No dia 24 de julho, é celebrado o Dia Mundial do BDSM. Embora o termo remeta ao sadomasoquismo, é preciso reforçar que a data escolhida tem um sentido para além do fetiche de viver sadismo ou masoquismo na cama. O BDSM pode ser encarado e vivido muito além do sexo, como um estilo de vida. Leia também Pouca vergonha Sexo sem apego: expert revela como não se apaixonar pelo “pau amigo” Pouca vergonha Mês do orgasmo: o clímax não deve ser mais uma pressão no sexo Pouca vergonha Fez transplante capilar? Saiba quando é seguro retomar a vida sexual BDSM é o acrônimo de Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo, práticas fetichistas que têm como principal preceito a hierarquia e a obediência.O artista, produtor cultural e expert no assunto, Heitor Werneck aponta que viver o BDSM vai muito além das imagens de algemas, látex ou chicotes. Para quem mergulha de verdade nesse universo, o sadomasoquismo é uma forma de se relacionar com o outro baseada em confiança, entrega e liberdade com responsabilidade.A escolha da data também não aconteceu de forma aleatória. Ela homenageia um estilo de vida vivenciado por muitos praticantes 24 horas por dia, 7 dias por semana, ou simplesmente, 24/7, e celebra a pluralidade dos desejos.4 imagensFechar modal.1 de 4No repertório sexual das pessoas mundo afora, existem os mais variados fetichesHoward Kingsnorth/Getty Images2 de 4Kink é o nome dado ao sexo que foge do que é considerado "normal" pela sociedadeDavid Sacks/Getty Images3 de 4Os fetiches podem variar dos mais leves aos mais extremosTurbo/Getty Images4 de 4Fetiches podem ser práticas sexuais normais, desde que praticadas com consentimento e segurança, sem causar sofrimento a ninguémNavee Sangvitoon/Getty Images“Vivemos em uma sociedade que quer controlar nossos corpos, nossos desejos e nossas identidades. O BDSM, quando vivido com ética, é uma resposta. É um grito de liberdade,” acrescenta.“Viver o BDSM 24 horas por dia não é estar em sessão o tempo todo. É viver dentro de um acordo emocional, físico e simbólico, onde as regras do prazer são claras para todos os envolvidos”, explica Heitor.Heitor é criador do Projeto Luxúria, que há 19 anos é voltado para o público fetichista. “Quando duas pessoas vivem o BDSM de forma integral, elas estão o tempo todo se escolhendo dentro de um pacto. É cuidado, é escuta, é erotismo, sim, mas também é um tipo de afeto muito sofisticado. É se responsabilizar pelo outro.”Chicotes e coleiras são comuns nos jogos de submissãoApesar disso, Heitor acrescenta que o 24/7 não quer dizer uma sessão eterna, mas um modo de viver com códigos combinados. “É um teatro da vida com roteiro assinado por quem vive. E não ditado por uma moral conservadora”, afirma.Cuidado e consciênciaO BDSM ético é estruturado sobre princípios claros: SSC (são, seguro e consensual) e RACK (risco assumido com consentimento). Heitor reforça que não há espaço para violência ou imposição.“Não existe prática válida se não houver conversa, palavra de segurança e cuidado antes, durante e depois. BDSM sem consentimento é abuso. E isso precisa estar muito claro”, completa Heitor.