Você já parou para pensar como a IA impacta a vida de estudantes universitários? Contar com a ajuda de chatbots para resolver questões e tirar dúvidas pode dar mais independência aos alunos. No entanto, toda vez que um estudante decide perguntar algo a um chatbot, em vez de a um professor, colega ou tutor, é uma oportunidade a menos de construir ou fortalecer um relacionamento. IA facilita o estudo, mas não substitui os laços humanos que impulsionam o sucesso acadêmico e profissional (Imagem: Peshkova/Shutterstock)Conexões são essenciais O ponto principal é que um chatbot pode responder à sua pergunta de maneira rápida e clara. Mas a interação humana não resolve apenas questões pontuais, ela permite que conexões mais importantes sejam formadas. Uma pessoa da sua faculdade pode se tornar uma amiga, parceira, sócia de negócios ou mentora. Ou pode oferecer apoio momentâneo, mas essencial, como uma oportunidade de emprego. No livro How College Works (em tradução livre: Como a faculdade funciona), os autores Daniel Chambliss e Christopher Takacs descobriram que: O segredo para uma experiência universitária bem-sucedida se resumia a relacionamentos – especificamente dois ou três amigos próximos.Estudantes com mentores e amigos próximos têm mais chances de se formar (Imagem: PeopleImages.com – Yuri A/Shutterstock)Daniel Chambliss é sociólogo aposentado do Hamilton College, e teme que os chatbots tornem fácil demais evitar interações que poderiam levar a relacionamentos importantes. Estamos enfrentando níveis epidêmicos de solidão nos Estados Unidos. É um problema realmente sério, do ponto de vista histórico. É muito incomum e profundamente prejudicial.Daniel ChamblissÀ medida que os estudantes recorrem cada vez mais à inteligência artificial para ajuda, e até para conversas casuais, Chambliss prevê que isso os tornará ainda mais isolados. Já que a universidade se tornará mais um espaço onde eles não terão um relacionamento pessoal.Um estudo recente do MIT Media Lab e da OpenAI descobriu que os usuários mais frequentes do ChatGPT, os chamados power user, tendem a ser mais solitários e isolados de interações humanas. Leia mais:Google: estudantes podem ter Gemini Pro de graça; saiba comoIA ainda não está pronta para cuidar da nossa saúde mental, diz estudoDo chatbot à integração: quando a IA responde e a automação resolve Como ajudar os estudantes Jean Rhodes, professora de psicologia na Universidade de Massachusetts Boston, estuda como os relacionamentos interpessoais que surgem no ambiente universitário beneficiam os estudantes a longo prazo. Ela também alerta para as limitações da IA, que muitas vezes oferece respostas genéricas e simples demais, além de não conseguir aprofundar as questões que envolvem uma pergunta. Nós entendemos o contexto mais amplo da vida dos estudantes. Eles são inteligentes, mas essas ferramentas não são sábias.Jean RhodesRhodes e sua ex-orientanda Sarah Schwartz criaram um programa chamado Connected Scholars (Estudantes conectados) para ajudar os alunos a entender por que é valioso conversar com professores e ter mentores. O programa ensina habilidades de networking e mostra como as redes de contatos beneficiam as pessoas ao longo da vida, aumentando seu capital social. O foco do programa é fazer com que os estudantes superem a resistência em pedir ajuda. Conversar com professores e colegas fortalece redes de apoio que a IA não pode oferecer (Imagem: Drazen Zigic/Shutterstock)Em entrevista para o The Markup, o, estudante do Long Beach City College, afirma que continuará indo ao horário de atendimento dos professores e ficando após as aulas para tirar dúvidas. Ela entende por que outros não fazem o mesmo. Os adolescentes de hoje, em sua percepção, não estão acostumados a conversar com adultos ou a construir relações de mentoria. Aos 24 anos, ela sabe por que isso importa. Um chatbot não vai te dar uma carta de recomendação. Yesenia PachecO post Inteligência artificial na faculdade: autonomia ou isolamento? apareceu primeiro em Olhar Digital.