Brasil cria grupo de trabalho para estudar sistema de navegação por satélite próprio (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog) Resumo O Brasil iniciou estudos para desenvolver seu próprio sistema de navegação por satélite, liderado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.Um grupo técnico com órgãos como Anatel e Inpe, além de outros ministérios, avalia vulnerabilidades do uso atual e de dependência de sistemas estrangeiros.O objetivo é definir ações para implantar um sistema brasileiro de “posição, navegação e tempo”.Antes das especulações sobre um possível bloqueio de acesso ao GPS no Brasil pelos Estados Unidos, o governo brasileiro já havia iniciado trabalhos para desenvolver um sistema de navegação por satélite próprio. Oito dias antes do tarifaço de Donald Trump, uma resolução do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) criou um grupo de trabalho para estudar a implementação de um “GPS nacional”.A hipótese de os EUA desligarem o sinal do GPS por aqui foi levantada nas redes sociais por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre eles o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL). A medida seria parte de uma série de possíveis sanções que a Casa Branca poderia adotar.Governo deve diagnosticar “vulnerabilidades”GPSTest mostra dados dos satélites de navegação (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)A resolução que instituiu o grupo de trabalho foi aprovada em 1º de julho e dá 180 dias para a apresentação de um plano. O objetivo é “elaborar estudos e apresentar ações necessárias para propor uma estratégia de desenvolvimento tecnológico com vistas à implantação de um sistema brasileiro de posição, navegação e tempo (PNT)”.O grupo, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), tem a missão de “diagnosticar vulnerabilidades decorrentes da dependência de sistemas estrangeiros” e estudar os desafios tecnológicos e industriais para a criação de um sistema próprio. Além do GSI e do MCT, a força-tarefa conta com representantes dos ministérios da Defesa; Comunicações e Desenvolvimento; e Indústria, Comércio e Serviços, além de nove instituições, entre elas a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Telebras e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).Apesar da movimentação por uma tecnologia nacional, uma fonte do governo ouvida pela CNN Brasil considera uma medida extrema a possibilidade do GPS ter o sinal interrompido no país. Segundo ele, essa sanção é plausível apenas em “situações de guerra” e poderia gerar prejuízo à própria tecnologia norte-americana.Ainda de acordo com o veículo, o sistema nacional poderia cobrir apenas a localização no Brasil ou na região da América do Sul. O sistema japonês QZSS, por exemplo, funciona dessa forma, operando também em regiões da Ásia e Oceania. Como surgiu o GPS?Potências globais têm alternativas ao americano GPS (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)Apesar de ter se tornado a denominação comum para sistemas de navegação por satélite (Global Navigation Satellite Systems, ou GNSS) — assim como durex virou sinônimo para fita adesiva —, a sigla GPS refere-se a Global Positioning System, tecnologia desenvolvida e controlada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos.O sistema nasceu na década de 1970, durante a Guerra Fria, para fins militares. Só mais tarde o país liberou o GPS para uso civil, funcionando a partir de uma constelação de satélites que orbitam a Terra.Mesmo sendo popular, o GPS não é o único sistema de navegação por satélite em operação. Outras potências globais desenvolveram tecnologias semelhantes para não depender da infraestrutura norte-americana. Existem também:GLONASS, desenvolvido pela Rússia;Galileo, da União Europeia, criada para garantir a independência da região em relação aos sistemas russo e norte-americano; BeiDou, sistema chinês que se tornou operacional globalmente em 2020. Dessa forma, ainda que os EUA decidam bloquear o sinal de GPS, a dor de cabeça pode ser menor para o usuário comum. Isso porque os chips de GNSS de muitos dispositivos populares que usam navegação por satélite, como smartphones, suportam múltiplos sistemas, conectando-se automaticamente ao melhor sinal disponível.Com informações da CNN BrasilAntes mesmo do tarifaço, governo do Brasil começou a trabalhar em GPS nacional