Tarifa de Trump e os FIIs: aversão a risco explica por que IFIX não para de cair

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O temor do mercado diante dos possíveis impactos da tarifa de importação de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros está afetando até mesmo um segmento do mercado de capitais sem relação direta com o comércio exterior: os fundos imobiliários. O IFIX, principal índice do setor, sofreu nesta segunda-feira (21) sua quinta queda consecutiva, de 0,61%, e fechou em 3.443,94. No mês de julho, o recuo acumulado é de 1,14%, depois de cinco meses consecutivos de resultado positivo.Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, explica que a queda do índice de FIIs se dá principalmente pelo crescimento da aversão ao risco que marca o comportamento dos investidores em momentos de incerteza como o atual. “O mercado de renda variável sempre sofre nesses momentos, com uma migração para a renda fixa, especialmente num momento de juros altos como o atual”, diz o especialista.Segundo Sung, o principal temor é que eventuais retaliações do governo brasileiro possam pressionar a inflação, devido ao aumento do custo de importações de produtos norte-americanos. Além disso, o presidente norte-americano Donald Trump ameaçou que poderia aumentar ainda mais a tarifa imposta ao Brasil caso o governo brasileiro coloque em prática algum aumento.Com maior risco de inflação, cresce o temor entre os agentes de mercado de que o Copom possa ser obrigado a reverter a decisão de encerrar o ciclo de alta da Selic, anunciado na reunião de junho. E a Selic em alta geralmente é vista de forma negativa pelo mercado de fundos imobiliários, especialmente para os segmentos de tijolo, devido ao risco de queda da atividade econômica e do consumo.Tarifa de Trump e FIIs: esperanças de reversãoGustavo Sung destaca que o mercado reagiu positivamente a falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o governo brasileiro seguirá em negociações com os EUA e que está disposto a adotar medidas para reduzir o impacto da tarifa em setores exportadores, como o agronegócio e a indústria de aviação.“A expectativa é que as negociações prossigam e o melhor dos cenários é que o Brasil consiga reduzir suas tarifas. De preferência, que se mantenha como um país com tarifa de 10%, como ficou definido em abril, quando Trump fez o primeiro anúncio, o ‘Liberation Day’”, diz o economista da Suno Research.Já quanto ao mercado de FIIs, a principal esperança para que o IFIX volte a subir é que a tarifa de 50% fique apenas na ameaça e que o ciclo macroeconômico atual se mantenha como planejado em junho: com inflação sob controle e tendência de queda da Selic a partir do fim do ano. “Se isso acontecer, a gente pode enxergar um ciclo virtuoso para os fundos imobiliários novamente”, projeta Sung.