Câncer colorretal: entenda os desafios clínicos enfrentados por Preta Gil

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Uma das personalidades públicas mais queridas do meio artístico, Preta Gil faleceu em 20 de julho de 2025, em decorrência de um câncer colorretal. Desde a descoberta até o tratamento da doença, a cantora e empresária enfrentou diversos desafios clínicos. Foram 2 anos e 6 meses de luta contra o câncer, com um histórico marcado por quimioterapia, radioterapia e múltiplas cirurgias.Além disso, Preta Gil enfrentou complicações durante o tratamento, como sepse grave e a adaptação da colostomia definitiva. Mesmo diante das batalhas, tornou-se símbolo de esperança para quem vive situações semelhantes. Durante seu tratamento, levantou pautas importantes sobre conscientização e acolhimento de pacientes colostomizados, contribuindo para quebrar tabus e ampliar o diálogo sobre o tema. Dessa forma, a sua trajetória também expõe os desafios clínicos vivenciados diariamente por milhares de brasileiros, a seguir confira os principais obstáculos dessa luta.Leia maisO que é e para que serve a bolsa de colostomia?Por que este tipo de câncer tem aumentado em países ricos?Câncer colorretal tem crescido entre jovens; tratamento precoce é crucialO que a trajetória de Preta Gil revela sobre a realidade de milhares de pacientes com câncer colorretalA cantora Preta Gil usa uma bolsa de colostomia permanentemente devido ao tratamento do câncer de intestino. / Crédito: Music2Mynd Digital (Wikimedia/Reprodução)A luta de Preta Gil contra o câncer colorretal, diagnosticado aos 48 anos, reflete uma realidade preocupante: o número de casos entre pessoas com menos de 50 anos tem crescido de forma significativa no Brasil e no mundo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 45 mil novos casos por ano no país, sendo esse o segundo tipo mais comum entre mulheres e o terceiro entre homens.Contudo, existem alguns fatores clínicos relacionados a doença que são verdadeiros desafios para os pacientes, desde o seu diagnóstico até os tratamentos. Confira a seguir, os principais obstáculos enfrentados.Diagnóstico tardio e sintomas silenciososHábitos de vida saudáveis são importantes para evitar câncer no intestino (Imagem: mi_viri/Shutterstock)Para se ter uma ideia do quão complexo é o diagnóstico, Preta só descobriu o câncer após apresentar sangramento e desconforto abdominal, como ocorre com muitos pacientes, já que o câncer colorretal pode ser assintomático em estágios iniciais. Dessa forma, a conscientização dos exames de prevenção e melhor investigação em caso de suspeita da doença são essenciais. Ou seja, isso reforça a importância de exames preventivos, como colonoscopia e pesquisa de sangue oculto nas fezes.Apesar dos avanços, o enfrentamento do câncer colorretal no Brasil ainda enfrenta grandes desafios. Enquanto nos Estados Unidos a triagem já é recomendada a partir dos 45 anos, por aqui os protocolos nacionais para rastreamento sistemático seguem em fase de discussão. Sobretudo, a implementação desse rastreamento permitiria identificar lesões em estágios iniciais, viabilizando intervenções menos invasivas e aumentando significativamente as chances de sucesso no tratamento.Complexidade do tratamentoAo longo de sua jornada contra o câncer colorretal, Preta Gil enfrentou quimioterapia, radioterapia, cirurgias invasivas e uma colostomia definitiva, além de complicações graves, como uma sepse que exigiu internação em UTI. Esses procedimentos refletem o protocolo comum para casos avançados da doença, mas também revelam o quanto essa trajetória pode ser exaustiva e complexa.No Brasil, milhares de pacientes enfrentam obstáculos ainda maiores: o acesso limitado a terapias de ponta, como imunoterapia e biópsia líquida, especialmente fora dos grandes centros urbanos. A desigualdade na oferta de exames modernos e medicamentos inovadores segue como um dos principais entraves na luta contra o câncer colorretal.Colostomia e reabilitaçãoA bolsa de colostomia é um dispositivo que viabiliza a eliminação das fezes após cirurgia no intestino/ Crédito: Sheeyla (Shutterstock/reprodução)A implantação da bolsa de colostomia é um processo que vai muito além da cirurgia, ela representa uma mudança profunda na rotina, no corpo e na forma como o paciente se relaciona consigo mesmo e com o mundo. Ao passar por esse processo, Preta Gil chegou a falar sobre a estigmatização de pacientes colostomizados, compartilhou sua rotina com o dispositivo, e posou publicamente com a bolsa à mostra, inclusive em momentos de lazer, como na piscina e no mar.Contudo, os pacientes que passam por esse processo enfrentam desafios clínicos como:Adaptação ao estoma: exige aprendizado sobre cuidados com a pele, troca da bolsa e prevenção de complicações.Complicações comuns: como dermatite periestomal, hérnia, prolapso do estoma e obstruções intestinais.Alterações na digestão: gases, diarreia ou constipação exigem ajustes alimentares e acompanhamento nutricional.Dor e desconforto abdominal: podem surgir no pós-operatório ou em decorrência de complicações.Recidiva e metástaseA recidiva agressiva que acometeu Preta Gil, com metástases em linfonodos, peritônio e ureter, exigia tratamentos intensivos como terapias-alvo e imunoterapia, abordagens ainda pouco acessíveis no Brasil, especialmente pelo SUS.Após esgotar os recursos convencionais, ela buscou alternativas nos Estados Unidos, onde participou de estudos clínicos com medicamentos experimentais e protocolos personalizados. Em declaração pública no Domingão do Huck, afirmou: “Minhas chances de cura estão fora do Brasil”.No entanto, com o tratamento intensivo, a doença evoluiu de forma agressiva, com metástases em linfonodos, peritônio e ureter. Preta faleceu em 20 de julho de 2025, aos 50 anos, em Nova York, deixando um legado de coragem, representatividade e luta pela dignidade dos pacientes com câncer colorretal.O post Câncer colorretal: entenda os desafios clínicos enfrentados por Preta Gil apareceu primeiro em Olhar Digital.