Governadores aliados ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estudam nomeá-lo para uma secretaria estadual como uma manobra para garantir que ele mantenha o mandato parlamentar mesmo estando ausente da Câmara dos Deputados.Em março, o parlamentar solicitou afastamento do cargo por 120 dias por “interesses pessoais” e outros dois dias para “tratamento de saúde”. O prazo terminou no último domingo (20). Com isso, Eduardo começa a receber faltas não justificadas caso não retorne ao Brasil, o que pode resultar na perda do mandato. Leia Mais Decisão de Hugo teve respaldo de líderes do centro Análise: Bolsonaristas ignoram desgaste com tarifaço Decisões sobre Bolsonaro expõem rachas em Turma do STF e na Câmara O regimento interno da Câmara considera passível de cassação o deputado que faltar, sem justificativa, a mais de um terço das sessões plenárias. Com o Congresso em recesso até 4 de agosto, Eduardo ainda não será penalizado com as faltas de imediato.A solução encontrada por aliados seria a nomeação do deputado como secretário estadual. Com isso, ele poderia se licenciar do mandato por tempo indeterminado, sem necessidade de justificar ausências em plenário.A manobra defendida por aliados está prevista no artigo 56 da Constituição, que permite o afastamento de parlamentares para o exercício de cargos no Executivo estadual ou federal.“Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária”, afirma a legislação.Caso a ideia prospere, Eduardo Bolsonaro continuaria morando nos Estados Unidos, de onde atuaria como um representante do governo estadual para defender os interesses do estado junto ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo Bolsonaro foi o terceiro deputado mais votado em São Paulo nas eleições de 2022, com 741.701 votos, atrás de Guilherme Boulos (PSOL) e Carla Zambelli (PL), segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).Outras soluçõesEm junho, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) apresentou proposta de mudança no regimento interno da Câmara para que, em casos excepcionais, o parlamentar possa exercer o mandato mesmo morando no exterior.O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), também deve traçar uma estratégia para alterar as regras internas da Casa, permitindo que um deputado possa tirar licença pelo prazo de até 240 dias. O texto propõe o afastamento em casos de interesse particular e sem remuneração.Sacrificar o mandatoNa última semana, Eduardo Bolsonaro afirmou à CNN que estava disposto a “sacrificar” o seu mandato para trabalhar para o povo brasileiro dos Estados Unidos. “Não vejo clima para retornar ao Brasil e ser preso”, declarou.Antes do pronunciamento do parlamentar, a CNN ouviu aliados do filho do ex-presidente, que já afirmavam que o entendimento era de que o momento realmente não era adequado para que o deputado retornasse ao Brasil.Na última sexta-feira (18), após Jair Bolsonaro colocar tornozeleira eletrônica e ser impedido de falar com Eduardo Bolsonaro por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-presidente declarou que acredita que o filho não deve voltar ao Brasil.“Se ele voltar, vai ser preso”, disse o ex-presidente.Eduardo Bolsonaro diz que decisão de Moraes é "arbitrária e criminosa" | CNN NOVO DIA