Por delação, defesa diz que Cid rompeu ciclo de obediência e hierarquia

Wait 5 sec.

Em alegações finais, a defesa do tenente-coronel Mauro Cid defendeu nesta terça-feira (29) a manutenção da delação premiada e afirmou que o militar rompeu o ciclo de obediência e hierarquia de seus superiores ao fechar o acordo.Segundo a defesa, o tenente-coronel apresentou “coragem moral” ao “romper a convenção de silêncio estabelecido entre os investigados, em especial, figuras de alta relevância política e institucional”.Mauro Cid era ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) no período em que teria ocorrido o plano de golpe, após as eleições de 2022.No documento enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), os advogados ainda alegam que Cid, ao fechar o acordo de delação, se colocou em situação de “extrema vulnerabilidade”.“Mesmo ciente de que sua postura [de delator] enfrentaria forte resistência, represálias e de certa forma, coação por parte de seus antigos aliados, superiores e demais corréus — especialmente os ligados ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro”, dizem os advogados.“O colaborador rompeu esse ciclo de obediência hierárquica, institucional e pessoal que historicamente caracteriza a lealdade cega entre subordinados militares e figuras centrais do poder político”, completou.Os advogados ainda ponderam que Cid foi o único que se apresentou voluntariamente para colaborar com as autoridades nas investigações. “Isolou-se, perdeu aqueles que considerava seus amigos, a convivência em sociedade, o exercício de sua profissão, foi e continua sendo taxado de traidor. Essa dissidência incomum e corajosa teve consequências concretas.”Segundo a defesa, o tenente-coronel sofreu retaliação moral e psicológica constante e coordenado, pelas redes sociais, meios alternativos de comunicação e articulações político-institucionais, como também o próprio relator Alexandre de Moraes e o Supremo.Quando fechou a delação, Cid pediu o perdão judicial ou a redução máxima da pena de reclusão limitada a dois anos; que a pena seja convertida em restritiva de direitos; devolução dos bens e valores apreendidos, desde que seja demonstrada a origem lícita desses recursos; a extensão dos benefícios concedidos aos seus familiares próximos — especificamente pai, esposa e filha maior de idade e; a inclusão no programa de proteção à testemunha, com garantias efetivas de segurança pessoal.Nas alegações finais da PGR, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu a condenação dos oito réus desse primeiro grupo.No caso de Mauro Cid, a PGR pediu que ele tenha a pena reduzida a 1/3 da condenação dos crimes imputados. Gonet ressaltou que, mesmo com a colaboração, Cid manteve condutas de incompatíveis com a boa-fé e fez omissões.