Haddad descarta controle remessas de dividendos aos EUA; Planalto estuda medida

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou neste sábado (19) que o governo não planeja adotar medidas mais rígidas de controle sobre dividendos como retaliação aos Estados Unidos, caso as negociações bilaterais sobre a sobretaxa de 50% aplicada a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto não avancem.Apesar da negativa de Haddad, o Estadão/Broadcast apurou junto a ministros e pessoas próximas às tratativas que uma fiscalização mais rigorosa das remessas de dividendos por multinacionais americanas instaladas no Brasil está entre as possibilidades em análise.No entanto, há divergências no comitê interministerial responsável pelas negociações sobre qual deve ser o tom da resposta ao governo americano, caso as conversas não prosperem.“O governo brasileiro não cogita essa medida”, afirmou Haddad ao Estadão/Broadcast. Para integrantes da equipe econômica, prevalece o entendimento de que não se pode punir empresas por um movimento de natureza estritamente política. Na prática, a Fazenda teme que uma resposta desse tipo afaste investimentos.Por outro lado, uma ala do governo entende que não se pode aceitar qualquer iniciativa do presidente Donald Trump sem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstre firmeza na defesa da soberania nacional.O Palácio do Planalto já espera medidas ainda mais duras contra o Brasil por parte dos EUA após a operação da Polícia Federal que atingiu Jair Bolsonaro (PL) na sexta-feira (18), obrigando o ex-presidente a usar tornozeleira eletrônica.O comitê interministerial que discute o tarifaço é coordenado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.Na noite de sexta-feira, Alckmin afirmou que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a respeito de Bolsonaro “não pode e não deve” afetar as negociações comerciais. “A separação dos Poderes é a base do Estado, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Os poderes são independentes. Não há relação entre uma questão política ou jurídica e a tarifária”, afirmou o vice-presidente.Neste momento, o governo realiza um diagnóstico da relação com os Estados Unidos, entendendo que o movimento norte-americano é exclusivamente político e carece de fundamentos econômicos.Na sexta-feira à noite, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou nas redes sociais a revogação dos vistos americanos do ministro do STF Alexandre de Moraes, de seus familiares e de seus “aliados” na Corte. Em seguida, outros sete ministros do STF também tiveram seus vistos cancelados.Na prática, o Planalto já vinha avaliando diversas possibilidades de reação antes mesmo desse episódio, caso Trump mantenha a sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto ou adote medidas ainda mais duras.A operação da Polícia Federal que envolveu Bolsonaro foi autorizada por Moraes — e confirmada pela Primeira Turma do STF — um dia após Trump enviar uma carta ao Brasil pedindo que a “perseguição” contra o ex-presidente cessasse imediatamente.O arsenal de retaliações que o Brasil pode usar contra os EUA inclui, em primeiro lugar, a quebra de patentes de medicamentos, conforme antecipado pelo Estadão/Broadcast.No entanto, a prioridade do governo é esgotar a via diplomática e levar as negociações ao limite. Uma reação mais firme poderá ser adotada a partir de 2 de agosto, caso não haja acordo.As opções estão sendo analisadas pelo Planalto após avaliação técnica, mas tudo permanece em aberto até que o Brasil veja necessidade de anunciar uma resposta às sanções, como a abertura de investigações sobre práticas comerciais do país.The post Haddad descarta controle remessas de dividendos aos EUA; Planalto estuda medida appeared first on InfoMoney.