Conheça Pranav (Nav) Karmacharya, um influenciador de carreira no TikTok de 23 anos que recebe centenas de mensagens por dia de fãs da Geração Z ávidos por conselhos de emprego.Na maior parte do tempo, Pranav (Nav) Karmacharya trabalha de casa. Às vezes, ele decide ir até uma faculdade local para encontrar um lugar confortável e responder mensagens no Slack; outras vezes, está se gravando às 5 da manhã, esperando no aeroporto para voar a trabalho para São Francisco.Essa é a rotina de um influenciador de carreira no TikTok.Além de seguir a fórmula comum dos criadores, mostrando um dia na vida de — insira aqui qualquer profissão imaginável — o jovem de 23 anos também publica dicas sobre estágios favoráveis para quem quer entrar na área de governança, risco e conformidade em cibersegurança, ou explicações rápidas como: “Maturar é perceber que existe uma área não técnica dentro da cibersegurança”.Leia também: CEOs de sucesso são ambiciosos e preguiçosos, não “os mais inteligentes”, diz coachLeia também: Ele já foi empacotador de supermercado e hoje é sócio de escritório de investimentosLeia também: Quem trabalhou durante 6 meses possui direito ao seguro-desemprego?Quem acompanha o dia a dia de um analista de cibersegurança trabalhando de casa? Pergunte aos seus 14 mil seguidores.Karmacharya contou à Fortune, por mensagem direta, que recebe centenas de perguntas e comentários diariamente sobre seu trabalho, tanto por DMs quanto em lives no TikTok. Uma live de duas horas no dia 9 de julho acumulou mais de 600 comentários, segundo métricas do TikTok analisadas pela Fortune. O analista de cibersegurança da Chime é um entre inúmeros influenciadores nas redes sociais que postam conteúdo relacionado a carreira, conquistando um público considerável em apenas quatro meses. Seu sucesso acontece em um momento em que jovens adultos consideram escolas e empregadores insuficientes para ensiná-los sobre as áreas profissionais que gostariam de explorar.Um estudo divulgado esta semana revelou que sete em cada dez jovens entre 16 e 24 anos encontram oportunidades educacionais e profissionais nas redes sociais. Os entrevistados preferem buscar conselhos para planejar o futuro em plataformas como TikTok, Instagram e YouTube, em vez de recorrer a professores, orientadores ou sites de busca de emprego.A pesquisa, que ouviu 2.820 jovens — a maioria de famílias de baixa e média renda — mostra que mais de quatro em cada dez também sentem que os recursos educacionais e de emprego disponíveis não oferecem uma orientação eficaz para a carreira.“Me sinto como um coach e mentor de carreira na maior parte dos dias”, escreveu Karmacharya.Ele disse que a maioria das pessoas que o procuram são estudantes ou profissionais no início da carreira tentando entrar na área de cibersegurança. Eles costumam perguntar sobre seu dia a dia como analista, os caminhos para seguir na indústria e como desenvolver habilidades para se destacar.“Muitos estudantes não têm um bom mentor entre professores ou colegas, então recorrem a criadores online que já fazem o tipo de trabalho que eles querem fazer”, explicou Karmacharya.O resultado do estudo confirma essa visão — quatro em cada dez jovens buscam ativamente conteúdo sobre carreira nas redes sociais, enquanto outros 30% o encontram passivamente enquanto navegam.“As redes sociais realmente se tornaram o novo coach de carreira para os jovens adultos”, disse Rajiv Chandrasekaran, diretor da Schultz Family Foundation, organização sem fins lucrativos de Seattle que participou do estudo, em entrevista à Fortune.Chandrasekaran explicou que o motivo pelo qual os jovens recorrem às redes sociais para conselhos de carreira é o oposto do que se imagina: não é tanto porque usam mais as redes do que gerações anteriores, mas porque os recursos tradicionais não atendem às suas necessidades.“Os adultos que deveriam orientar e apoiar os jovens estão desalinhados, oferecendo orientações ultrapassadas. Isso, em muitos casos, dificulta a entrada deles no mercado de trabalho”, afirmou.Onde buscar conteúdo sobre carreiraOs pesquisadores do estudo disseram à Fortune que estudantes e jovens profissionais preferem as redes sociais a sites tradicionais de networking, como o LinkedIn, para buscar conselhos e explorar carreiras, preenchendo lacunas deixadas pela falta de mentores reais.Entre os 40% dos jovens que buscam ativamente orientação profissional nas redes, Instagram, TikTok e YouTube são as plataformas mais usadas diariamente, segundo a pesquisa. O LinkedIn foi uma das redes menos usadas diariamente por esse grupo.Os pesquisadores também apontaram que os resultados contrastam com a percepção dos pais sobre os recursos disponíveis para seus filhos. A pesquisa ouviu 992 pais de jovens entre 16 e 24 anos, e apenas 16% deles incentivam o uso das redes sociais como ferramenta para explorar carreira e autoconhecimento.Mas isso não impede esses jovens de explorar opções de carreira enquanto navegam pelas redes.Alguns criadores de conteúdo sobre carreira acumulam dezenas de milhões de visualizações. Um exemplo é AdviceWithErin, criadora de conselhos de carreira e vida com 2,2 milhões de seguidores no Instagram, cujos vídeos curtos têm centenas de milhares de visualizações e já ultrapassaram 50 milhões de reproduções.AdviceWithErin é uma das cerca de 30 criadoras de conteúdo sobre carreira que Lindsay Sardarsingh, consultora de seguros de saúde, começou a seguir aos 22 anos.Sardarsingh contou à Fortune que os criadores que acompanha a ensinaram a se comunicar melhor e a fazer as perguntas certas ao explorar diferentes oportunidades profissionais.O público de Karmacharya é mais específico, atraindo pessoas interessadas em aprender sobre sua carreira. Ainda assim, sua expertise é muito procurada em um nicho que, segundo ele, é frequentemente mal compreendido pelos jovens.“A pergunta número 1 que recebo é: ‘Quais certificações devo tirar para entrar na cibersegurança?'” disse Karmacharya. “As pessoas tendem a focar demais em certificações e esquecem a importância da experiência prática, das habilidades interpessoais e do networking — que muitas vezes são mais importantes para conseguir o primeiro emprego.”Ele atribui seu sucesso no trabalho das 9 às 17 horas aos mentores que conheceu durante cinco estágios na faculdade, um deles na Deloitte, onde percebeu que queria seguir carreira em cibersegurança.Dritan Nesho, CEO da HarrisX, consultoria de pesquisa de Washington, D.C. que conduziu o estudo, disse à Fortune que os jovens estão substituindo o contato presencial com profissionais por conteúdos do tipo “um dia na vida” nas redes sociais para conhecer melhor possíveis caminhos profissionais.“Essa é uma das grandes lacunas que os empregadores deixam — não oferecer estágios e mentorias suficientes para que esses jovens possam entender como é trabalhar nessas organizações e como conseguir entrar nelas”, afirmou Nesho.Chandrasekaran, da Schultz Family Foundation, acrescentou que os resultados mostram o quanto a geração mais jovem está empenhada em buscar informações sobre carreiras que desejam seguir.“Por um lado, isso mostra a criatividade e a coragem dos jovens para encontrar soluções, usar a tecnologia e aproveitar as redes sociais para o bem”, disse ele. “Ao mesmo tempo, é um sinal de alerta de que as instituições tradicionais, que deveriam ajudar os jovens, estão falhando em orientá-los, guiá-los e apoiá-los nessa transição da escola para o trabalho.”2025 Fortune Media IP LimitedThe post Conheça o TikToker de carreira que dá conselho a centenas de jovens da Geração Z appeared first on InfoMoney.