A escalada das tensões comerciais voltou ao centro do radar da Kinitro Capital. “Estamos diante de uma economia americana resiliente, mas que pode acelerar a inflação nas próximas semanas por causa do protecionismo”, alertou o economista-chefe da gestora, Sávio Barbosa. Segundo ele, o avanço das tarifas deve representar um choque semelhante ao registrado durante a pandemia, especialmente nos índices de preços de importação. O movimento pode levar o núcleo da inflação de volta à faixa dos 3,5%, dificultando cortes de juros pelo Federal Reserve.A análise foi feita em conjunto com o CIO da casa, Carlos Carvalho Júnior, e o gestor Maurício Ferraz, durante o último episódio do programa Stock Pickers, apresentado por Lucas Colazzo, da XP. Os três explicaram como o comitê de investimentos da gestora se organiza e compartilham visões para tomar decisões. Na Kinitro, a integração entre os fundos macro e micro permite que os times de ações e multimercados atuem de forma coordenada diante de eventos sistêmicos.Veja mais: Economista: Impacto eleitoral do confronto com Trump gera ‘Natal em julho’ para Lula“Nosso modelo é híbrido. Em momentos como esse, os analistas micro se beneficiam do nosso diagnóstico macro. Se sabemos que a inflação vai subir, os setores mais sensíveis a esse ambiente já são alertados”, explicou Carvalho.Leia mais: Safari Capital: Com juro real a 7% e incentivados pagando 14%, quem vai para Bolsa?E também: Paolo di Sora vê “oportunidade da década” na Argentina com ativos descontadosTarifa como gatilhoO episódio simulado do comitê revisitou os desdobramentos de uma possível volta de Trump à Casa Branca. O cenário proposto pela equipe foi o de um primeiro trimestre de 2025 com tarifas sobre aço e automóveis atingindo até 25% — bem acima das expectativas iniciais do mercado. O resultado, segundo os gestores, seria uma queda imediata nas bolsas americanas, como aconteceu em março desse ano, quando um susto tarifário derrubou o mercado em cerca de 10%.“A gente já viveu isso. As tarifas vieram mais pesadas do que o mercado previa, e só depois veio a trégua. A volta dessas medidas tem potencial inflacionário imediato”, comentou Ferraz. Para o gestor, a consequência mais visível será sobre os juros americanos: a curva que precificava cortes pode inverter, com apostas de manutenção prolongada.A Kinitro mostrou que a arrecadação do Tesouro dos EUA com tarifas, que girava em torno de 0,4% do PIB antes das medidas, saltou para 1,4% — um dado que confirma o peso da política comercial no caixa e, por consequência, nos preços internos. “É o tipo de política que funciona como imposto sobre o consumidor americano. É inflação na veia”, resumiu Sávio.The post Kinitro: Guerra tarifária volta ao radar e acende alerta; “inflação na veia” appeared first on InfoMoney.