O jornal Financial Times repercutiu, na segunda-feira (21) a reação do governo e do povo brasileiro à nova ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou uma investigação contra o Pix, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central.A publicação afirma que a medida, que amplia o escopo da guerra tarifária entre os dois países, foi interpretada pelo Planalto como parte de uma tentativa de proteger empresas americanas diante da ascensão global do Pix, “universalmente amado pelos brasileiros por oferecer pagamentos instantâneos, gratuitos e fáceis”, afirmou o jornal.“Das praias do Rio de Janeiro aos recantos mais remotos da Amazônia, o Pix é um recurso essencial no dia a dia” afirmou a reportagem. “Os comerciantes adoram as baixas taxas. Os consumidores não pagam taxas e gostam da conveniência de pagar com um código QR ou digitando o número do CPF, número de celular ou endereço de e-mail do destinatário”, ressaltou.Leia também“Bazuca comercial”: UE prepara contramedidas contra tarifaço de TrumpUE intensifica planos de retaliação conforme diminuem perspectivas de acordo tarifário com os EUATrump retira EUA da Unesco pela segunda vez, repetindo movimento de 2017Decisão marca novo capítulo na política externa dos EUA, que sob Trump revê participação em instituições multilateraisA alegação americana é de que o Brasil realiza supostas “práticas comerciais desleais” ao favorecer o Pix em detrimento de empresas do país. O documento do governo dos EUA não cita nomes diretamente, mas sugere disputa com companhias como Visa, Mastercard e American Express.O jornal ressaltou a reação fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disse que “o Pix é do Brasil” e que o país aceitaria ataques a ele, pois “é patrimônio do nosso povo”. Também destacou a campanha “O Pix é Nosso, My Friend” do governo federal, que ironiza o ataque americano como “crise de ciúmes”, disse o jornal.Projeção globalO Financial Times destacou que o Pix, criado em novembro de 2020 pelo Banco Central, se consolidou como o principal meio de pagamento do país, responsável por quase metade das transações nacionais. Hoje, 160 milhões de brasileiros, cerca de 76% da população, utilizam o sistema, e mais de 70 milhões de pessoas foram incluídas financeiramente graças à ferramenta.O FT destacou ainda que o Pix é reconhecido internacionalmente como um modelo de inovação, lembrando que o FMI o classificou como “um dos sistemas de pagamento mais bem-sucedidos do mundo”, e que o G20 o aponta como referência em inclusão financeira.No Congresso, parlamentares do PT apontaram ao FT que a retaliação americana é resultado direto do lobby de empresas que perderam espaço para o Pix. “Além da chantagem com tarifas, Trump agora ameaça o Brasil por causa do Pix. O que ele chama de prática desleal é o medo de empresas como Visa, Mastercard e Amex, porque o Pix pode substituí-las”, afirmou o deputado Elvino Bohn Gass (PT-RS).A crítica também ecoou fora da política institucional. A líder indígena Alessandra Korap, da etnia Munduruku, afirmou: “Os EUA deviam resolver seus próprios problemas. Cada país tem sua autonomia. Eles que cuidem da casa deles.”The post Pix “amado pelos brasileiros” e ameaça de Trump fez país reagir, diz Financial Times appeared first on InfoMoney.