Retorno médio acionista fixa-se em 10% a nível global, com setor tecnológico a liderar

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O retorno médio acionista (TSR) a nível global fixou-se nos 9,8% ao ano entre 2020 e 2024, um ligeiro decréscimo face aos 12% por ano registados entre 2019 e 2023.Os dados são do relatório ‘2025 Value Creators Rankings: After a Decade of Growth, What’s Next?’, realizado pela Boston Consulting Group (BCG). A indústria de desenvolvimento de hardware foi novamente a que mais valor criou nos últimos cinco anos, gerando um retorno médio anual de 20%, e as indústrias tradicionais voltaram a crescer, com destaque para o setor mineiro que gerou um TSR de 16% por ano neste período.«Apesar do ligeiro abrandamento no retorno médio acionista, os resultados confirmam a resiliência dos principais setores económicos, com destaque para a liderança do setor tecnológico e a recuperação sólida das indústrias tradicionais», afirma Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa.«Este desempenho sublinha a importância de estratégias robustas e sustentáveis, sobretudo para as empresas europeias, atualmente sub-representadas no ranking, que devem acelerar a inovação e reforçar a sua capacidade de adaptação num contexto global em rápida transformação.» Tecnológicas lideram criação de valor e indústrias tradicionais voltam a crescerDas indústrias em análise neste estudo, são os setores tecnológicos que obtiveram melhor classificação em termos de criação de valor, em especial o de desenvolvimento de hardware que, impulsionado pela crescente relevância da Inteligência Artificial (IA), ocupa o lugar cimeiro neste ranking. Além deste, destacam-se ainda o setor de software e o de componentes elétricos, que ocupam os 4º e 10º lugares e registaram um retorno médio anual, entre 2020 e 2024, de 15,7% e 12,6%, respetivamente.Embora as empresas tecnológicas continuem a ser as principais criadoras de valor, a BCG realça a relevância das indústrias tradicionais, que, à semelhança dos cinco anos anteriores, continuam em forte crescimento, sendo responsáveis por um retorno acionista substancialmente acima da média do mercado entre 2020 e 2024.Nestas indústrias, destacam-se o setor da construção, que subiu um lugar neste ranking, passando a ocupar o 2º lugar, numa demonstração de evolução positiva em que o retorno médio gerado foi de 16% por ano; a indústria de minerais, posicionada no 3º lugar com um retorno anual de 15,8%; a indústria de maquinaria, em 5º lugar com um retorno de 15,2% ao ano; e a indústria metalúrgica, no 6º lugar, com um retorno médio acionista de 14,2% ao ano.Por oposição, entre os 35 setores analisados, a indústria do imobiliário ficou no último lugar, gerando um retorno acionista médio de 1,4%, atrás das indústrias de turismo e viagens e prestadores de serviço de comunicação que ocuparam a penúltima e antepenúltima posições da tabela, com retorno acionista médio de 3,7% e 4,3%, respetivamente.Do ponto de vista regional, as empresas da Ásia-Pacífico continuam a liderar o ranking de criação de valor, ocupando 68 posições das 100 primeiras a nível global, mais 17 em relação ao ano passado. As empresas norte-americanas desceram no ranking global de criação de valor, conquistando apenas 28 lugares do top 100, menos 10 das que obtiveram em 2024.Já as organizações europeias sofreram o maior declínio face ao ano anterior, estando significativamente sub-representadas entre as que criam maior valor, com apenas 3 dos 100 lugares de liderança, em comparação com os nove lugares conquistados no ranking de 2024. Estes dados revelam uma ascensão das novas potências económicas, por oposição à Europa, que tem vindo a perder competitividade entre os criadores de valor globais. Planeamento estratégico e reforço da resiliência perante um clima global de transformação são ações-chave Para que as empresas, em todos os setores, consigam criar valor e gerar bons retornos acionistas é essencial que definam uma estratégia clara que as impulsione de forma rentável e competitiva. Para tal, a BCG recomenda que as organizações apostem fortemente na inovação para identificar novas formas de gerar valor a longo prazo. Dado o ambiente macroeconómico volátil e os desafios impostos pelas transformações no comércio global, as organizações devem também garantir uma gestão eficiente de custos e investir num crescimento sustentável, que lhes confira resiliência e as prepare para enfrentarem flutuações inesperadas no mercado. Além disso, a criação de valor depende de quatro elementos essenciais: crescimento da receita, crescimento das margens de lucro, multiplicadores de avaliação e distribuições de capitais (como, por exemplo, dividendos e aquisições de ações).Assim, as empresas precisam de analisar de que forma os fatores externos, como a inflação, as tarifas ou as barreiras de importação, podem afetar o seu acesso ao mercado e as margens, diminuindo o crescimento de receitas e lucros. Neste contexto, as organizações devem implementar uma abordagem rigorosa que identifique e avalie as transformações de mercado, adaptando-se às mudanças de forma ágil, estratégica e assertiva. Finalmente, é crucial que as empresas desenvolvam planos de criação de valor realistas e adaptáveis, comunicando claramente as suas estratégias para atrair investimento e fortalecer a competitividade.As empresas que conseguem criar mais valor são aquelas que conseguirem adaptar-se ao ambiente global em constante mudança e fizerem os ajustes necessários nas suas operações e estratégias, de forma a garantir a competitividade e a liderança no mercado a longo prazo.O ranking, construído a partir da análise do retorno acionista em 2.345 empresas de 35 setores diferentes entre 2020 e 2024, está disponível na íntegra aqui.O conteúdo Retorno médio acionista fixa-se em 10% a nível global, com setor tecnológico a liderar aparece primeiro em Revista Líder.