O impasse nas negociações comerciais entre Brasil e os Estados Unidos pressionaram mais uma vez o Ibovespa (IBOV), mesmo com novos recordes em Wall Street.Nesta segunda-feira (28), o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com queda de 1,04%, aos 132.129,26 pontos — no menor nível desde março. Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5899, com alta de 0,50%. No cenário doméstico, as movimentações do governo nas negociações com a Casa Branca concentraram as atenções.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que reflita sobre a importância do Brasil e negocie as tarifas comerciais impostas ao país, em discurso durante cerimônia da inauguração de usina termelétrica a gás natural no Estado do Rio de Janeiro.Os investidores também operaram à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A expectativa do mercado é de manutenção dos juros em 15% ao ano.Na atualização mais recente, datada da última sexta-feira (25), a precificação das opções de Copom negociadas na B3 indicava 96,11% de chances de manutenção da Selic, contra 2,85% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base.No Boletim Focus desta segunda-feira (28), os economistas ouvidos pelo BC cortaram a projeção para a inflação de 5,10% e 4,45% em 2025. A aposta para o câmbio também caiu de R$ 5,65 para R$ 5,60 em dezembro deste ano.O BC ainda divulgou novos dados sobre o mercado de crédito. Segundo a autarquia, as concessões de crédito caíram 3,1% em junho ante maio, com recuo de 7,5% no segmento de empresas e alta de 1,4% para pessoas físicas.Na avaliação do diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, as condições de crédito no Brasil continuarão a enfrentar “ventos contrários nos próximos meses”.Altas e quedas no IbovespaNo Ibovespa, a ponta negativa foi liderada pelas companhias de varejo, pressionadas pela queda na concessão de crédito e avanço dos juros futuros. Vivara (VIVA3) figurou como a ação com pior desempenho da sessão, com baixa de mais de 5%.Entre os pesos-pesados, o tom foi misto: Petrobras (PETR3;PETR4) subiu na esteira do petróleo Brent. O contrato mais líquido da commodity fechou em alta de 2,45%, a US$ 69,32 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres, com novas ameaças de Trump à Rússia em prol de um cessar-fogo com a Ucrânia.Já as ações da Vale (VALE3) caíram quase 1% em linha com o desempenho do minério de ferro.A ponta positiva do Ibovespa foi liderada por São Martinho (SMTO3). Os papéis da companhia reagiram ao anúncio de pagamento de juros sobre capital próprio (JCP). Na noite da última sexta-feira (25), o conselho de administração aprovou a distribuição de R$ 150 milhões em JCP, equivalente a R$ 0,456512899 por ação.O pagamento dos proventos será destinado aos acionistas com posição acionária em 30 de julho e as ações passam a ser negociadas ex-JPC no dia seguinte, 31.VEJA TAMBÉM: Money Picks traz as principais recomendações do mercado para o mês; acesse gratuitamenteExterior Os índices de Wall Street fecharam sem direção única com as negociações tarifárias entre os Estados Unidos e os países parceiros, balanços e expectativa para a decisão do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).S&P 500 e Nasdaq, mais uma vez, renovaram os recordes históricos de fechamento.Ontem (27), o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou um acordo tarifário com a União Europeia (UE). Os produtos produzidos por países-membros do bloco econômico serão taxados em 15%, além de compras de energia e equipamentos militares norte-americanos e US$ 6000 bilhões em investimentos da UE nos EUA.Na ocasião, o chefe da Casa Branca também afirmou que não irá adiar o prazo para impor as tarifas de importação aos parceiros comerciais.Até agora, os EUA firmaram acordos com Reino Unido, Japão, Indonésia e Filipinas, além da UE.Já nesta segunda-feira (28), representantes comerciais dos EUA e da China retomaram as negociações, que devem continuar ao longo desta semana.Confira o fechamento dos índices: Dow Jones: -0,14%, aos 44.837,56 pontos;S&P 500: +0,02%, aos 6.389,77 pontos — no maior nível nominal; Nasdaq: +0,33%, aos 21.178,58 pontos — no maior nível nominal.Na Ásia, os índices encerraram a sessão sem direção única na expectativa de um acordo entre EUA e China. Entre os principais índices asiáticos, o Nikkei, do Japão, caiu 1,10%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, teve ganho de 0,68%.Na Europa, os mercados terminaram o pregão em queda com os investidores avaliando o acordo EUA-UE. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com queda de 0,22%, aos 548,76 pontos.