O seguro de motocicletas é muito semelhante ao seguro de carros, dizem os especialistas do setor. Protege contra os mesmos riscos, como colisão, incêndio, furto, roubo e danos a terceiros, e pode contar também com assistências. Contudo, alguns pontos podem ser bastante diferentes, como os valores de cobertura, já que geralmente uma moto custa menos que um carro. “Inicialmente, as seguradoras ofereciam apenas coberturas para furto e roubo de motos. Hoje, há uma gama maior de opções, como cobertura para perda total, responsabilidade civil [que indeniza danos causados a terceiros] e assistência 24 horas, permitindo ao consumidor ajustar o seguro conforme suas necessidades e capacidade financeira”, aponta Beto Faitarone, membro da Comissão de Seguro Automóvel do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo), que também é motociclista.Também podem ser distintas as perguntas feitas ao futuro segurado no questionário de risco da seguradora – como utilização e quem vai conduzir, por exemplo. São informações utilizadas pelas seguradoras para precificar o seguro, ou seja, calcular quanto será cobrado do consumidor para proteger aquele veículo. Dependendo desses e outros fatores, o preço de um ou de outro pode variar bastante conforme o período. Quem tem moto sentiu mais Segundo dados de junho do IPSA + IPSM, índices desenvolvidos pela TEx, braço da Serasa Experian voltado ao mercado de seguros, no primeiro semestre de 2025 o seguro de moto ficou mais caro que o seguro de carro no país. Em junho, o IPSA – que acompanha os valores do seguro para carro – fechou o mês em 5,3%. Enquanto isso, o IPSM – que monitora o custo do seguro para motos – atingiu 9,9%, igualando o pico observado em dezembro do ano anterior.O IPSA e o IPSM são calculados com base no percentual que o seguro representa do valor do veículo. Por exemplo: se a taxa é de 4% e o veículo custa R$ 50 mil, quer dizer que o preço do seguro é de R$ 2 mil. A elaboração dos indicadores mensais leva em conta variáveis como gênero, estado civil, faixa etária do segurado e região da moradia, além de idade do veículo (até 10 anos).Leia também: Seguro de motos: o que é e como funcionam as coberturas?Contraste no fechamento do semestreDe janeiro a junho de 2025, os dados mostram comportamentos distintos entre os segmentos. O IPSA manteve uma trajetória estável, oscilando entre 5,2% e 5,4%, enquanto o IPSM inverteu a tendência de queda do início do ano, voltando a subir a partir de abril.Enquanto o seguro de automóvel segue em um momento de estabilidade e competitividade, o de moto volta a refletir um ambiente mais desafiador, com aumento no risco e impacto nos novos contratos.O seguro auto apresentou o menor índice para junho dos últimos cinco anos. O IPSA oscilou suavemente entre 5,2% e 5,7% nos últimos 13 meses. Essa estabilidade é atribuída à redução da sinistralidade (relação entre o valor que a seguradora paga em indenizações e o que ela recebe dos clientes) e ao aumento da concorrência entre seguradoras.Em contrapartida, o IPSM acumulou alta pelo terceiro mês consecutivo. Após iniciar o ano em queda, retomou a trajetória de crescimento em abril. Em junho, os seguros novos chegaram a 10,5%, frente a 7,9% nas renovações com a mesma corretora — diferença que destaca o peso da fidelização.A fidelização segue sendo um fator determinante para a moderação dos custos, aponta a TEx. Contratações novas, sobretudo no segmento de motos, apresentam variação significativa frente às renovações.Leia mais: CNseg: pagamento de indenizações tem alta anual de 15,5% no 1º quadrimestrePerfil, local e tipo de veículo moldam os preçosOs indicadores mostram ainda que as contratações novas seguem mais caras: no IPSA, os percentuais foram de 6,8% (novo), 4,6% (renovação com mesma corretora) e 3,9% (renovação com outra corretora). No IPSM, a diferença entre novo e renovação com a mesma corretora ultrapassa 2,6 p.p.Condutores de 18 a 25 anos pagaram 9,5% no seguro auto, contra 4,4% para maiores de 56 anos. No seguro de moto, a faixa de 18 a 25 anos chegou a 15,4%, mais que o dobro dos condutores acima de 56 anos (7,0%).A região metropolitana do Rio de Janeiro teve os maiores índices: 6,8% (auto) e 13,9% (moto), enquanto Fortaleza apresentou os menores: 3,6% e 8,4%. Em São Paulo, a Zona Leste liderou com 7,1% (auto) e 15,0% (moto).Leia mais: Venda de veículos usados dispara e puxa a demanda por seguros; veja detalhesCarros com 6 a 10 anos lideram o IPSA com 7,1%, superando os zero km (3,5%). Modelos entre R$ 31 mil e R$ 50 mil têm índice de 8,7%, contra 3,4% nos veículos acima de R$ 150 mil.Os dados reforçam como perfil, idade e localização moldam o comportamento do seguro. A faixa de 18 a 25 anos e regiões metropolitanas como São Paulo e Rio de Janeiro concentram os maiores índices.Os elétricos atingiram 4,3% em junho, à frente da gasolina (4,2%) e diesel (3,1%). Híbridos mantiveram-se como a categoria mais econômica, com 3,2%.O Chevrolet Onix segue como o carro mais cotado no país (5,3%), seguido por Hyundai HB20 (4,3%) e Jeep Renegade (3,6%). O Toyota Corolla Cross lidera entre os híbridos (30,6%) e o BYD Dolphin domina entre os elétricos (68,9%).The post Preço do seguro de moto acumula alta no ano, enquanto o de carro fica estável appeared first on InfoMoney.