Wakanda… Para sempre!Em meio às inúmeras tentativas da Marvel de expandir seu Universo Cinematográfico para além das telonas, Olhos de Wakanda surge como o projeto mais cuidadoso e respeitoso com o legado que carrega.Dividida em quatro episódios aparentemente independentes, a série animada nos leva a conhecer um lado pouco explorado da nação africana, sempre colocando a sobrevivência e a proteção do seu povo acima de tudo.O primeiro capítulo acompanha Noni, uma guerreira rejeitada pelas Dora Milaje por não se adaptar ao grupo. Como consequência, recebe uma missão solo: recuperar artefatos roubados por um traidor de Wakanda.Apesar de não ostentar o título de Dora Milaje, Noni domina o mesmo treinamento das Guerreiras de Elite do Pantera Negra e isso se reflete em cada combate. Sua maestria no uso do vibranium transforma as armas em extensões naturais de seu corpo, garantindo duelos viscerais e envolventes.Mesmo em terreno desconhecido, Noni parece estar sempre um passo à frente do inimigo. Mas ela está longe de ser aquele tipo de protagonista presunçosa e confiante demais para nos relacionarmos.O público torce por ela, entende sua frustração e acompanha os sacrifícios que a personagem é obrigada a encarar.Com 4 histórias e protagonistas tão diferentes, escolher essa trama como porta de entrada para Olhos de Wakanda é mais um dos acertos da série.A partir daí, a antologia amplia horizontes.O segundo episódio revisita a Guerra de Troia sob a perspectiva de B’Kai, um Cão de Guerra de Wakanda que na Grécia é conhecido como Memnon.A relação entre Aquiles e Memnon é construída de maneira natural, sempre com destaque para a confiança e a lealdade entre os personagens, o que torna os momentos finais do capítulo ainda mais intensos.O capítulo serve para nos mostrar como Wakanda sempre esteve envolvida nos grandes eventos da humanidade, mas escondidos por trás de suas missões. Os Hatut Zeraze são verdadeiros Fantasmas de Wakanda, permeando a história sem jamais serem vistos e sem se importar com a Lenda que será contada.O estilo de animação é um espetáculo à parte, lembrando verdadeiras pinturas em movimento. As coreografias de luta, ágeis, fluidas e criativas, chamam atenção ao ponto de evocarem facilmente a atmosfera de um Assassin’s Creed ambientado em Wakanda.O terceiro episódio é o mais próximo de um fan-service: abre as portas da Cidade Dourada, nos mostra como Wakanda é uma nação avançada e apresenta uma nova Punho de Ferro. No caso, Jorani, que comprova a força do título e entrega uma das histórias mais convincentes ligadas a K’un Lun.Fãs de Danny Rand não precisam se preocupar. A personagem não vem para roubar o posto do herói, mas sim para deixar a historia do Punho de Ferro ainda mais rica dentro do Universo Cinematográfico Marvel.Já o último capítulo conecta todas as narrativas e as ancora diretamente ao cinema, servindo de prelúdio para os acontecimentos de Pantera Negra. O desfecho ajuda a entender melhor os eventos que levaram à ascensão de Killmonger e reforça a visão de T’Challa como o verdadeiro Pantera Negra.No fim, Olhos de Wakanda entrega aquilo que muitas produções recentes da Marvel não conseguiram: relevância, impacto e cuidado em cada detalhe.Seja pela animação deslumbrante, pelas batalhas memoráveis ou pela forma como expande o universo de Wakanda, a série se firma como um dos pontos mais altos da Marvel no Disney+.Em tempos em que a própria Casa das Ideias parece estar mudando o modo como seu Universo Cinematográfico será conduzido daqui pra frente, a série funciona quase como uma despedida agridoce mostrando o potencial que as produções poderiam ter alcançado caso fossem tratadas com o mesmo carinho e respeito de Olhos de Wakanda.Fonte: Legião dos Heróis.