A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma, às 14h desta quinta-feira (11/9), o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos outros sete réus pelo envolvimento na suposta trama golpista para impedir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de assumir o poder. O voto de Cármen Lúcia iniciará a sessão e pode ser decisivo. O placar geral do julgamento está em 2 a 1 pela condenaçãoEnquanto Fux vetou intervenções em seu voto, espera-se que os demais ministros aproveitem o voto de Cármen para fazer ponderações sobre a posição divergente do colega.Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram a favor da condenação de todos os acusados, enquanto Luiz Fux divergiu e absolveu a maior parte dos réus, inclusive Bolsonaro. Nesta quinta-feira, votam Cármen Lúcia e, em seguida, o presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin. Leia também Brasil Após divergências de Fux, Cármen Lúcia e Zanin são os próximos a votar Brasil Bolsonaro acena do jardim de casa após absolvição de Fux no STF; vídeo Mario Sabino Fux absolveu Bolsonaro, condenou o STF e já paga um preço por isso Brasil Primeira Turma do STF decide nesta 5ª se condena ou absolve Bolsonaro Na sessão dessa quarta (10/9), durante o voto de Fux, que levou mais de 12 horas, Cármen Lúcia fez diversas anotações, em papel e no computador. Em certos momentos, ela conversou com Moraes, sentado à direita dela.A expectativa é de que a magistrada se alinhe a Moraes e Dino e forme maioria simples pela condenação de Bolsonaro e demais réus.Em março de 2025, ao votar para tornar os acusados réus, Cármen considerou que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) tinha provas de que houve tentativa de golpe de Estado.10 imagensFechar modal.1 de 10Ministra Cármen Lúcia STF2 de 10Victor Piemonte/STF3 de 10HUGO BARRETO/METRÓPOLES@hugobarretophoto4 de 10STF: Primeira TurmaHUGO BARRETO/METRÓPOLES@hugobarretophoto5 de 10Ministra Cârmen Lúcia, do STFHUGO BARRETO/METRÓPOLES@hugobarretophoto6 de 10HUGO BARRETO/METRÓPOLES@hugobarretophoto7 de 10Paulo Gonet, procurador-geral da RepúblicaHUGO BARRETO/METRÓPOLES@hugobarretophoto8 de 10Ministro Alexandre de Moraes, do STFHUGO BARRETO/METRÓPOLES@hugobarretophoto9 de 10Ministro Flávio Dino, do STFHUGO BARRETO/METRÓPOLES@hugobarretophoto10 de 10BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto“Os tipos de materialidade estão presentes. O que tem como indício comprova que há conhecimento e participação. Se era criminosa ou para ser partícipe do golpe, é outra história. Temos de instruir, ver as provas”, afirmou à época.Mesmo em caso de maioria formada pela condenação, o julgamento não se encerra nesta quinta. A fase de dosimetria, que define as penas de cada réu, deve ocorrer apenas na sessão desta sexta-feira (12/9).Voto de FuxO ministro Luiz Fux defendeu a absolvição de Jair Bolsonaro, do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, do deputado Alexandre Ramagem, dos generais Paulo Sérgio Nogueira e Augusto Heleno, e do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.O ministro votou pela condenação apenas do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e do general Walter Braga Netto, ambos pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Segundo ele, a Procuradoria-Geral da República (PGR) conseguiu comprovar a adesão deles a planos de natureza criminosa e violenta.Os crimesTodos os oito acusados respondem por atuar contra a ordem democrática. Sete deles foram investigados por cinco crimes:Organização criminosa armadaTentativa de abolição violenta do Estado Democrático de DireitoGolpe de EstadoDano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União (exceto Ramagem)Deterioração de patrimônio tombado (exceto Ramagem)O deputado Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin, responde a três acusações, somente, pois teve duas imputações suspensas pela Câmara dos Deputados, por estarem relacionadas a fatos posteriores à diplomação dele como parlamentar.Quem são os réus do núcleo crucialJair Bolsonaro: apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como líder do grupo, teria comandado o plano para se manter no poder após ser derrotado nas eleições.Alexandre Ramagem: acusado de disseminar informações falsas sobre fraude eleitoral.Almir Garnier Santos: ex-comandante da Marinha, teria colocado tropas à disposição da trama em reunião com militares.Anderson Torres: ex-ministro da Justiça, guardava em casa uma minuta de decreto para anular as eleições.Augusto Heleno: ex-ministro do GSI, participou de transmissão ao vivo questionando urnas eletrônicas.Mauro Cid: delator do caso e ex-ajudante de Bolsonaro, participou de reuniões e trocas de mensagens sobre o golpe.Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa, teria apresentado a comandantes militares um decreto de intervenção redigido por Bolsonaro.Walter Braga Netto: único preso, acusado de financiar acampamentos golpistas e de planejar atentado contra Alexandre de Moraes.AcusaçãoO procurador-geral da República, Paulo Gonet, defende a condenação de todos os oito réus. Já as defesas dizem que os clientes são inocentes. O PGR ponderou que “tem-se, até esta altura provada, na cadeia de fatos, a consumação da ruptura democrática”.“Está visto que, em vários momentos, houve a conclamação pública do então presidente da República para que não se utilizassem as urnas eletrônicas previstas na legislação, sob a ameaça de que as eleições não viessem a acontecer, bem como atos de resistência ativa contra os seus resultados”, acrescentou.Gonet afirmou ainda que Bolsonaro e aliados não conseguiram lidar com o inconformismo em perder as eleições e, por isso, tramaram para que houvesse um golpe no Brasil.“Os golpes podem vir de fora da estrutura existente de poder, como podem ser engendrados pela perversão dela própria. O nosso passado e o de tantas outras nações oferecem ilustrações dessa última espécie: o inconformismo com o término regular do período previsto de mando costuma ser fator deflagrador de crise para a normalidade democrática provocada pelos seus inimigos violentos”, salientou o procurador-geral.