A grande discussão do Brasil no momento é se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria ou não “pegar o telefone” e ligar diretamente para o seu par nos Estados Unidos, Donald Trump, afim de resolver impasses políticos e negociarem um acordo comercial em melhores condições para o lado brasileiro. Porém, o país que tentou essa estratégia não teve sucesso.Trump afirmou em entrevista que o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, entrou em contato antes do prazo final das tarifas de 1º de agosto, mas revelou que não atendeu ao chamado. Ainda assim, seu governo anunciou a elevação das tarifas sobre produtos canadenses de 25% para 35%.“Não falamos com o Canadá hoje. Ele (Carney) ligou e vamos ver”, disse Trump a jornalistas durante um evento na Casa Branca.Giro do Mercado: Inscreva-se gratuitamente para receber lembretes e conferir o programa em primeira mão Mais cedo nesta quinta-feira, Trump deu a entender que motivação política poderia ser causa da animosidade com os canadenses, afirmando que seria “muito difícil” para os EUA e o Canadá chegarem a um acordo após os planos do vizinho de reconhecer a condição do Estado palestino. Mais tarde, no mesmo dia, no entanto, ele disse que não via a medida como “um obstáculo” nas negociações comerciais.“Bem, eles têm que pagar uma taxa justa – isso é tudo. É muito simples. Eles estão cobrando tarifas muito, muito altas de nossos agricultores, algumas acima de 200%, e estão tratando nossos agricultores muito mal”, disse Trump ao ser questionado sobre as negociações, acrescentando também que ama o Canadá.O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse que o Canadá poderia evitar a taxa tarifária de 35% se Carney “começar a usar o charme e se ele retirar sua retaliação”.Brasil liga, “mas ninguém atende”O caso brasileiro também tem claros sinais “que tem boi na linha” entre as partes. Os que defendem uma tentativa de ligação de Lula à Trump afirmam é necessário distensionar a relação e flexibilizar (ou ceder) em pontos apontados pelo norte-americano em carta/post enviada ao Brasil por rede social.Do outro lado, quem é contra Lula “discar” para o código de área +1 diz que o país não pode se curvar a termos impossíveis de serem atendidos (intervenção na justiça por Jair Bolsonaro), além ser necessário um trabalho diplomático prévio entre representantes dos dois países.O fato é que Lula, pelo menos em discurso, afirma estar disponível para um contato que seja e ter colocado o vice-presidente Geraldo Alckmin na liderança das negociações (ou tentativa de uma). Esse sim parece ter tentado ligar, mas até poucos dias “ninguém atendia”.“É preciso conversar. E está aqui meu conversador número 1. Ninguém pode dizer que o Alckmin não quer conversar. Todo dia ele liga para alguém, e ninguém quer conversar com ele”, disse Lula há uma semana.“Eu queria dizer para o Trump outra vez que esse moço aqui Geraldo Alckmin é meu vice-presidente, é o cara mais calmo que eu conheço na vida. Esse cara é um exímio negociador. Não manda carta, não levanta a voz, ele só quer conversar”, afirmou Lula apresentando as credenciais de Alckmin, que foi governador de São Paulo por quatro mandatos e um ex-tucano de alta plumagem.Nesta quarta-feira (30), o governo dos Estados Unidos oficializou uma tarifa de 50% para exportações do Brasil, junto com uma lista grande exceções. Dias antes, declarações de representantes do governo brasileiro diziam terem conseguidos alguns avanços com membros da equipe do governo Trump, mas sempre sem a confirmação de interesse do outro lado.No início de julho, Trump afirmou que pode “conversar” com Lula em algum momento, “mas não agora”.“O dia que você (Trump) quiser conversar o Brasil estará preparado para discutir e para tentar mostrar o quanto você foi enganado com as informações que te deram. E você vai saber a verdade sobre o Brasil”, disse Lula há uma semana.Com informações da Reuters