A morte da cantora Preta Gil em Nova York no último domingo (20/7), durante seu tratamento contra o câncer de intestino, trouxe à tona um tema delicado e pouco conhecido: o translado internacional de corpos para o Brasil. Após o comunicado divulgado pela família Gil, informando que estão organizando os procedimentos para trazer os restos mortais da artista de volta ao país, cresceu o interesse sobre como funciona esse processo, quais são os principais desafios e os custos envolvidos nessa etapa.Organizar a repatriação de uma pessoa falecida no exterior envolve uma série de etapas burocráticas e exige atenção a detalhes específicos. Cada país possui suas próprias regras quanto ao transporte de corpos, sendo necessário seguir rigorosamente procedimentos tanto do local onde ocorreu o falecimento quanto do destino final. No caso de brasileiros que falecem nos Estados Unidos, os familiares precisam iniciar imediatamente um protocolo junto ao consulado, além de contar com o apoio de empresas especializadas no setor funerário internacional.O que é o translado de corpos e quando ele é necessário? pic.twitter.com/z8PUtHsZ4J— Gilberto Gil (@gilbertogil) July 21, 2025 O translado de corpos refere-se ao processo de transportar restos mortais de uma pessoa de um país para outro, garantindo que todas as normas sanitárias, legais e diplomáticas sejam obedecidas. Essa ação é solicitada em situações em que o falecimento ocorre longe do local desejado para os rituais fúnebres ou sepultamento. No cenário de Preta Gil, por exemplo, a família optou por trazer o corpo para o Brasil, a fim de realizar as homenagens finais em seu país de origem.O procedimento exige cuidados técnicos, tais como o embalsamamento obrigatório e o uso de caixão específico para transporte internacional. O corpo, geralmente, é encaminhado em voos comerciais, na condição de carga especial, mas pode também ser transportado em aeronaves fretadas, dependendo das circunstâncias e necessidades da família.Quando o translado de corpos é necessário?O translado de corpos é necessário em diversas situações, incluindo:Falecimento em local diferente do sepultamento: A situação mais comum é quando a pessoa falece em uma cidade ou estado diferente de onde a família deseja realizar o velório e o sepultamento. Isso pode ocorrer, por exemplo, em viagens, intercâmbios ou quando a pessoa reside temporariamente em outro local.Mudança de cemitério ou jazigo: Se a família deseja transferir o corpo de um cemitério para outro, ou de um jazigo para outro dentro do mesmo cemitério, o translado também é necessário.Cremação em outra localidade: Caso a cremação seja a opção escolhida, mas o crematório desejado esteja em uma cidade diferente do local do óbito.Repatriação (translado internacional): Quando um brasileiro falece no exterior e a família deseja trazer o corpo de volta ao Brasil, ou vice-versa, para que as cerimônias fúnebres e o sepultamento ocorram no país de origem. Essa é uma situação mais complexa, envolvendo legislação de ambos os países, consulados, companhias aéreas e órgãos sanitários.Exumação: Em casos de exumação de ossos para transferência ou cremação, também se realiza um tipo de translado.O exemplo de Preta GilO caso da cantora Preta Gil é um exemplo recente e de grande visibilidade de translado internacional. Preta Gil faleceu em Nova York, nos Estados Unidos, onde estava realizando um tratamento médico. Para que seu velório e sepultamento pudessem acontecer no Brasil, sua família precisou organizar o translado do corpo dos Estados Unidos para o Brasil.Este tipo de translado é bastante complexo e envolve:Documentação rigorosa: É necessário obter a certidão de óbito do país onde ocorreu o falecimento, além de autorizações das autoridades locais e do consulado brasileiro.Preparação do corpo: Em muitos casos, especialmente em translados de longa distância, é exigida a tanatopraxia ou embalsamamento do corpo para garantir a conservação e evitar a decomposição durante o transporte, atendendo às normas sanitárias internacionais.Logística: A coordenação entre funerárias nos dois países, companhias aéreas e órgãos sanitários é essencial para que o transporte seja feito de forma segura e dentro das regulamentações.Custos: O translado internacional é um procedimento caro, e os custos são geralmente arcados pela família. Existem, no entanto, discussões e projetos de lei no Brasil para prever o custeio pelo governo federal em casos de brasileiros comprovadamente pobres falecidos no exterior, ou em situações de comoção pública.Quais documentos e etapas são exigidos para a repatriação?A legislação brasileira e americana impõe uma série de exigências para a repatriação de cidadãos falecidos. O primeiro passo essencial é a comunicação imediata do óbito ao consulado brasileiro mais próximo do local do falecimento. A partir daí, a família recebe orientações sobre toda a documentação exigida para o processo, que inclui:Certidão de óbito emitida no exterior;Tradução juramentada do documento para o português;Laudo de embalsamamento feito por profissional habilitado;Autorização legal para o transporte;Passaporte do falecido.Além dos documentos, é obrigatório contratar uma empresa funerária especializada em traslados internacionais, responsável pela preparação do corpo, providências logísticas e contato com companhias aéreas. Os trâmites junto às autoridades de ambos os países podem se estender por alguns dias, dependendo da agilidade do atendimento consular e dos processos de documentação exigidos.Preta Gil – Foto: InstagramComo funciona o translado de corpos para o Brasil em situações de exceção?Em 2025, o cenário para o custeio do translado de corpos brasileiros que morrem no exterior passou por mudanças, especialmente após a alteração do decreto federal ocorrida em julho do ano anterior. Agora, existem condições especiais que permitem ao governo arcar com os custos dessa operação em casos excepcionais. Entre as situações previstas estão:Evidência de incapacidade financeira comprovada pela família;Ausência de seguro contratado pelo falecido para cobrir as despesas;Morte em circunstâncias que geram grande comoção pública;Disponibilidade orçamentária no Ministério das Relações Exteriores.Anteriormente, a legislação deixava claro que o consulado brasileiro estava autorizado a prestar apoio em situações de falecimento, acidente, prisão e hospitalização no exterior, mas não assumia despesas com traslados ou funerais. Com a atualização do decreto, abre-se uma possibilidade de assistência estatal, embora ainda dependa da avaliação de critérios específicos e da disponibilidade de verbas do órgão responsável.Quanto custa e quais são os serviços?Preta Gil – Foto: InstagramO custo do translado internacional de corpos pode ultrapassar R$ 50 mil em 2025, sendo influenciado por fatores como distância, escolha dos serviços funerários, taxas consulares e procedimentos obrigatórios. Os valores incluem:Taxas e despesas com documentação oficial;Honorários de tradução juramentada;Serviços de embalsamamento;Preparação e fornecimento de caixão adequado para transporte aéreo;Custos com transporte terrestre até o aeroporto e chegada ao local do sepultamento;Tarifas aéreas, classificadas como carga especial.Empresas especializadas nesse segmento oferecem pacotes completos, que visam reduzir a burocracia para os familiares e garantir um processo seguro, respeitando as normas internacionais de saúde pública e segurança. É comum que o tempo total até a chegada do corpo no Brasil varie de três a dez dias, dependendo da agilidade administrativa e disponibilização de voos apropriados.A repatriação de restos mortais representa um momento delicado para as famílias, que precisam lidar simultaneamente com questões emocionais e administrativas. Nos casos como o da cantora Preta Gil, a visibilidade pública torna o processo ainda mais acompanhado e exige preparo das autoridades envolvidas para garantir que tudo seja feito com respeito e dignidade.O post Morte de Preta Gil no exterior: veja como é feito o translado do corpo ao Brasil apareceu primeiro em Terra Brasil Notícias.