A Organização das Nações Unidas criticaram uma nova ordem de retirada emitida pelo exército israelense em Gaza, afirmando que será um “golpe devastador” em uma situação já frágil.O exército israelense ordenou que civis deixassem grande parte de Deir al-Balah, no centro de Gaza, no domingo (20), a mais recente de uma série de ordens do tipo que enviaram centenas de milhares de pessoas para um território cada vez menor ao sul.A ONU afirmou que, pela primeira vez desde o início do conflito, iniciaria operações terrestres na área. As Forças de Defesa de Israel já evitaram operações terrestres em áreas onde acreditam que o Hamas esteja mantendo reféns. Israel ordena que palestinos no centro de Gaza se desloquem para o sul Palestinos se aglomeram pra conseguir sopa em Gaza enquanto fome piora Programa da ONU diz que Israel atacou palestinos que buscavam ajuda em Gaza O OCHA (Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU) afirmou nesta segunda-feira (21) que a ordem de deslocamento “desferiu mais um golpe devastador nas já frágeis linhas de vida que mantêm as pessoas vivas em toda a Faixa de Gaza”.O êxodo de pessoas continuou nesta segunda-feira, com um vídeo da CNN mostrando centenas de pessoas deixando a área a pé, com tanques israelenses visíveis ao fundo.O Escritório afirmou que a ordem cobria uma área de cerca de 5,6 quilômetros quadrados. Estima-se que entre 50 e 80 mil pessoas estivessem na área naquele momento, muitas das quais já estavam em locais de deslocamento, informou.A área recém-designada para retirada inclui vários armazéns humanitários, instalações médicas e instalações hídricas críticas, disse o OCHA, alertando que “qualquer dano a essa infraestrutura terá consequências fatais”.Com esta última ordem, “a área de Gaza sob ordens de deslocamento ou dentro de zonas militarizadas israelenses aumentou para 87,8%, deixando 2,1 milhões de civis espremidos em uma fragmentada região de 12% da Faixa, onde os serviços essenciais entraram em colapso”, acrescentou o OCHA.“Isso limitará a capacidade da ONU e de nossos parceiros de se movimentarem com segurança e eficácia em Gaza, dificultando o acesso humanitário quando ele for mais necessário.”A ordem israelense afirmou que os militares planejam expandir “suas atividades nesta área, operando em áreas onde nunca operaram antes”, segundo o porta-voz Avichay Adraee em uma publicação nas redes sociais.Moradores de Gaza fogem de Beit Hanoun após Israel ordenar saída • ReutersUma ONG que atua na área, a MAP (Assistência Médica para Palestinos), afirmou que a ordem coloca em risco locais vitais de assistência humanitária e de saúde primária e aceleraria “o desmantelamento sistemático do já dizimado sistema de saúde de Gaza”.A MAP afirmou que uma clínica que prestava cuidados intensivos a pessoas gravemente desnutridas estava entre as afetadas.Steve Cutts, CEO interino da MAP, afirmou que a medida corta “os últimos fios remanescentes do sistema de saúde e assistência de Gaza”.Um vídeo da CNN de domingo (20) mostrou centenas de pessoas saindo da área. Uma delas, Thurayya Abu Qunneis, disse que aviões lançaram panfletos ordenando que saíssem.“Saímos por medo de nossos filhos e de nós mesmos; já estamos fartos do que aconteceu”, exclamou Qunneis. “Estamos vivendo no limite; não conseguimos dormir, comer ou beber.”Outro homem, Mohammad al Najiri, disse à CNN: “Não há membros do Hamas, nem terroristas, nada. Por que eles querem que saíamos?”“Não comemos nada desde ontem”, acrescentou al Najiri. “Só queremos uma solução melhor do que esta vida.”Explosões são registradas no norte da Faixa de Gaza | AGORA CNN