A decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de suspender a moratória da soja abriu uma crise que ultrapassa fronteiras. O acordo, em vigor desde 2008, proibia a compra de soja produzida em áreas desmatadas da Amazônia. Durante quase duas décadas, foi apontado como um dos instrumentos mais eficazes para frear a destruição da floresta e garantir acesso ao mercado europeu. Agora, redes de supermercados da Europa reagiram com firmeza. Em carta enviada às grandes exportadoras de soja, como ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus e Cofco, pediram que mantenham a prática de bloquear grãos oriundos de áreas desmatadas, mesmo sem a moratória. O recado é direto: sem rastreabilidade e compromisso ambiental, não há espaço nas prateleiras internacionais. O risco do fim da moratória vai muito além da questão ambiental. Significa perda de competitividade para o agronegócio brasileiro, abalo à credibilidade internacional e entrave para negociações comerciais — inclusive no momento em que o Brasil tenta se firmar como líder climático rumo à COP30, em Belém. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp O episódio mostra que desmatar custa caro. O setor que insiste em enfraquecer compromissos ambientais expõe o país a barreiras comerciais cada vez mais rígidas, como o novo regulamento europeu contra produtos associados ao desmatamento. Proteger a Amazônia, portanto, não é apenas dever ambiental. É uma decisão estratégica para a economia, a diplomacia e o futuro do Brasil no cenário global. Leia também Hotel que multiplicou preço em 80 vezes na COP30 não fechou reservas