O Tesouro Nacional captou R$ 14,5 bilhões em seu mais recente leilão de títulos públicos, com uma mudança significativa na estratégia de oferta: maior ênfase em LFTs (títulos pós-fixados) e redução no volume de NTN-Bs (papéis atrelados à inflação). A medida ocorre em um contexto de elevação nas taxas de juros exigidas pelos investidores, após o aumento das tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros para 50%.O Tesouro aumentou a oferta de LFTs de 650 mil para 900 mil papéis, priorizando instrumentos com menor risco de marcação a mercado. Por outro lado, a oferta de NTN-Bs caiu para 450 mil unidades, refletindo maior cautela frente à dispersão elevada nas taxas propostas. Como resultado, apenas 77% do volume ofertado desses papéis foi efetivamente colocado, com taxas mais altas.A decisão do Tesouro reflete uma tentativa de mitigar os efeitos da instabilidade externa e preservar o custo da dívida pública. A escolha por LFTs, segundo a LCA Consultores, também se justifica pela maior aceitação desses papéis em momentos de incerteza, o que foi percebido na estabilidade dos prêmios.Para Rafael Bellas, coordenador de produtos da InvestSmart XP, essa redução nos volumes leiloados não é inédita dentro da gestão da dívida pública. “Apesar dessa redução pontual, as taxas atuais, especialmente as de juro real, acima da inflação, ainda se mantêm em níveis historicamente elevados”, afirmou.Ele destaca que, em ciclos anteriores, títulos como a NTN-B 2035 adquiridos com taxa superior a 6% ao ano proporcionaram retornos acima do CDI no médio prazo, embora reforce que desempenhos passados não garantem resultados futuros.Relatório da XP Investimentos complementa a análise ao observar que a LFT com vencimento em 2027 foi uma das mais demandadas no leilão, com ágio médio negativo de 0,0095% ao ano, indicando apetite dos investidores por papéis com menor volatilidade de preço.A operação desta semana mostra um esforço do Tesouro Nacional em ajustar a gestão da dívida às condições de mercado, buscando equilíbrio entre captação e preservação de custos em um cenário de pressão sobre os juros.Nesta quarta-feira (23), os papéis disponíveis no Tesouro Direto apresentam taxas com movimentos mistos. Enquanto o Prefixado 2028 apresenta leve queda nos juros, o papel para 2032 oscila para cima, junto com os títulos de inflação, em especial os de prazo mais curto.Veja as taxas oferecidas por títulos do Tesouro Direto às 15h22 desta quarta-feira (23):(Fonte: Tesouro Direto)The post Tesouro faz leilão conservador de títulos para conter alta nas taxas appeared first on InfoMoney.