O Brasil tem a segunda maior reserva desses minerais, com cerca de 21 milhões de toneladas, o que corresponde a 23% das reservas mundiais. A informação é do Ministério de Minas e Energia (MME), que está na fase final da elaboração de uma política pública para os minerais críticos e estratégicos. O documento é desenvolvido pela Secretaria Nacional de Geologia e Mineração e deve ser lançada neste segundo semestre, segundo o MME informou ao InfoMoney.Os minerais focam colocados nos holofotes após o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, afirmar, na última semana, que o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, manifestou interesse do governo norte-americano nos minerais críticos e estratégicos do Brasil. Uma eventual exploração dos minerais poderia, portanto, fazer parte do acordo comercial que o governo brasileiro tenta negociar com o americano. Leia também: Lula estaria disposto ao diálogo, mas Trump não abre espaço, dizem interlocutoresOntem (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as riquezas do país serão usufruídas pelo povo brasileiro. O presidente criticou o interesse dos Estados Unidos (EUA) nos minerais críticos e disse que as empresas privadas poderão pesquisar o território nacional mas “sob o nosso controle”.O que são minerais de terras raras?Segundo professor do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília, Nilson Francisquini Botelho, as terras raras fazem parte de grupo de metais que são chamados de metais estratégicos e também de metais críticos. “Ele têm uma importante aplicação tecnológica em várias áreas, tem utilização em larga escala e são produtos de alta tecnologia”, explica. É um grupo de 17 elementos que está em diversos objetos. “Da tela do celular até o aparelho de ressonância magnética. Esses materiais são muito necessários para novas tecnologias e, com o avanço da energia eólica, a demanda principal do crescimento é em função disso”, detalha o professor.Botelho afirma ainda que estes metais têm valores da ordem de 100 vezes ou mais em relação aos minérios mais convencionais, por isso, podem trazer muito dinheiro para o Brasil. Já existe exploração no Brasil?De acordo com o professor da Unicamp e diretor executivo da Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro, Roberto Xavier, o Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras do mundo, ficando atrás apenas da China. No entanto, segundo ele, a nossa produção é ínfima. “Só existe hoje uma única empresa que já está produzindo de forma econômica concentrados de óxidos de terras raras e já está vendendo”, explica o professor da Unicamp.Já o professor Nilson Botelho diz que o único projeto que está sendo feito em Goiás, numa região pobre, gera bilhões de dólares. “Isso, seguramente, traz benefício, desde que seja feito de maneira responsável. O que que explicaria, por exemplo, a resistência do governo Lula em colocar isso na mesa de negociação com Trump”, acrescenta. Por que o interesse dos americanos? “Não é só os Estados Unidos, qualquer país tem interesse em fazer pesquisa e extrair terras raras aqui no Brasil. Isso já está ocorrendo”, afirma o professor Roberto Xavier.Segundo Xavier, a grande parte das empresas que estão fazendo pesquisa mineral hoje no país em terras raras são australianas e canadenses. Outros países, como os Estados Unidos, podem vir ao país realizar negócios ou começar pesquisas: nem mesmo a extração é proibida, desde que siga todas as normas brasileiras. Já existe no Congresso Nacional um Projeto sobre o assunto e o Ministério pretende compatibilizar as duas propostas, para consolidar o Brasil como um protagonista global na cadeia de terras raras.The post Minerais de terras raras: o que são e por que o interesse dos Estados Unidos? appeared first on InfoMoney.