Mais um trimestre, mais uma queda das ações da WEG (WEGE3) na sessão pós-balanço. Os papéis fecharam a sessão em queda de cerca de 8%, mais precisamente 8,01% (R$ 38,01, liderando as perdas do Ibovespa), ainda que a visão geral do mercado fosse mais modesta para os números da fabricante de motores elétricos. Conforme aponta a XP Investimentos, a expansão de margem foi insuficiente para compensar a desaceleração das receitas. “Vemos a desaceleração do crescimento orgânico como a principal preocupação em relação aos resultados de hoje, com vendas orgânicas, excluindo as conversões de câmbio, subindo +1% ano a ano desacelerando em relação aos patamares de +5-7% dos trimestres anteriores”, avalia. Para a XP, o crescimento mais lento limita a melhoria dos lucros no curto prazo.A WEG anunciou durante a manhã um lucro líquido de R$ 1,592 bilhão no segundo trimestre, crescimento de 10,4% sobre o desempenho de um ano antes, mas abaixo do esperado pelo mercado.A fabricante de motores elétricos e dispositivos eletrônicos industriais teve resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 2,26 bilhões, alta de 6,5% na comparação anual. Projeções compiladas pela LSEG apontavam lucro líquido de R$1,76 bilhão e Ebitda de R$2,49 bilhões.A companhia teve receita líquida de quase R$ 10,21 bilhões de abril ao final de junho, crescimento de 10,1% sobre o mesmo período de 2024, também abaixo dos R$11,16 bilhões esperados pelo mercado, conforme estimativas compiladas pela LSEG.Saiba mais:Confira o calendário de resultados do 2º trimestre de 2025 da Bolsa brasileiraTemporada de balanços do 2T ganha destaque: veja ações e setores para ficar de olhoA multinacional brasileira, cujos produtos equipam desde veículos e fábricas a geradores de energia eólica, não deu detalhes sobre possível efeito das tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto. A receita da América do Norte representou 48% do valor total do mercado externo.Desde o começo do ano, as ações do grupo caíram cerca de 20%, refletindo incertezas causadas pelo anúncio das tarifas. O Goldman Sachs aponta que o Ebitda foi 4% abaixo da sua estimativa e 6% abaixo do consenso Bloomberg, entregando uma margem Ebitda de 22,1%, ligeiramente acima tanto do consenso quanto da estimativa do banco americano (21,8% e 21,7%, respectivamente). Para o lucro líquido, o resultado da WEG ficou 5% abaixo da estimativa do banco e 6% abaixo do consenso Bloomberg.O banco aponta que a empresa apresentou resultados abaixo do esperado em receita, Ebitda e lucro líquido, ressaltando que isso poderia impactar negativamente o desempenho das ações hoje e levar a revisões para baixo nas estimativas de lucros pelo mercado. “Como discutimos anteriormente, esperávamos uma desaceleração significativa no crescimento da receita no segundo semestre de 2025 (2S25), devido a: i) valorização do real em 2025 em relação ao 2S24; e ii) forte base de comparação no 2S24, devido ao cronograma pesado de geração solar”, avalia o banco. Os analistas ainda ressaltam que, conforme mencionado pela empresa no comunicado de hoje, as taxas de juros mais altas no Brasil e a incerteza macroeconômica global já estão pesando nas entregas de projetos de ciclo longo (especialmente na divisão de motores elétricos, que representa cerca de 50% da receita consolidada neste trimestre). “Assim, reconhecemos que esse efeito deve também impactar o crescimento da receita no 2S25 e aumentar a incerteza em relação às perspectivas de crescimento da WEG no 2S25 e em 2026 (já que a dinâmica dos projetos de longo ciclo tem efeito prolongado)”. avalia o Goldman. Leia tambémWEG (WEGE3) pagará R$ 719,3 milhões em dividendos intermediários; confira condiçõesO montante é correspondente a R$ 0,1714503823 por açãoQuanto você teria hoje se tivesse investido R$ 10 mil na WEG há 20 anos?Simulação mostra que, no longo prazo, papel da companhia brasileira é rentávelPor outro lado, a equipe de análise ressalta que a WEG superou as expectativas na margem Ebitda, o que poderia ao menos parcialmente compensar o desempenho negativo esperado para o preço das ações (em conversas recentes, o foco dos investidores tem sido a perspectiva de margens).O Itaú BBA ressaltou que, apesar de já prever um trimestre fraco, os números ainda ficaram aproximadamente 6% abaixo das suas expectativas de receita bruta e Ebitda, o que atribui principalmente a um desempenho pior do que o previsto do PIB doméstico, provavelmente devido a menos projetos solares em comparação com o 1T25.“É importante considerar que a alíquota do imposto de renda foi melhor do que o previsto, em 17%; caso tivesse ficado na mesma alíquota observada no 2T24 (23%), o lucro líquido teria ficado 9% abaixo da previsão do consenso. Acreditamos que os números do 2T25 dão suporte adicional às revisões para baixo de nossos números e consenso também para 2025 e 2026”, ressaltou. Dito isso, o Itaú BBA apontou que, se a ação firmasse queda de 5% hoje, isso poderia levar ao múltiplo de preço sobre lucro da WEG em 2026 para aproximadamente 23 vezes (já levando em consideração um corte de 6% no resultado final de 2026, para R$ 7,2 bilhões), o que poderia ser um ponto de entrada atraente para investidores de longo prazo, aponta o BBA. E a queda foi bem superior a isso.O JPMorgan destaca que o Ebitda ficou 8% abaixo da sua expectativa, principalmente devido à fraqueza nas receitas domésticas, mas também ressaltando as margens mais fortes. Os principais pontos positivos: i) as receitas no mercado externo, em dólares, que foram de US$ 1,07 bilhão, +8% ano a ano, mas ainda 5% abaixo da estimativa do JP; ii) a margem bruta foi de 33,7%, 0,7 ponto percentual acima da estimativa do JPM e 0,8 ponto percentual acima do trimestre anterior; iii) a margem Ebitda foi de 22,1%, 0,4 ponto percentual acima da estimativa do JPMorgan e 0,6 ponto percentual acima do trimestre anterior; e iv) a alíquota efetiva de imposto foi baixa, em 16,6%, contra 22,7% um ano atrás e 17,5% no 1T25.Os principais pontos negativos: i) a receita ficou 7-10% abaixo da estimativa do JP e do consenso, impactada pelo crescimento de apenas 1% ano a ano nas receitas domésticas, contra 13% esperado pelo banco americano; ii) o crescimento orgânico da receita (excluindo as marcas Marathon, Cemp e Rotor) foi de 6% ano a ano em reais; e iii) o lucro líquido foi de R$ 1,59 bilhão, 6-8% abaixo da estimativa do JPMorgan e do consenso. A expectativa do banco era de uma reação apenas ligeiramente negativa na sessão de hoje. “Apesar do resultado abaixo das estimativas absolutas, as margens melhoraram, uma tendência que deve continuar nos próximos trimestres devido a um mix mais favorável. Além disso, a ação acumula queda de 22% no ano (contra alta de 11% do Ibovespa), indicando expectativas moderadas. A WEG está sendo negociada a 14,4 vezes EV (valor da firma)/Ebitda para 2026, contra 13,3 vezes dos pares industriais globais”, avalia o JPMorgan. RecomendaçõesO JPMorgan possui recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ativos; o Itaú BBA tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 65.Já o Goldman Sachs tem recomendação de venda, a R$ 44,60 (upside de 8% em relação ao fechamento da véspera). O Goldman continua vendo enfraquecimento no 2S25, com desaceleração do crescimento da receita e estabilização das margens, o que deve limitar o espaço para uma reavaliação positiva das ações. “Além disso, esperamos que a incerteza tarifária pese no desempenho das ações, aumentando ainda mais a incerteza do ambiente macroeconômico atual”, aponta. Para a teleconferência, que ocorrerá na próxima quinta (24) às 11h, o Goldman apontou que focará: i) no impacto potencial da tarifa sobre produtos brasileiros exportados para os EUA na rentabilidade e operações da WEG; ii) o pipeline de projetos solares para o 2S25 (que tem sido um fator negativo para as margens nos últimos trimestres); e iii) as perspectivas de crescimento diante da atual incerteza macroeconômica global. (com Reuters)The post WEG: novas frustrações fazem ação cair 8% após balanço – mas banco vê oportunidade appeared first on InfoMoney.