Após reabilitação, peixes-boi ameaçados de extinção retornam à natureza

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Em um importante marco para a conservação da fauna amazônica, dez peixes-boi-da-Amazônia (Trichechus inunguis) foram reintegrados ao ambiente natural na Comunidade Igarapé do Costa, em Santarém, oeste do Pará.Os animais, que estão em risco por ameaça de extinção, foram soltos após passarem por um rigoroso processo de reabilitação conduzido pelo Zoológico da Universidade da Amazônia (Zoounama).A soltura ocorreu na última quarta-feira (16) e celebrou mais uma fase do Projeto Peixe-Boi da Amazônia, ativo desde 2008. O evento contou com a presença de autoridades ambientais, representantes da universidade e moradores da comunidade escolhida para receber os animais.A localidade, que fica em uma Área de Proteção Ambiental (APA), foi selecionada por apresentar forte consciência ecológica, respeito à biodiversidade e histórico de colaboração com ações de proteção da fauna aquática.Os dez peixes-boi soltos, entre eles sete machos e três fêmeas, foram resgatados ainda filhotes, entre 2019 e 2020, em municípios da região oeste do estado.Órfãos, desnutridos e, muitas vezes, feridos por ações humanas, como a caça de fêmeas lactantes, os animais chegaram ao Zoounama com quadros graves de desidratação, infecções e traumas físicos.Durante os anos em cativeiro, os filhotes receberam dieta especializada, suplementação vitamínica, tratamento médico-veterinário e estímulos de ambientação. Leia mais Ônibus cai em ribanceira e deixa feridos no interior do Pará Baleia-franca com rede de pesca na cabeça é flagrada no litoral de SC Vídeo: Tartaruga-gigante é vista no litoral do Espírito Santo Cada um dos peixes foi batizado com nomes que remetem à comunidade de origem ou à pessoa responsável pelo resgate, fortalecendo o vínculo entre os animais, os tratadores e os territórios locais.Antes da soltura definitiva, os peixes-boi passaram por um processo de aclimatação em tanques flutuantes instalados em um lago natural.O ambiente simula as condições do rio, com variação de pH, turbidez e movimento da água, etapa fundamental para a adaptação dos animais ao habitat original.Outro diferencial do projeto é o envolvimento comunitário. Dois dos tratadores que acompanharam o processo são moradores da Comunidade Igarapé do Costa, e outros profissionais do zoológico têm vínculos familiares com a localidade.Essa integração contribui para a valorização do conhecimento tradicional e para a continuidade das ações de proteção da espécie.A instituição, com estrutura composta por dez piscinas de fibra, equipe técnica multidisciplinar, lancha e veículos adaptados, atua em parceria com órgãos como IBAMA, ICMBio, Corpo de Bombeiros, Capitania Fluvial e polícias ambientais.