O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, se manifestou na manhã desta quinta-feira (24) sobre o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o ministro, o ex-chefe do Executivo cometeu uma "irregularidade isolada" e, portanto, não cabe decretar prisão preventiva."Por se tratar de irregularidade isolada, sem notícias de outros descumprimentos até o momento, bem como das alegações da defesa de Jair Messias Bolsonaro da 'ausência de intenção de fazê-lo, tanto que vem observando rigorosamente as regras de recolhimento impostas', deixo de converter as medidas cautelares em prisão preventiva, advertindo ao réu, entretanto, que, se houver novo descumprimento, a conversão será imediata", escreveu Moraes.O ministro ainda destaca que, em sua decisão anterior, não proibiu o ex-presidente de conceder entrevistas a veículos de comunicação. O que ficou proibido foi o uso de redes sociais, de forma direta ou por meio de terceiros. Na última segunda-feira (21), Moraes determinou que os advogados de Bolsonaro prestassem esclarecimentos sobre descumprimento das medidas cautelares que proíbe o ex-presidente de usar redes sociais.Bolsonaro tinha ido à Câmara e deu declarações públicas e exibiu a tornozeleira eletrônica ao lado de aliados, que transmitiram o conteúdo do encontro em suas redes sociais. Os advogados do ex-chefe do Executivo alegaram que ele não tinha conhecimento da proibição de conceder entrevistas, pois a restrição, segundo a defesa, só ficou expressa em um despacho posterior do ministro, e prometeram que o ex-presidente seguirá sem se manifestar.Nesta quinta, o ministro se manifestou sobre as alegações da equipe jurídica de Bolsonaro e ressaltou que discursos em eventos públicos e privados também não foram vetados, mas ponderou que ele deve respeitar os horários estabelecidos nas medidas restritivas."A explicitação da medida cautelar imposta no dia 17/7 pela decisão do dia 21/7, deixou claro que não será admitida a utilização de subterfúgios para a manutenção da prática de atividades criminosas, com a instrumentalização de entrevistas ou discursos públicos como 'material pré fabricado' para posterior postagens nas redes sociais de terceiros previamente coordenados", acrescentou.Moraes também ressaltou que será considerado descumprimento das cautelares a replicação de conteúdo em redes sociais de entrevistas ou discursos públicos ou privados com discursos relacionados à determinação judicial. E que "não seria lógico e razoável permitir a utilização do mesmo "modus operandi"."Como diversas vezes salientei na Presidência do Tribunal Superior Eleitoral, a Justiça é cega, mas não é tola!!!!!", apontou."Será considerado burla à proibição [...] à replicação de conteúdo de entrevista ou de discursos públicos ou privados reiterando as mesmas afirmações caracterizadoras das infrações penais que ensejaram a imposição das medidas cautelares, para que, posteriormente, por meio de 'milícias digitais', ou mesmo apoiadores políticos, ou ainda, por outros investigados, em patente coordenação, ocorra a divulgação do conteúdo ilícito previamente elaborado especialmente para ampliar a desinformação nas redes sociais", argumentou. "Efetivamente, não há dúvidas de que houve descumprimento da medida cautelar imposta, uma vez que, as redes sociais do investigado Eduardo Nantes Bolsonaro foram utilizadas a favor de Jair Messias Bolsonaro dentro do ilícito modus operandi já descrito", afirmou Moraes."Entretanto, por se tratar de irregularidade isolada, sem notícias de outros descumprimentos até o momento", concluiu.Na última última sexta-feira (18), Bolsonaro foi obrigado a colocar tornozeleira eletrônica. Além do item, o ex-mandatário está proibido de deixar a comarca do Distrito Federal, deve ficar em recolhimento domiciliar entre as 19h e às 6h, e integralmente nos finais de semana.Ele também não pode acessar as redes sociais ou se comunicar com seu filho Eduardo ou embaixadores e diplomatas de outros países, nem com outros réus e investigados pelo STF.O ex-presidente e Eduardo são investigados por suspeita de atuação para prejudicar o processo que tramita no STF sobre tentativa de golpe. Uma das provas apresentadas pela Polícia Federal (PF) para pedir abertura de apuração foi a atuação de Eduardo nos Estados Unidos junto ao governo de Donald Trump.Na quarta-feira (23), O ex-presidente deixou sua casa no Jardim Botânico, em Brasília, e se dirigiu até a sede do Partido Liberal (PL) na capital federal. O deslocamento ocorre em um momento marcado pela expectativa de uma decisão do ministro.O líder da direita estava acompanhado do filho mais novo, o vereador de Balneário Camboriú (SC) Jair Renan Bolsonaro (PL). Ao chegar no prédio onde fica a sede do PL, foi abordado por jornalistas, mas limitou-se a responder: "Vocês sabem que eu não posso falar".