacífico. E a partir do momento que conseguirmos isso, vamos colocar quem tem o poder de negociar com eles, que é o governo brasileiro. Nós temos o dever de dialogar, apenas isso. IM – Existem sugestões a serem postas na mesa, como, por exemplo, a exploração de minérios raros? Pode ser uma opção para destravar essa negociação? NT – Vamos, primeiro, demonstrar de forma clara, objetiva, com dados, que essa atitude é perde-perde. Perde para os Estados Unidos e perde para o Brasil. A partir do momento que o próprio parlamentar, seja ele republicano ou democrata, tiver essa noção, entendemos que o nosso objetivo está quase conquistado. Porque eles vão levar para as autoridades competentes do governo federal, que tem o poder de encaminhar negociações, essa realidade que estamos mostrando. Depois que mergulhamos no assunto, vimos que é muito mais sério do que parecia inicialmente. IM – O fato de o Congresso americano estar em recesso parlamentar, assim como acontece aqui no Brasil, prejudica de certa forma estas tratativas? NT – Sim, com certeza prejudicou, porque muitos [congressistas] já viajaram e foram para os seus estados. Mas o assunto é importante, mexe com os estados deles e eles têm eleições ano que vem, para renovar 100% da Câmara e um terço do senado. E este é um tema que mexe com os interesses deles. IM – Eu queria retomar com o senhor a questão desses minerais raros que começou a ser falado nos últimos dias. O senhor acha que isso é algo que pode ser colocado na mesa para avançar nas negociações? NT – No nosso casso não, porque nós não temos a prerrogativa de negociar. Ninguém na nossa comitiva é do executivo. Mas nós temos o dever de dialogar. IM – Do ponto de vista do executivo, o senhor acha que isso pode ajudar a destravar a negociação? NT – Isto tem que ver com a questão da soberania nacional, se vai ser impactada ou não. É uma questão sensível. Por isso, precisa ter uma variação mais sensata, mais tranquila sobre isso, não no calor das discussões. IM – O senhor acredita que, há menos de uma semana do início da taxação, ainda é possível é possível reverter a cobrança das tarifas? Ou o Brasil vai começar a pagar e negociar depois? NT – Esta é uma previsão complexa de fazer. Mas nós estamos tentando tudo para não acontecer. Estamos fazendo a nossa parte para tentar destravar a negociação antes do dia 1º. Vamos tentar, pelo menos, pacificar isso, abrir canal de diálogo que não está aberto até agora. IM – A comissão é multipartidária, tem senadores tanto da base do governo como da oposição. Isso significa que estão afastando as diferenças em nome de um interesse comum?? NT – É verdade, nós conseguimos. É uma comissão multipartidária, não tem muita questão de ideologia na linha de frente, é pelo bem do Brasil. IM – Na melhor das hipóteses, o senhor espera voltar dos Estados Unidos com algo de concreto na mão? NT – Queremos abrir um canal de diálogo pacífico a nível parlamentar e que isso possa refletir a nível do Executivo. Se a missão conseguir isso, já vai ter cumprido seu objetivo. Porque até onde a gente sabe, o Executivo tem tido muita dificuldade de conversar com Washington. Estamos aqui para tentar distensionar isso e facilitar o diálogo, inclusive, para o Executivo.The post “Queremos abrir um canal de diálogo”, diz líder de missão oficial do Senado nos EUA appeared first on InfoMoney.