Embraer (EMBR3). Foto: DivulgaçãoA Embraer (EMBR3) divulgou na noite de ontem (21) seus dados operacionais do segundo trimestre de 2025. O destaque ficou para a carteira de pedidos, que alcançou um nível recorde de US$ 29,7 bilhões.Apesar dos números positivos, o mercado ainda segue preocupado com os impactos da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos para os resultados da companhia. As ações da Embraer aparecem como as principais afetadas pela medida tarifária. Na semana passada, o JPMorgan destacou que os papéis da empresa podem recuar até 30% com os impactos das tarifas. O que o balanço operacional da Embraer revelou?De acordo com o relatório da XP, a Embraer registrou números operacionais positivos no 2T25, com recorde na carteira de pedidos como principal destaque” A carteira total atingiu US$ 29,7 bilhões, impulsionada principalmente por encomendas no segmento de aviação comercial, com novos pedidos da ANA, SAS e SkyWest.No trimestre, a empresa entregou 61 aeronaves, sendo 19 aviões comerciais, 38 jatos executivos e 4 unidades do A-29 Super Tucano para o Paraguai. O desempenho do segmento executivo superou as médias históricas da companhia, com entregas representando 41% da meta anual, ante uma média de 34%. Já a aviação comercial ficou aquém do esperado, com 32% da meta cumprida no primeiro semestre, abaixo da média histórica de 44%.O relatório do BTG reforça a visão positiva em relação ao backlog da Embraer, que representa um crescimento de 13% em relação ao trimestre anterior e de 40% na comparação anual. Segundo o banco, “a divisão de Defesa também atingiu o maior nível de sua história, com US$ 4,3 bilhões, refletindo novos contratos, como os do C-390 com países europeus”.A XP também ressaltou que o índice book-to-bill da aviação comercial, que compara novos pedidos com entregas, alcançou 1,8 vez nos últimos 12 meses. Esse patamar representa maior visibilidade de receita e estabilidade no ritmo de produção da companhia.Além disso, os analistas destacaram que há encomendas que ainda não foram oficialmente incorporadas à carteira, especialmente na divisão de Defesa. Isso pode representar uma revisão positiva nos próximos trimestres, caso os contratos sejam finalizados.EMBR3: tarifas ainda geram incertezasMesmo com os dados robustos, analistas seguem atentos ao cenário externo. “Apesar do ambiente macro incerto com a atual guerra comercial, notamos que não houve cancelamento de pedidos no 2T25”, diz o relatório. O trimestre registrou 120 pedidos líquidos de aeronaves.No entanto, o BTG alertou para os riscos comerciais. “O ponto que ofusca o otimismo com o segundo trimestre é o risco significativo de tarifas sobre importações dos EUA, com Trump considerando elevar para 50%”, destacou o relatório.Segundo o banco, as tensões políticas entre Brasil e Estados Unidos podem intensificar o cenário de incertezas, com impactos relevantes caso as tarifas sejam implementadas. O BTG acredita que a pressão levará a um aumento nas ações de lobby por parte da indústria aeronáutica local, já que os efeitos podem atingir não apenas a Embraer, mas também parceiros norte-americanos.