A defesa do tenente-coronel Mauro Cid citou o regime da ditadura militar no Brasil ao pedir a absolvição do ex-ajudante de ordens presidencial ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (29).Os advogados apontaram a responsabilidade da Corte em relação ao caso ao realizar comparação com o período do regime militar, quando o sistema de Justiça vivia “momentos críticos”. Leia Mais Cid sempre acreditou que Bolsonaro não assinaria minuta, diz defesa Marcelo Câmara pede acareação com Cid sobre monitoramento de autoridades Defesa diz que Cid rompeu ciclo de obediência e hierarquia “Durante o regime instaurado em 1964, vimos o sistema judicial ser, em momentos críticos, instrumentalizado para calar dissensos e condenar sem a devida comprovação. Eram condenações baseadas em contextos e cargos, e não em atos e provas”, destacaram os advogados.“Em tempos sombrios, confundiram função com autoria, proximidade com culpabilidade, opinião com crime. E como alertou o ministro Victor Nunes Leal — cassado injustamente por defender a Constituição pelo AI5/68: ‘É nos momentos de crise que mais se exige dos juízes a altivez serena e a coragem silenciosa de aplicar a lei contra o clamor e a favor do Direito”, complementou a defesa.No documento de 78 páginas encaminhado ao Supremo, a defesa do tenente-coronel reiterou a integridade da delação e pediu o perdão judicial para o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).Os advogados de Cid acusam de “deslealdade” a PGR (Procuradoria-Geral da República), que teriam abandonado “à própria sorte” o delator após usar todas as informações compartilhadas por ele.Na manifestação de acusação, o procurador-geral Paulo Gonet defendeu que Mauro Cid receba apenas a redução de 1/3 da pena por sua contribuição, mas não o benefício integral. Gonet argumentou que o ex-ajudante de ordens omitiu informações relevantes e resistiu ao cumprimento integral do acordo.Os advogados argumentam que a PGR reconhece que as informações reveladas por Cid contribuíram para os esclarecimentos dos fatos e que, portanto, é “incompatível” o pedido de redução do benefício do acordo.A etapa de alegações finais é a última do processo de ação penal para apresentação das considerações das defesas antes do julgamento pelo plenário da Primeira Turma do STF.