Como os fundos multimercados estão se posicionando no atual contexto?

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Fundos multimercados. Foto: iStockOs fundos multimercados brasileiros vêm reforçando a diversificação internacional como estratégia central diante das mudanças no cenário macroeconômico global. Esse movimento tem garantido maior agilidade às casas de gestão, principalmente em um ambiente marcado por incertezas externas e pelo impacto da política monetária dos Estados Unidos sobre os mercados emergentes.Paula Moreno, sócia e co-CIO da Armor Capital, esse posicionamento dos fundos multimercados foi crucial em 2025, especialmente com a desvalorização do dólar, que acabou favorecendo o real. “A melhora na percepção de risco em relação à economia doméstica e a expectativa de cortes de juros nos EUA têm aberto espaço para alocação em NTN-Bs intermediárias e longas, além de maior apetite por renda variável, principalmente small caps no Brasil”, explicou.Segundo Moreno, a mudança de expectativa sobre o Federal Reserve (Fed) — que agora deve encerrar 2025 com o Fed Fund a 3% e cortes de 75 pontos-base no ano — antecipou a possibilidade de flexibilização monetária também no Brasil. “Já trabalhamos com queda de 25 pontos na Selic em dezembro”, afirmou. Esse cenário tem favorecido ativos de risco e sustentado maior exposição a setores sensíveis ao ciclo doméstico.A executiva pondera, no entanto, que um cenário alternativo de inflação mais persistente nos EUA poderia limitar os cortes de juros. Nesse contexto, moedas emergentes como o real e o peso mexicano tenderiam a se desvalorizar diante do dólar. Ainda assim, Moreno vê eventuais correções em bolsas como oportunidades de entrada em ativos americanos.No Brasil, ela avalia que a Bolsa teria espaço para ajustes de curto prazo, mas que, no longo, a renda variável segue atrativa diante da perspectiva de cortes mais consistentes da Selic. “É preciso calibrar exposição, mas o ambiente ainda é positivo para ativos de risco”, concluiu.Fundos multimercados calibram estratégias As cartas mensais divulgadas por Fator e AZ Quest mostram como os gestores têm calibrado suas estratégias diante de um cenário de enfraquecimento do dólar, expectativa de cortes no Federal Reserve e sinais de flexibilização da Selic no Brasil.O pano de fundo favoreceu tanto posições aplicadas em juros quanto alocações em renda variável, em especial em setores domésticos sensíveis ao ciclo de juros. Na carta de agosto, a Fator destacou o avanço da alocação em crédito privado, que hoje representa cerca de 30% do portfólio e pode chegar a 40%. A gestora também reforçou as posições aplicadas em juros reais, vistas como a classe mais assimétrica do momento, além de manter exposição comprada em Bolsa.O Fator Macro FIC FIM registrou retorno de 3,03% no mês, equivalente a 260% do CDI. Em 12 meses, o fundo acumula ganho de 110% do CDI, com destaque para operações de arbitragem e estratégias de Long & Short entre ações ordinárias e preferenciais da mesma companhia.Já a AZ Quest relatou desempenho positivo em todas as frentes, liderado pelo livro de juros locais e pela Bolsa brasileira. A gestora manteve posição estrutural comprada no Ibovespa, reforçada por alocações táticas em setores como varejo e bancos. O ETF EWZ também contribuiu para diversificação e ganhos em dólar.No cenário internacional, a casa destacou a performance das posições aplicadas na curva americana e em Treasuries de vencimento mais longo, além de operações táticas em índices como o S&P 500 e a Bolsa chinesa. O livro de moedas também trouxe resultado positivo, com apostas compradas em dólar australiano e libra esterlina.O AZ Quest Multi encerrou agosto com valorização de 1,47% (126% do CDI), enquanto o AZ Quest Multi Max avançou 1,88% (161% do CDI).