Mark Zuckerberg teria ignorado denúncias de ex-executivo (ilustração: Vitor Pádua/Tecnoblog) Resumo O ex-chefe de segurança do WhatsApp, Attaullah Baig, processou a Meta sob a alegação de ignorar falhas que expõem dados de usuários.Segundo Baig, 1.500 funcionários tinham acesso irrestrito a informações sensíveis, enquanto a Meta rejeitava propostas de reforço na segurança.O processo cita violações de um acordo de privacidade firmado em 2019; a empresa nega as acusações.Attaullah Baig, ex-chefe de segurança do WhatsApp, entrou com uma ação judicial nessa segunda-feira (08/09) contra a Meta no tribunal federal da Califórnia. Ele acusa a big tech de ignorar graves falhas de segurança e privacidade no aplicativo. Isso teria colocado em risco os dados de bilhões de usuários ao redor do mundo.No processo, Baig afirma que milhares de funcionários tinham acesso irrestrito a dados sensíveis dos usuários, como fotos de perfil e listas de contatos. Além disso, afirma que a empresa rejeitou suas propostas para corrigir os problemas. Em contrapartida, a Meta afirma que as alegações que demitiu Baig por mau desempenho.A Meta adquiriu o WhatsApp em 2014 por US$ 19 bilhões (cerca de R$ 45 bilhões, na cotação do período). A compra foi cercada pela promessa de manter a forte reputação de privacidade do app, baseada principalmente na criptografia de ponta a ponta. O novo processo se soma a uma série de denúncias de ex-funcionários contra a empresa de Mark Zuckerberg nos últimos anos.O que diz o processo?Attaullah Baig move processo contra a Meta (imagem: reprodução/Christopher Lee/The New York Times)Baig ingressou no WhatsApp em janeiro de 2021. Segundo o processo, detalhado pelo New York Times, logo após a chegada, ele realizou um exercício de segurança interna. No teste, os funcionários simulavam invasões para encontrar vulnerabilidades. O resultado teria indicado que cerca de 1.500 empregados do WhatsApp tinham acesso irrestrito a dados sensíveis dos usuários. Entre eles, fotos de perfil, localização, participação em grupos e listas de contatos.Com isso, o ex-executivo afirma ter tentado várias vezes alertar seus superiores, incluindo o CEO Mark Zuckerberg, sobre as falhas. No processo, ele detalha que a Meta se recusou a implementar correções de segurança propostas pela própria equipe. Entre as sugestões rejeitadas estava um recurso que exigia aprovação adicional para recuperação de contas e uma função para impedir o download de fotos de perfil de outros usuários. O ex-diretor alega ainda que a empresa falhou em endereçar adequadamente o hacking de mais de 100 mil contas de usuários por dia. “Existem tantos danos que os usuários enfrentam”, disse Baig em entrevista. “Trata-se de responsabilizar a Meta e colocar os interesses dos usuários em primeiro lugar.”Meta nega acusaçõesEm comunicado, Carl Woog, porta-voz do WhatsApp, rebateu as denúncias, afirmando que é “um roteiro familiar em que um ex-funcionário é demitido por mau desempenho”. Disse ainda que as alegações são “distorcidas” e “deturpam o trabalho árduo e contínuo de nossa equipe”.Baig, por sua vez, alega que sua demissão, ocorrida em fevereiro, foi uma retaliação direta por suas denúncias. Segundo a ação, após documentar uma lista de “problemas críticos de cibersegurança” em outubro de 2022 e informar Zuckerberg que havia entrado com uma queixa na S.E.C. (a comissão de valores mobiliários dos EUA), as avaliações de desempenho dele se tornaram mais negativas, culminando em sua demissão.Histórico de denúnciasMeta acumula denúncias por vazamentos de dados (ilustração: Vitor Pádua/Tecnoblog)O processo argumenta que as falhas de segurança violam um acordo que a própria empresa firmou com a Comissão Federal de Comércio (FTC) em 2019, após o escândalo da Cambridge Analytica. Na época, a companhia pagou uma multa de US$ 5 bilhões e se comprometeu a fortalecer suas políticas de privacidade.Na ocasião, Mark Zuckerberg afirmou que a privacidade era “mais central do que nunca” para a visão da empresa. O caso de Baig se junta ao de outros delatores, como Frances Haugen, que em 2021 vazou documentos internos e testemunhou no Congresso americano sobre como a empresa supostamente priorizava o lucro em detrimento da segurança do usuário.Nessa segunda-feira, a Whistleblower Aid também revelou que seis funcionários e ex-funcionários da Meta denunciaram ao Congresso que a empresa expõe crianças a riscos em seus produtos de realidade virtual. As acusações incluem assédio e aliciamento sexual na plataforma de VR da companhia.Ex-chefe do WhatsApp acusa Meta de expor dados de usuários