Os Índices Gerais de Preços (IGPs) monitorados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) estão registrando quedas desde março. Para entender a tendência, é importante saber do que é composto cada um dos indicadores. Essa sequência de resultados devem refletir no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil.Em julho, o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) caiu 1,65% após queda de 0,97% em junho. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) também teve queda no dado mais recente, de -1,67% em junho, após queda de 0,49% em maio. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) caiu 1,80% em junho, após queda de 0,85% em maio.Mês/ÍndiceIGP-10IGP-MIGP-DIJulho-1,65%––Junho-0,97%-1,67%-1,80%Maio-0,01%-0,49%-0,85%Abril-0,22%0,24%0,30%Março0,04%-0,34%-0,50%Fonte: FGVMas, por que os preços estão caindo?Segundo Matheus Dias, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, as quedas deste momento estão ligadas às questões sazonais das safras. E isso se reflete em um dos índices que compõem os IGPs, que capta os movimentos de custos dos produtores.Mas, para entender melhor o que os IGPs mostram, é preciso saber do que eles são feitos.Estes índices captam a pressão inflacionária em produtos e serviços em toda a cadeia produtiva, desde o produtor até o consumidor, incluindo também a construção civil. Os dados são coletados em sete capitais (BH, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio, São Paulo e Salvador) e resultam de uma média ponderada de outros três índices de preços.A composição é feita em 60% pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), o que coloca bastante peso nas matérias-primas e bens in natura; em 30% pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC); e em 10% pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). O que difere cada um deles é o período de coleta. O IGP-10 vai do dia 11 de um mês até o dia 10 do outro mês, o IGP-M pega do dia 21 de um mês até o dia 20 do outro mês; e o IGP-DI capta o mês fechado. A leitura dos dados mostra a evolução dos preços de forma mais detalhada.“Por mais que os dados tenham uma certa volatilidade, os índices normalmente andam para o mesmo lado. O IGP-10 pega parte das características do mês que se inicia. Já o IGP-M capta uma porção maior do mês de referência. Então se o IGP-10 e o IGP-M estão subindo, a tendência é que o IGP-DI suba também, porque pega o mês inteiro”, afirma Dias.Queda nos preços dos produtoresO dado mais recente do IGP-10 aponta uma queda acentuada em todas as etapas do IPA, que mede o preço do produtor. Em julho, essa redução no IPA foi de 2,42% após queda de 1,54% em junho.Dias cita como exemplo a cotação da soja, que está em queda. “Isso acaba refletindo também no valor do óleo de soja, que chega ao consumidor final – e essas duas variações de preços, do produtor e do consumidor, representam 90% da composição dos IGPs”, diz.Houve também queda no preço da gasolina após um reajuste da Petrobras para as distribuidoras. Por fim, o INCC, que inclui a mão de obra na construção civil, teve desaceleração devido à redução da frequência de reajuste salarial, explica Dias.Já o IGP-DI, que capta o mês inteiro, teve queda de 1,80% em junho. O resultado foi puxado pela queda de 2,72% do IPA após o resultado negativo do mês anterior, de -1,38%. Neste período, o café foi o motivo dos recuos porque houve queda expressiva nos preços ao produtor, o que já começa a impactar o varejo.Efeito na inflação e jurosSe os preços captados nos IGPs estão em queda, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também deve espelhar essa tendência. Mas isso não significa necessariamente que a política monetária de juros elevados, que busca frear a inflação e o consumo, chegará ao fim em breve, já que outros fatores impactam na atividade econômica.Leia também: Emprego estável e renda em alta: por que dados positivos carregam riscos à economia?Embora os preços tenham uma tendência de queda quando há desaceleração econômica por meio da queda da demanda, o que os IGPs mostram, segundo Dias, é um efeito sazonal e temporário devido às safras.Além disso, a atividade econômica é influenciada por diversos fatores. Enquanto os juros altos encarecem o crédito, adiando sonhos de consumo de famílias e planos de investimento de empresas, o mercado de trabalho segue aquecido. Dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) apontam um número recorde de contratos de carteira assinada e aumento da massa salarial, o que pressiona os preços por meio da demanda.Além disso, os juros altos tornam os títulos públicos atrativos para o investimento estrangeiro, o que injeta mais dólares na economia, desvalorizando o real e tornando os produtos importados mais atrativos – desde o aço importado da China até os bens de consumo mais desejados, o que pressiona a demanda.Assim, a queda nos IGPs, que tem na deflação dos alimentos um fator preponderante, não reflete, necessariamente, uma desaceleração econômica imediata.The post Inflação em baixa? Entenda o que significa a queda generalizada nos índices de preços appeared first on InfoMoney.