IFR, volatilidade e ETFs: o que você precisa saber para investir em criptomoedas

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Criptomoedas e ativos de risco vêm ganhando cada vez mais espaço na carteira do investidor brasileiro. Impulsionado por um ambiente global de juros elevados, desconfiança sobre moedas fiduciárias e maior acesso a plataformas de negociação, o debate sobre criptoativos deixou de ser nichado — e passou a ocupar lugar de destaque até mesmo em eventos tradicionais de mercado.Esse avanço ficou evidente na Expert XP 2025, durante o painel “Cripto e renda variável sob múltiplas lentes: IFR, visão macro e execução de mercado”. Mediado por Aryane Oliveira (analista CNPI na XP), o encontro reuniu José Mograbi, trader e influenciados XP, e Alexandre Wolwacz — o Stormer —, referência em análise técnica, sócio-fundador da Liberta investimentos. Em foco: estratégias, riscos e os caminhos possíveis para quem quer navegar no mundo das criptos sem perder o pé na realidade do mercado.Leia tambémDe olho no trader, B3 mira contrato futuro de petróleo e amplia gama de derivativosContratos futuros de Ethereum, Solana e ouro ampliam a prateleira da Bolsa e atraem traders com mais acessibilidade, liquidez e segurança regulatóriaCriptoJosé Mograbi trouxe uma leitura da conjuntura global, enfatizando o que chama de “empobrecimento silencioso” das economias, impulsionado pela emissão excessiva de moeda por governos endividados. “Os juros parecem que não são mais tão eficazes quanto antes para conter a inflação. O mundo está cada vez mais inflacionado”, destacou.Nesse cenário, Mograbi defende o uso de criptoativos como ferramenta de diversificação, mas com cautela. “Tenho 5% da carteira em cripto, sempre via ETFs, que considero mais imediatos e com proteção regulatória.” Para ele, o Bitcoin ainda não se consolidou como “reserva de valor digital”, dada sua volatilidade, mas pontua: “Como ativo direcional, ele premia mais o holder do que o trader. Quem segura carrega mais risco e, por isso, mais potencial de retorno.”Bitcoin, dólar e a ruptura da confiançaStormer foi incisivo ao apontar a crise de confiança no sistema financeiro tradicional. “O que estamos vendo não é uma alta do Bitcoin, é uma desvalorização do dólar. A inflação está corroendo as moedas fiduciárias, enquanto o BTC tem oferta limitada.”Ele relembrou o episódio da guerra entre Rússia e Ucrânia, quando contas bancárias de cidadãos russos foram congeladas até mesmo na Suíça. “Aquilo destruiu a percepção de neutralidade bancária. Muitos entenderam que nem a Suíça era mais segura. A partir daí, vimos uma migração para o Bitcoin como alternativa real.”Apesar disso, ele pondera que o Bitcoin não deve ser visto como substituto do ouro. “O Bitcoin nunca será o ouro digital. O ouro continua sendo mais estável. Em uma crise, o Bitcoin reage muito rápido, o que pode ser bom ou ruim. A volatilidade está ligada à liquidez — e isso é estrutural.” Ainda assim, ele defende o BTC como uma reserva moderna, especialmente para investidores mais jovens e com maior apetite a risco.Leia tambémB3 (B3SA3) irá funcionar das 8h às 20h, com futuros de bitcoin, a partir de outubroNovidade, anunciada na Expert XP, começará com contratos futuros de Bitcoin e poderá ser ampliada a outros ativos, diz executivo da B3Estratégias, indicadores e recomendações práticasQuando o assunto é operação, Stormer acredita que a melhor forma de capturar valor no mercado de cripto é via swing trade, com gráficos de 4 horas e uso da média móvel exponencial de 70 períodos, além do estocástico com zonas de sobrecompra e sobrevenda definidas em 20 e 80. “Não uso IFR em cripto, acho pouco útil nesse mercado. E não acredito em day trade em criptomoedas. Funciona melhor a partir de prazos médios, onde o ruído é menor.”Stormer também ressaltou que a análise técnica segue válida quando adaptada ao comportamento desses ativos. Ele vê valor na leitura de padrões gráficos clássicos, combinada com volatilidade e liquidez. “Cripto é um mercado de impulso e comportamento coletivo. Por isso, tempo gráfico e consistência técnica fazem toda a diferença”, pontuou.Leia tambémBrasileiros realizam lucro com alta do bitcoin e migram para renda fixa e stablecoinsSegundo dados da Anbima, o fundo Hashdex Nasdaq Bitcoin Reference Price Fundo de Índice, sob gestão da Hashdex, teve retiradas de R$ 59.465.934,54 entre os dias 8 e 16 de julho de 2025Sobre custódia, defende que ETFs ou custódia própria são os melhores caminhos para a maioria das pessoas. “Não é todo mundo que quer ou consegue cuidar de sua própria chave privada. Para o investidor médio, o ETF oferece segurança, simplicidade e exposição regulada.”Ele também recomenda uma alocação progressiva em cripto conforme o perfil de risco: “Quem está começando pode ter de 5% a 10%. Eu mesmo tenho entre 60% e 70% da carteira em cripto. Acredito no setor, mas opero com consciência de risco e foco em acumular mais Bitcoin ao longo do tempo.”Em relação aos ativos preferidos, Stormer não hesitou: Bitcoin, Ethereum, Solana, Ripple, e pode-se pensar em algo como Injective, Ondo e Sui. “Opero outras moedas com o único objetivo de crescer minha reserva em BTC. Para mim, Bitcoin é o ativo final.”Leia tambémTrump diz que gosta de dólar forte, mas “você ganha muito mais” com ele mais fracoO índice do dólar, que mede a força da moeda norte-americana em relação a seis das principais divisas, estabilizou-se nesta sexta após atingir mínimas de duas semanasIFR, volatilidade e o papel das instituiçõesAryane Oliveira, que conduziu o painel, destacou o avanço institucional das criptomoedas, principalmente diante da busca de países por alternativas ao dólar como reserva. Ela também comentou o uso técnico do Índice de Força Relativa (IFR) em criptoativos. “Utilizo o IFR 14 como padrão, olhando as zonas de suporte e resistência, principalmente nos gráficos de 4 horas e 60 minutos. A leitura precisa estar casada com contexto, volatilidade e comportamento de preço.”O debate deixou claro que, seja pela ótica macroeconômica ou técnica, o universo cripto está se tornando cada vez mais relevante para o investidor brasileiro. Mas, como frisaram os especialistas, navegar nesse mercado exige estratégia, disciplina e — sobretudo — compreensão de que o risco anda lado a lado com o retorno.Guias de análise técnica:O que é uma linha de tendência na análise gráfica?O que são médias móveis e como usá-la para estratégia de TradeBandas de Bollinger: como usar e interpretar?Confira mais conteúdos sobre análise técnica no IM Trader. Diariamente, o InfoMoney publica o que esperar dos minicontratos de dólar e índice. The post IFR, volatilidade e ETFs: o que você precisa saber para investir em criptomoedas appeared first on InfoMoney.