Entenda os efeitos diretos do tarifaço de Trump sobre o Brasil e veja quais produtos ficarão isentos

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O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou nesta terça-feira (29) que produtos não cultivados em solo norte-americano — como cacau, manga, abacaxi e café — poderão ser isentos de tarifas de importação. A declaração ocorre às vésperas da entrada em vigor da nova taxação de cinquenta por cento imposta por Donald Trump sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA. A medida começa a valer na próxima sexta-feira (1º).Apesar de não mencionar diretamente o Brasil, Lutnick destacou que a tarifa zero seria aplicada a produtos que os EUA não produzem internamente. “O presidente [Trump] incluiu que, se você cultivar algo e nós não cultivarmos, isso pode chegar a zero. Portanto, se fizermos um acordo com um país que cultiva manga ou abacaxi, eles podem entrar sem tarifa. O café e o cacau seriam outros exemplos de recursos naturais”, disse o secretário em entrevista à emissora norte-americana CNBC. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp Efeitos diretos sobre o BrasilOs Estados Unidos são os maiores compradores de café brasileiro — tanto torrado quanto não torrado. Em junho, o país importou 15,9% do café não torrado vendido pelo Brasil, somando US$ 148,2 milhões. Já no segmento de café torrado, que inclui extratos e essências, os norte-americanos foram responsáveis por 23,4% das compras, movimentando US$ 21 milhões.No setor do cacau, os EUA também lideraram as aquisições em junho, com 42,6% das compras de produtos como manteiga, pasta e cacau em pó — o equivalente a US$ 22,5 milhões. Quanto aos chocolates e outras preparações alimentícias com cacau, os norte-americanos ocuparam a segunda posição entre os compradores, atrás apenas da Argentina, com compras na casa de US$ 2,4 milhões.Resposta do governo brasileiroDiante da ofensiva comercial dos EUA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou um comitê interministerial para avaliar os impactos da nova tarifa e articular respostas. O grupo é coordenado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também chefia o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Desde a sua criação, o comitê vem ouvindo representantes de setores empresariais afetados.Contexto do tarifaçoO anúncio do tarifaço foi feito por Donald Trump em 9 de julho, alegando que a medida seria uma retaliação à postura do governo brasileiro com relação à liberdade de expressão de empresas norte-americanas e ao tratamento dispensado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro, que está inelegível até 2030, responde a ações no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado e por ameaças ao Estado Democrático de Direito. Segundo Trump, os processos configurariam uma “caça às bruxas” e deveriam “terminar imediatamente”.A imposição da tarifa de 50% entra em vigor em 1º de agosto e poderá afetar duramente setores do agronegócio e da indústria brasileira — a menos que produtos como café, manga, cacau e abacaxi recebam tratamento diferenciado, como indicou o secretário norte-americano. Leia também Questões a resolver com os EUA passam por etanol e terras raras, diz Simone Tebet Tarcísio manda vice para reunião de governadores com Alckmin sobre tarifaço