O Dia Internacional do Orgasmo, celebrado em 31 de julho, chama atenção para as possibilidades de empreendedorismo no mercado do bem-estar sexual. Mais do que prazer, o segmento não se limita à venda de produtos, mas também inclui serviços e experiências que promovem a saúde íntima, o autocuidado e a realização entre quatro paredes.O analista de Competitividade do Sebrae, Flávio Petry, considera que o setor tem alto potencial para pequenos empreendimentos.O mercado oferece vários caminhos para quem quer empreender, desde a operação de um sex shop, comércio de moda íntima, terapias até a fabricação de dermocosméticos que estimulam o prazer com uso de plantas amazônicas, como o jambu. No Brasil, existem oportunidades para toda a cadeia se estruturar.Flávio Petry, analista de Competitividade do Sebrae.Ele acrescenta que, para quem já empreende no setor, as datas comerciais funcionam para atrair a atenção de consumidores. “O Natal do setor é, sem dúvida, o Dia dos Namorados, mas cada vez mais datas como o Dia Internacional do Orgasmo são utilizadas como estratégias de marketing das empresas”, comenta.Chá de lingerie é uma das atividades que movimenta as vendas do setor. Foto: Divulgação.Potencial de impacto e inovaçãoÀ frente da organização da Íntimi Expo em São Paulo desde 2015, Susi Guedes conhece o mercado de perto. Todos os anos, ela realiza a feira que é referência para quem quer conhecer os lançamentos do mercado, comprar para revender ou ter acesso a conteúdos para se aperfeiçoar. São aproximadamente 80 expositores representados por mais de 300 marcas nacionais e internacionais.Susi avalia que o segmento atua de forma muita ampla e tem muitas peculiaridades, o que se reflete nos diferentes perfis de frequentadores do evento.Há muitos vendedores on-line, atacadistas, varejistas, lojas sofisticadas e outras mais simples, bem como grandes redes e lojinhas de bairro, organizadoras de eventos femininos e revendedoras porta a porta que, nesse último caso, somam um número bastante expressivo e representam uma força fundamental para vendas e divulgação dos produtos.Susi Guedes, empreendedora.Estudiosa de assuntos relacionados ao setor e frequentadora de feiras internacionais, ela também conta que as evoluções do mercado foram imensas, mas ainda há muito a ser explorado.“Os produtos que focam diretamente no bem-estar estão cativando um público cada vez maior. São aromas, funções, texturas, embalagens e variedade que ampliam o uso, saindo do foco exclusivo do ato sexual e buscando abranger uma experiência sensorial que pode acompanhar o cliente muito além da intimidade. Esse conceito tem expandido as possibilidades e os negócios”, acrescenta.Miriam começou no setor há 13 anos, como revendedora porta a porta. Foto: Arquivo pessoal.Quebrando tabusAos 65 anos, a microempreendedora individual (MEI) Miriam Rosi é dona do sex shop Sexy Home. Sua trajetória no ramo começou há 13 anos ao visitar a feira Íntimi Expo a convite de uma amiga e se tornou revendedora porta a porta. Desde o começo, ela entende que navegar por esse território exige sensibilidade, estratégia e disposição para quebrar paradigmas.“Eu não queria que fosse apenas uma relação de compra e venda. Foi então que busquei uma formação na área e me tornei sexóloga e educadora sexual”, relembra. Miriam diz que o apoio da família em casa foi fundamental para empreender no segmento, que apresenta muitos desafios.“O tabu ainda existe e, para mim, foi muito importante ter uma formação no assunto porque é preciso tratar do tema com suavidade, respeito e discrição. É importante ter uma postura profissional. Com isso, crio uma relação de confiança com meus clientes e consigo fidelizá-los”, revela.Miriam é coautora do livro “Quais de mim você procura? Mulheres do bem-estar sexual”. Foto: Arquivo pessoal.Atualmente, além das vendas on-line, ela atende em chá de lingeries, organiza reuniões para amigas, dá palestras e participa de eventos e parcerias com outros profissionais do ramo. Com foco na sexualidade da geração 60+, a MEI é coautora do livro recém-lançado “Quais de mim você procura? Mulheres do bem-estar sexual”, organizado por Fabi Navas, mentora de mulheres.“Nos eventos, encontro mulheres da minha geração que querem empreender. Elas me veem articulada, falando de sexualidade e compartilham comigo que querem fazer alguma coisa que não seja apenas artesanato”, argumenta.Quer empreender no mercado de bem-estar sexual?Para orientar os empreendedores, o Sebrae oferece diversos conteúdos específicos na seção “Ideias de Negócios” no seu portal. Um deles é sobre como montar um sex shop. Ao se cadastrar gratuitamente no site é possível acessar o material que funciona como um guia de informações essenciais, como os cuidados na hora de contratar colaboradores para a loja, por exemplo.