O ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, assassinado nesta segunda-feira (15/9), em Praia Grande, no litoral paulista, já havia escapado de uma série de supostas tentativas de assalto nas últimas duas décadas. Considerado um dos principais inimigos do Primeiro Comando da Capital (PCC), Fontes foi fuzilado no início da noite, após colidir com um ônibus durante a tentativa de escapar de um grupo de criminosos armados.Em 2012, Fontes pilotava uma moto Ducati, com uma investigadora na garupa, quando foi abordado por dois homens na altura do km 14 da Rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo, ABC, Grande São Paulo. Então delegado do 92º Distrito Policial (Parque Santo Antônio), ele reagiu e baleou os dois ladrões, um deles menor de idade, que faleceu. A mulher que estava na garupa de Fontes foi baleada no pescoço e sobreviveu. Leia também São Paulo SSP se pronuncia sobre execução de ex-delegado-geral da Polícia Civil São Paulo Carro usado em execução de delegado no litoral é encontrado em chamas São Paulo Imagens fortes: veja perseguição e ataque a tiros contra delegado assassinado São Paulo SSP trata morte de delegado como “vingança do PCC” e manda 100 PMs ao litoral Em agosto de 2020, no Ipiranga, na zona sul de São Paulo, Fontes também conseguiu escapar de um roubo e balear ao menos um dos assaltantes. A dupla em uma moto perseguiu o delegado, que estava em um Audi. Fontes atingiu um dos assaltantes nas proximidades da Avenida Tereza Cristina, perto do Museu da Independência.Dois anos depois, quando era diretor do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), Fontes sofreu uma tentativa de assalto nas proximidades da Avenida do Estado, em maio de 2022, novamente na região do Ipiranga. Mais uma vez, ele contou que baleou um dos criminosos. Os bandidos conseguiram fugir em uma moto.Em Praia Grande, Fontes foi vítima de um assalto na região do Canto do Forte, quando retornava de um restaurante para casa. Um dos ladrões chegou a apontar a arma para o ex-delegado. Os criminosos levaram celulares, joias, cartões e a moto do ex-policial.Além das habilidades para conduzir inquéritos e investigações complexas, como aquelas que identificaram a cúpula do PCC no início dos anos 2000, o ex-delegado sempre foi considerado pelos seus pares como um policial civil de grande capacidade operacional.A execução do delegadoCâmeras de segurança registraram o momento em que a vítima está fugindo dos criminosos em uma perseguição quando bate em um ônibus e capota. Os atiradores estão em um SUV (Sport Utility Vehicle, ou Veículo Utilitário Esportivo, em português) Toyota Hilux SW4 preto, descem do veículo e disparam contra o delegado.Assista:Carro incendiadoO carro usado pelos criminosos que executaram o ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista, Ruy Ferraz Fontes, foi encontrado incendiado pelas autoridades na noite desta segunda-feira (15/9), pouco tempo depois da confirmação do assassinato do agente.As autoridades também investigam a possível utilização de outro veículo no assassinato do ex-delegado.Quem era o ex-delegado Ruy FerrazO ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, morto por criminosos suspeitos de integrar PCC, em Praia Grande, atuou por 40 anos na Polícia Civil e era especialista na facção paulista. Ele foi jurado de morte por Marco William Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo da facção, em 2019, após o criminoso ser transferido para o sistema penitenciário federal.Ferraz possuía especialização em Administração Geral e Financeira em Órgãos Públicos e participou de cursos complementrares como o Curso Anti-Drogas e Anti-Terrorismo, realizado pelo Ministério do Interior e da Segurança Pública da Polícia Nacional da França, além de curso de Aperfeiçoamento sobre Repressão às Drogas, em Vancouver, pela Polícia Montada do Canadá, conforme informou a Prefeitura de Praia Grande.5 imagensFechar modal.1 de 5Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São PauloDivulgação/Alesp2 de 5Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São PauloDivulgação/Prefeitura de Praia Grande3 de 5Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São PauloDivulgação/Alesp4 de 5Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São PauloReprodução/Prefeitura de Praia Grande5 de 5Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São PauloDivulgação/Polícia CivilEle iniciou a carreira como delegado de Polícia Titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí, do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) 7.Durante a vida profissional, foi delegado de Polícia Assistente da Equipe da Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), delegado de Polícia Titular da 1ª Delegacia de Polícia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), delegado de Polícia Titular da 5ª Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Furtos e Roubos a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e comandou outras delegacias e divisões na Capital.Ferraz também esteve à frente da Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo e foi Diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DECAP), e foi professor Assistente de Criminologia e Direito Processual Penal da Universidade Anhanguera e atua também como Professor de Investigação Policial pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo.Ruy assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023, permanecendo na gestão que se iniciou em 2025, até ser morto nesta segunda-feira.